Thursday, October 25, 2012

Oh, em busca do amor!


De entre tudo o que já ouvi sobre o amor o que mais me intriga é a sua procura. Cresci a ouvir dizer que temos a melhor polícia judiciária do mundo e a ver pelo caso Maddie não me parece que tão cedo estes homens o encontrem. Quando muito - e na melhor das hipóteses - quem sabe onde está o amor serão os pais da Maddie. Mas encontraram-no de forma involuntária. Não é que o quisessem fazer – não queriam, não – mas encontraram-no e fugiram para Inglaterra para se escusarem aos inquéritos do costume. As pessoas pensam que escondem algo, um homicídio por negligência, um acto involuntário, mas eu sou pela tese do rapto, e não tenho dúvidas de que os maddies raptaram o amor.

Dizem-me que a melhor forma de procurar o amor, é justamente, não o procurar. E eu, tenho tentado aceitar o que me dizem os mais sábios, a tal ponto que dei por mim a experimentá-la e adaptar esta tese a outras ocasiões. Ainda outro dia perdi as chaves do carro e pensei “A melhor forma de encontrar as chaves do carro, é não as procurar” e posso garantir-vos por tudo o que é mais sagrado (e incluam aqui o a estátua do Eusébio na luz) que não fosse a chegada da minha directora técnica de limpeza a casa nessa tarde, ainda hoje ali estaria esteirado no sofá a ver as séries da fox. Depois, percebi que precisava de dinheiro e pensei “A melhor forma de procurar dinheiro, é justamente não o procurar” e perante o avolumar das contas, cortes de água, luz, telefone, vinho branco, achei que talvez comigo não estivesse a resultar. Não que duvide disso - de todo - mas porque apenas há excepções que confirmam a regra. E eu talvez seja isso, uma excepção, sem regras. Aliás estive mesmo para não escrever esta crónica com base no mesmo principio "A melhor forma de procurar e escrever uma ideia, é não a procurar" e querem vocês acreditar que este meu computador não foi capaz de mexer uma unha durante mais de 3 horas?

Pois bem, a melhor forma de procurar o amor – digo eu - é deixar que ele aconteça, como acontecem os dias sem que para isso tenhamos que pedir que mais um venha. O amor vem sim, mas é necessário que, no mínimo, dele estejamos à espera. Se não estivermos na estação é bem possível que, chegado aí, ele se meta na carruagem e parta de novo, sem que nunca saibamos que um dia ele aí esteve. A verdade do amor – e toquem os sinos, cantem as crianças afinadas – é que não somos nós que o procuramos, é justamente ele que nos encontra.

Fernando Alvim
Publicado originalmente no jornal i

2 comments:

  1. https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=BK28xPkkeIY

    Deixa andar... deixa ser...

    :)

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