Friday, July 26, 2013

Inquéritos de férias do jornal Metro

E vamos para o último, antes de irmos nós de férias, com regresso agendado para Setembro. O convidado desta semana é o humorista João Cunha.

Umas férias 
As minhas férias em Armação-de-Pêra. Eu prefiro sempre passar férias em Armação-de-Pêra porque é uma forma do povo, e meu público me poder ver. No fundo é uma forma de motivá-los, mesmo em férias, a trabalharem todos os dias para alcançar aquilo que para muitos é uma miragem. É como se as pessoas estivessem a olhar o mar no horizonte e pensassem ver uma onda gigante.

Uma ideia
Uma das ideias que tenho para mudar Portugal tem exactamente que ver com ideias. Eu se fosse presidente da EDP, mandava deitar abaixo todas as barragens e criava empresas daquelas incubadoras de ideias. Como toda a gente sabe que as ideias são luminosas, usava essa luminosidade nas cidades, vilas, aldeias e até em serras.
Provavelmente é necessário fazer um estudo prévio.

Uma asneira
Não é habitual fazer asneiras. Lembro-me de há uns anos ter comprado um Fiat Punto em 2ª mão e não reparei que só tinha rádio de cassete. Acabei por gastar quase 300€ em cassetes e precisei de 4 dias para gravar todos os cds que tinha para cassete. Obviamente que não fotocopiei as capas, preferi escrever os títulos e durações das músicas à mão. Segundo os meus amigos, tenho uma letra bonita. Eu não acho!

Uma paixão
Uma das mais intensas paixões que tive, foi no Verão de 1993. Na altura, ia algumas vezes para a Praia do Paraíso, na Costa da Caparica. Apanhava-se a camioneta no Campo Pequeno e era quase uma hora de viagem, ali no meio das massas! A praia do Paraíso, onde há o famoso Barbas, tinha uma nadadora salvadora que era linda! Nunca soube o nome dela mas passei muitas horas a admirar-lhe os ombros largos, os gémeos de ciclista e ao contrário do que poderia ser considerado normal para quem vive tanto tempo na água, não tinha membranas interdigitais. A graciosidade com que levava, sozinha, aquelas gaivotas a pedais da areia para a água era poesia. Aquela arrastar da fibra de vidro sem contemplações e ignorando o atrito e dando à gaivota a pedais o destino para que foi pensada, tinha a beleza do nascimento de uma borboleta.

Uma das vantagens de poder possibilitar a uma nadadora salvadora ter uma relação comigo tem que ver com os beijos na boca. Da mesma maneira que ter uma relação com uma contabilista é o garante que vamos entregar sempre o IRS certinho, com uma nadadora salvadora, temos bons beijos na boca garantidos.
Podia obviamente tê-la abordado e deixá-la conhecer-me, mas decidi não interferir no seu horário de trabalho e pensei em dar-lhe uma hipótese de brilhar. 

Um belo dia quando estava na água sozinho, comecei a fingir que me estava a afogar. A fingir!!! Eu nado 4 estilos. Estive uns 20 minutos a vir abaixo e acima, mas como estava na hora de almoço dos banheiros, acabei por ser ajudado por um senhor de Sta. Maria da Feira que estava de férias.
Todo acabou bem, porque 2 dias depois fui picado pelo Peixe Aranha. O nome dela é Dulce e nesse ano tinha sido campeã nacional de futebol pelo Fofo, Clube de Futebol Benfica.

Uma curiosidade
Uma vez estava eu e um amigo meu que é deficiente, na praia do Magoito. Entretanto chegou um grupo de 5 raparigas que ignorou a bandeira vermelha e foi ao banho. Perguntei-lhes porque é que tinham desobedecido à ordem da bandeira vermelha, que nos impede de nadar e tomar banho. Disseram-me que estavam com o período!

Uma pergunta
Gostava de saber como funciona a situação das marés. Um amigo meu disse-me que há chineses que só fazem isso. Tiram a água com baldes durante 8 horas e depois voltam a colocar. Custa-me a crer que seja assim porque no dia de Natal ninguém trabalha e há marés na mesma.

