A Notícias Magazine deu o mote: «No verão, os corpos
aquecem. E toda a gente sabe que não só por causa do sol. Na estação do calor,
o sexo e o desejo estão em época alta. Porquê?» E, vai daí, foram perguntar a
quem sabe - sendo eu, como é do conhecimento geral, cada vez mais um
conselheiro sexual, uma referência para a sociedade portuguesa, para os palops,
para o mundo. Eis as minhas sapientes respostas:
O verão leva homens e mulheres a ficarem mais quentes
(sexualmente falando, claro)?
Sim, mas um bom filme também, uma boa conversa, um bom
convite, umas pernas com movimentos pouco ortodoxos debaixo da mesa, enfim, há
uma serie de coisas que levam a que homens e mulheres do mundo fiquem mais
quentes. O fogo é uma coisa que faz isso em qualquer em qualquer estação do
ano. A inquisição usava-o muito, infelizmente muita das vezes de uma forma
exagerada.
E porque é que isso acontece?
Porque está calor e os corpos ficam mais descobertos. É
apenas isso, porque se no inverno andássemos todos de roupa interior como se vê
na praia, é óbvio que seria igualzinha. Já dizia a minha avozinha e com razão “
coração que não vê, coração que não sente”. E com o desejo, também é assim. O
órgão principal é que muda. Justamente umas boas artérias abaixo.
A ti acontece-te?
Sim, é estranho, mas acontece-me a mim também. Ainda hoje
foi ao hospital dos anjos por causa disso. Disseram-me que era do verão e vim
para casa.
É do sol e da luz, que nos põe mais bem dispostos?
A mim, basta uma saia curtinha. Mas o sol e a luz podem ajudar
sim.
É de andarmos mais despidos?
Também. Mas se me aparecesse no verão, a Charlize Theron
com um garrote e umas botas da tropa e uma meias daquelas grossas que se usam
na serra nevada eu nem vos digo o que faria. Mas tirava-lhe as meias, seguramente.
É de estarmos de férias e logo menos stressados?
As mim as férias stressam-me sempre. Para mim é igual,
com ou sem férias, com stress ou sem stress. Sou uma pessoa coerente durante o
ano inteiro. Agora no verão a programação na televisão é piorzinha, bebem-se
mais uns copos, há sempre remodelações ministeriais e as pessoas celebram este
tipo de coisas, se é que me faço entender.
E o calor não pode ser um «entrave»?
Sim, e quando assim é, chama-se os bombeiros. Uma vez
tive a corporação de bombeiros de Sintra em minha casa enquanto eu e a minha
mulher fazíamos amor, porque estava justamente um calor insuportável e de vez
em quando iam mandando água. Quero aqui aproveitar para lhes enviar um abraço e
que nunca esquecerei as palavras de força e as palmas que me dirigiram.
Um amor de verão é necessariamente passageiro?
Pode ser, se andarmos muito de transportes públicos. Mas podemos
apaixonar-nos por quem nem sequer os use. Um amor de verão não fica a dever
nada a um de inverno. Olha-se para o verão como se fosse a cigarra e o inverno
a formiga. Eu recuso-me a aceitar esta ideia, o inverno pode ser bem mandrião e
irresponsável.
Algum amor de verão (teu ou alheio) que valha a pena
contar?
Tive uma paixão por uma miúda espanhola quando tinha 12
anos. Chamava-se Maria, foi com ela que aprendi a dizer “no me quites” e “ te
echo de menos”.
«Que se lixe as cinquenta sombras de grey, só o Alvim me
deixa molhadinha». Queres comentar?
Nenhuma mulher no seu perfeito juízo diria isso. Até
porque é perfeitamente possível a uma mulher estar a fazer amor comigo e a ler
ao mesmo tempo. Ainda outro dia, enquanto ali estávamos, dei por mim a ler
também e ia chegando ao fim do terceiro capítulo.
Livros para o verão, mais vale sexys?
Coisas doces sem açúcar do Manuel Luís Goucha. Ou então:
O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir.
No É a vida Alvim, fala-se de sexo todo o ano, ou
especialmente no verão?
Mais do que falar, faz-se sexo durante todo o ano. O sexo
para ser bem falado, tem que ser feito. E quando mais se fala, menos se faz. É
uma verdade transversal e que aprendi com a vida.
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