(foto da peça A CASA DE RAMALLAH de Antonio Tarantino a 10 de Setembro na Politécnica)
5 factos que aconteceram
1. Ao nascer – mulher em Portugal e em Maio de 1974. Embora ainda haja desigualdades entre homens e mulheres em Portugal, a minha vida não seria a mesma se tivesse nascido mulher na Índia ou no Dubai ou em países onde se pratica mutilação genital feminina ou afins; em Maio de 1974, pois nasci com liberdade de expressão e de escolha, tendo sido a liberdade o motor da minha educação, com a consciência que com ela vem uma enorme responsabilidade.
2. Aos 3 anos – A Branca de Neve e os Sete Anões num cinema em Cascais (que agora é uma Igreja – triste sina a dos cinemas em Portugal). Quando a Bruxa apareceu, virei-me para o espectador da fila de trás (uma senhora) e só me voltei para o filme quando a minha mãe disse que a Bruxa tinha ido embora. Este filme marca o início de ‘uma bela amizade’ com o cinema, grande paixão herdada do meu pai. E com este episódio já se adivinhava a minha capacidade de total credulidade em relação ao que se passa no grande ecrã e que me tem provocado gritos, lágrimas, sorrisos, gargalhadas.
3. Aos 18 anos – carta de condução e o primeiro carro. Aos 18 anos tirei a carta e o meu pai deu-me um carro velhinho (deu-me, porque ao segundo dia de carta parti o carro dele!). Este carro acompanhou-me durante muitos anos e em muitas viagens. Foi com ele que aprendi verdadeiramente a conduzir. A carta e este carro são sinónimo de liberdade e da possibilidade de partir para onde a estrada e a vontade me levassem.
4. Europeus e Mundiais – sou fanática (no bom sentido) por Europeus e Mundiais de Futebol e a selecção Portuguesa tem-me acompanhado com alegrias e tristezas. 3 momentos marcantes: Euro 2000 – Portugal-Inglaterra - depois de estar a perder por 0-2 aos 18 minutos, Portugal conseguiu dar a volta e ganhar 3-2. Um momento de puro delírio quando já não se acreditava; Ainda Euro 2000 – penalti devido a mão de Abel Xavier. Eu que não sou religiosa ajoelhem-me no chão da sala e pedi a uma entidade superior que o guarda-redes defendesse. Mas foi golo para a França e perdemos; E, claro, Euro 2004, em Portugal, em casa, selecção que nos levou até à final... para os (só me saem nomes que não se podem publicar) gregos levarem a taça no fim! Mas que ficou para a história com a defesa de uma grande penalidade sem luvas pelo Ricardo.
5. Amor - quando ele me deu um livro do Jorge de Sousa Braga e marcou o poema:
“Por uma árvore
que dê primeiro frutos
depois flores
depois folhas
e só depois
muito depois
crie raízes”
E anos mais tarde nasceu a Olívia.
5 factos a acontecer
1. Ter orçamento para ter alguém a ajudar com a limpeza da casa – e finalmente conseguir ter uma casa limpa e arrumada.
2. Ganhar o meu salário actual para o resto da vida sem ter que trabalhar – e dar-me ao luxo de poder fazer o que me apetecer e quando me apetecer.
3. Trabalhar menos – ter tempo para os livros, os filmes, as séries, as músicas em atraso e para estar mais com os amigos e família.
4. O orçamento para a Cutura ser consideravelmente superior ao do estacionário do Estado (realidade actual) – viver num país em que a Cultura é considerada um bem essencial para uma sociedade evoluída.
5. E os clichés (mas era tão bom!): Paz no mundo. Erradicar a fome. Curar doenças que nos levam os nossos queridos como cancro, Sida, Alzheimer...
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