Uma resposta
No final do ano passado, o mundo achava que eu já tinha dado tudo o que havia para dar. Havia pessoas a perguntar nas redes sociais “Até onde pode ir a dimensão do talento de um ser humano?”. Toda a gente achava que a única forma de eu continuar, era criar a 1ª universidade de comédia do mundo.
A resposta que eu dei aos meus Fãs foi o documentário sobre a minha vida, O Humorista na SIC Radical. E que resposta!

Uma lição
Eu posso partilhar algum do saber de como fazer rir. Posso dizer aos meus Fãs, e aos outros, que uma das coisas fundamentais é vocês terem uma referência. Mais importante do que estarem preocupados em criar piadas novas ou a traduzir coisas estrangeiras, o fundamental é terem uma referência do humor nacional e usarem as piadas dessa pessoa, dizendo sempre quem é, claro! A escolha da vossa referência é fundamental. É importante que seja alguém sobre quem já há um documentário e que vocês adorem.

Uma aventura
Uma vez nas férias em Armação-de-Pêra, tinha almoçado há pouco mais de 1 hora e fui ao banho. Corajoso? Não, aventureiro! Neste caso, porque há muitos casos em que sou corajoso.

Um segredo
Já não tenho dentes do ciso.

Uma invenção
Nas praias onde não há ondas podia-se pôr um ou dois petroleiros ao largo e pedir às pessoas que estão dentro dos petroleiros para darem saltos. A energia gerada pelos saltos das pessoas originam que o petroleiro comece a andar para cima e para baixo e com isso gera várias ondas gigantes, que podiam ser usadas para diversão de surfistas, body-boarders e de outros praticantes de desportos radicais de mar.
Esta é até um ideia facilmente exportável porque os petroleiros podem-se deslocar pelos mares. Por outro lado era também uma forma de incentivar os jovens a estudarem Física.

Um desabafo
As pessoas que se sentem mal amadas deviam comer percebes. Aí ficam com a certeza que sabe amar!
Amar de amor e saber a mar. Foi um pequeno apontamento humorístico, mesmo não tendo recebido cachet para preencher este inquérito.

Um problema
Um dos maiores problemas nas praias, são as pessoas que vão almoçar a casa e deixam o chapéu a marcar lugar. Qualquer dia temos praias sem pessoas e só com chapéus de sol! É isso que as pessoas querem? É esse o ensinamento que as pessoas querem passar às próximas gerações? Queremos criar jovens que fazem praia de manhã cedo e depois ao meio-dia vão a casa almoçar, dormem a sesta e voltam para a praia às 17h? Pensem!

Que livro leu nas últimas férias?
Li os Lusíadas. Acho que é fundamental ler um livro sobre a história dos descobrimentos e podermos olhar o mar. Isto porque, no fundo o mar foi a estrada que levou e muitas vezes não trouxe, os homens que acreditavam que Portugal era mais do que o Terreiro do Paço. Como disse Nietzsche, “A estrada é o caminho!”

Quem levava para uma ilha deserta?
Levava um amigo meu que estivesse com um problema de saúde. Não só para ajudá-lo a espairecer mas também porque se acontecesse aquela situação típica de ficarmos sem comer, o mais provável era eu não o ter que matar … ele morreria de doença. Por outro lado, ele teria o fim da sua viagem pela consciência numa ilha deserta e ao lado de alguém como eu. No fundo, um combo de situações positivas e invejáveis num momento da vida difícil. Às vezes é mais importante dar que receber e isso para mim conta muito! Como disse Aristides de Sousa Mendes, “O preço da partilha é mais caro que partilhar o preço de qualquer coisa!”






1 comment:

  1. Lugar espectacular, um atendimento personalizado e óptimas paisagens. Uma férias para repetir :)
    Deixo o link da pagina aqui https://www.facebook.com/quintaquebradaturismoecologico

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