Monday, April 08, 2013

A palavra esperança


Ainda não escrevi uma linha sobre esperança e já me sinto o padre Francisquinho rodeado de crianças a cantar o giroflé giroflá. A verdade é que palavra esperança, de tanto ser mal usada, tornou-se numa canção comercial que deixou de ser distintiva entre as outras. E a esperança não se quer vulgar. Uma história: num filme de guerra onde entrava o amor, o ódio e a esperança o realizador decidiu matar toda a gente no final. Se o realizador for português, a minha pergunta é esta: Quem será o último a morrer? Vá, todos em coro: É claro que é a esperança. E porquê? Porque no mundo, mas sobretudo em Portugal, ela é sempre a última a morrer. E disto não tenham dúvidas. Aliás, em Portugal nunca se perde tudo, nunca morrem todos, justamente por esta noção de imortalidade que lhe está associada. Pergunta-se a alguém com infortúnio no jogo:  “então perdeste tudo?” e é certo que nos responde: “tudo, menos a esperança”, a outro que perdeu  os seus entes queridos: “Mas morreram todos, é isso? Todos – dirá – menos a esperança. Por isso, ela é tão importante e a falta dela mais grave que o final do Lost. Daí que existam pessoas que a usam de forma abusiva e medíocre, por saberem que, ainda assim, as pessoas preferem a mentira que lhes dá esperança à verdade que a retira. Mas eu percebo-as e não vim aqui tirar o emprego ao professor Karamba nem a todos os charlatães de esperança que têm anúncio nos jornais e clínicas em Cuba que garantem a cura. Não, não tenho tempo para isso, tenho, isso sim, para dizer que nenhum povo pode viver sem esperança, nenhum, ouviram? E é necessário termos líderes que a saibam vender, líderes bons, sem charlatanices, que nos digam a verdade, mas que nos dêem esperança, não de uma forma gratuita e simplista, mas justamente trabalhando para ela, promovendo-a com trabalho e ideias, com união, com discursos motivadores que não soem a conversa da treta e auto-ajuda, com acções concretas, com diferenciação, com futurismo e, se quiserem, com vidência (se for preciso – em último recurso – do professor Karamba). Porque ninguém quer um país sem esperança, muito menos o nosso, sobretudo o nosso, onde bem sabemos que esta deveria ser sempre a última coisa a morrer.   

Fernando Alvim
Publicado originalmente no jornal i
[Fotografia de MARIE SJØVOLD]

1 comment:

  1. Tive que sair de casa e abandonar a minha casa e meu trabalho de stop motion para vir a uma rede wifi ou wift para mandar esta SMS in the botle, agora digam-me a quem é preciso bater punho para o Alvim apenas me responder ao meu último email. Responder a um email é simples, podes fazê-lo nú tlm, enquanto estiveres a cagar num me importo :) podes dizer que não estás interessado, agora não me obriguem é ir à minha poupanća reforma buscar dinheiro para procurar o Alvim na Rádio e pagar-lhe o jantar para depois gravarmos a voz-off num local tranquilo, Mr. Jones! Americano tranquilo....

    Abraços e beijinho Xana

    HUmberto Relvas

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