Por Francesco Alberoni. Publicado no Jornal i. 11 de Janeiro de 2011.
Uma nova ética das relações entre homens e mulheres continua a abrir caminho. Esta ética não é imposta pela Igreja nem pela família, pela escola, pela moral ou pela lei.
Até hoje, em todas as sociedades conhecidas, a actividade sexual foi regulada em pormenor pela sociedade e pela lei. Dos machos contava-se que desejassem todas as mulheres bonitas; das mulheres, pelo contrário, que se limitassem a desejar os homens que amavam ou então, por puro dever, se relacionassem sexualmente apenas com os maridos. No entanto, nos nossos dias este costume está a desaparecer. Muitíssimas mulheres dizem abertamente que quando vêem um homem que lhes agrada procuram não o deixar escapar. Exactamente como dantes os machos. Mas há também grupos de mulheres que procuram comportar- -se como antigamente os homens nos bordéis. Em algumas faculdades americanas, os rapazes festejavam o fim do ano contratando prostitutas que circulavam entre todos tendo relações com os que o desejassem, aplaudidos por todos os outros. Hoje também há raparigas que competem pelo maior número de rapazes com quem vão para a cama num ano escolar.
Isto leva-me a pensar que daqui a poucas dezenas de anos homens e mulheres poderão comportar-se como lhes apetecer, em público ou em privado, sem qualquer freio moral. No entanto, não quero com isto dizer que haverá uma promiscuidade total. Há, na realidade, uma força que se opõe a ela. Não se trata da Igreja, da família, da escola, da moral ou da lei. A única força capaz de lhe fazer frente é a paixão monogâmica, exclusiva e ciumenta. Mesmo que um homem e uma mulher se tenham habituado a ter relações sexuais promíscuas, quando se apaixonam desejam apenas a pessoa amada e não suportam que esta tenha contactos sexuais com outras.
O amor exige fidelidade absoluta. Uma mulher apaixonada escreve: "Não terei qualquer ligação com outro porque não quero estragar, conspurcar, os sentimentos maravilhosos que tenho por ti. Bastaria um contacto para poluir de forma irreparável a sua pureza. E o mesmo vale para ti."
É apenas porque existem a paixão e o amor totais que as pessoas continuam a casar-se, a viver juntas, a ter filhos. Mesmo que depois discutam e se separem. O sexo gratuito, que não tem regras nem freios, põe em causa esse amor, que resiste, que o rejeita, que o trava e obriga a disciplinar-se.
Do conflito entre o sexo promíscuo e o amor exclusivo está aos poucos a nascer um novo saber e uma nova ética do amor e do sexo. E eu tenho orgulho em ter passado a minha vida a escrever acerca deste assunto, que no futuro continuará a ganhar importância.
Foto de Anna Morosini.
Foto de Anna Morosini.
"Mesmo que um homem e uma mulher se tenham habituado a ter relações sexuais promíscuas, quando se apaixonam desejam apenas a pessoa amada e não suportam que esta tenha contactos sexuais com outras."
ReplyDelete- Este texto e assim para o dubio, o mesmo que dizer, o sexo destroi tudo mas o amor consegue emendar. E um lugar comum, sabias?
Nao acredito, basta ver que desde sempre o homem/mulher se pautou pela incessante busca do amor total, cada um ha sua maneira, manietado pela sociedade ou nao. Escrever assim e so ver um lado da moeda. A alguns milhares de km para este, homens tem uma vintena de mulheres a sua disposicao e e legal. Na china ou na coreia, ou talvez seja apenas para aqueles lados ha uma sociedade de mulheres que usa o homem apenas para procriar. O mito da mulher amazona, tambem posso referir? O que tu nao contas e com a rapidez com que a informacao circula hoje, se as mulheres estao mais conscientes da sua sexualidade, se o homem esta mais refem da sociedade? Nada disso, apenas nos adaptamos aos tempos. Continua tudo igual mi friend, ate o amor. O amor so e amor quando se perde, porque enquanto nao se perde e interesse, sencacao e distracao. Depois passa a saudade e depois a lamento. Vivem aqueles na sua totalidade que entendam que o segredo e a consciencializacao da sua essencia humana. Sem genero.
Abracos do imigra!
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