Friday, September 04, 2015

Doutor Alvim




Mesmo com uma actividade social muito intensa e com um bronze a fazer lembrar Santana Lopes quando foi presidente da câmara municipal da Figueira, Doutor Alvim distribui notas com a mesma certeza e bondade, da saudosa Dona Branca. Eis os valores para esta semana:

➜ Bebés que são sempre lindos. Zero valores.

Não é verdade que os bebés sejam sempre lindos. Eu sei que custa ler isto, eu sei que pode de repente dar um nó na garganta a quem me lê, mas com verdade - e não estamos aqui para outra coisa - há bebés que são, como posso dizer isto sem causar grande embaraço? vamos cá ver: são muito feios, são horríveis, são monstros por Deus. E chegados perto, quando a mãe nos mostra finalmente o seu bebé, porque raio se convencionou que temos que dizer "ai que coisa tão linda! Ai que coisa mais fofa" quando o sincero seria dizer "oh diacho, mas o seu filho é um monstro, mas que feio credo, que azar, lamento imenso, tenta lá fazer outro". Mas não. E depois admiram-se que estes novos seres acreditem cada vez menos na sociedade. Pudera, quando crescerem, vou perceber que desde que nasceram, desde os primeiros dias lhes mentiram. E é fácil perceberem-no. Como ? bastando que se olhem ao espelho. o Doutor dá zero para bebés que são sempre lindos

➜ Amigos como o Carlos Santos Silva. Dou vinte.

Sejamos claros, no fundo, não era só Sócrates, no fundo, todos nós gostaríamos de ter um amigo como o Carlos Santos Silva. um amigo que nos protegesse, um amigo que nos desse fotocopias, um amigo que nos apoiasse nos bons e nos maus momentos, cá dentro ou lá fora, num país ou noutro, um amigo assim, que não nos questionasse - deixemos isso para o DIAP - que nos devolvesse liquidez, que nos pagasse os estudos, que nos fizesse feliz nas ruas do mundo. No fundo, todo este processo, tem um motivo e não é prejudicar o PS nas próximas eleições. O motivo é esse sim, a profunda inveja, a visceral inveja, a inconfessável inveja, de não termos um amigo igual ao Carlos Santos Silva. Para ele, que espero um dia vir a ser amigo, dou 20 contos, desculpem, valores.

➜ Donald Trump. Um zero.

Antigamente, quando me apanhava imagens do Donald Trump em revistas ou televisões, lembrava-me sempre do nosso cantor Marante. E, do nada, começava a ouvir o milionário norte-americano a cantar eu-sei-eu-sei-és-a-linda-portuguesa-com-quem-eu-quero-casar. De há uns tempos para cá, a imagem de Donald Trump tem-se vindo a sobrepor à de Marante, pelo menos na minha mente. E, pior do que a imagem, as palavras. Agora, sempre que vejo o Marante, ouço os discursos misóginos e xenófobos de Trump. E isso é injusto para o Marante. Também por isso, nota zero para Donald Trump - que, não certamente por acaso, tem um apelido demasiado próximo, foneticamente, de Trampa.

➜ Zero para quem diz migrantes.

Um dos grandes dramas do jovem estudante dos anos 80 era saber diferenciar entre imigrantes e emigrantes. Alguns amigos meus tinham truques, outros evitavam o tema em absoluto e só um par de pessoas em todo o país, entre os 6 e os 12 anos, sabia realmente a diferença. O drama das pessoas que fogem das guerras em África e Médio Oriente, procurando descanso na Europa, parece ter destruído a dicotomia imigrante/emigrante. Nas televisões, rádios, jornais, agora só se fala em migrantes. Os alunos actuais e vindouros parecem ter sido então poupados a essa dúvida persistente. Parece terminar um pequeno drama para os estudantes portugueses do 1º e 2º ciclos, mas mantém-se uma tragédia avassaladora para o resto do planeta.

Notas finais: Doutor Alvim não passa dos 20 valores esta semana, num dos piores resultados desta análise. Há esperança para que as coisas melhorem na próxima, excepto o tempo. o doutor, odeia o tempo cinzento.

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