Friday, September 19, 2014

Tertúlias de Outono no Castelo



TERTÚLIAS DE OUTONO no CASTELO

FALA-ME EM PORTUGUÊS

Comemorações dos 8 Séculos da Língua Portuguesa

SET, OUT e NOV | domingo | 16h

Programa comissariado por Gabriela Carvalho

Gratuito mediante inscrição | info@castelodesaojorge.pt | 218 800 620


Segundo Eduardo Lourenço “(...) o sonho de uma Comunidade de Povos de Língua Portuguesa, bem ou mal sonhado, é por natureza – que é, sobretudo, história e mitologia –, um sonho de raiz, de estrutura, de intenção e amplitude lusíada”.

O conceito de lusofonia pressupondo a utilização de uma mesma língua - da mesma fonia-, reveste-se de uma diversidade alargada, conforme o contexto do território e da apropriação que cada comunidade faz da língua portuguesa. Na verdade, a presença desta tem contornos diferentes: língua materna no Brasil, língua desconhecida para largas faixas populacionais em alguns países africanos onde a conquista e a presença lusa foram uma constante, como Angola ou Moçambique. 

Porém, mais que a língua, a lusofonia caracteriza-se pela tomada de consciência da diversidade das componentes cultural e religiosa. 

Ora, a língua portuguesa caracterizada por uma evidente pluricontinentalidade, abundância de falantes e cultura multissecular tem sido, ao longo dos tempos, destratada e pouco cultivada pela maioria das populações. Chamar a atenção para a sua composição e o seu uso torna-se uma tarefa quase obrigatória. Mas a ser feita, com muito prazer.

No ano das comemorações dos oitocentos anos da Língua Portuguesa, as Tertúlias de Outono do Castelo de S. Jorge, associando-se a este tema, organizam as tertúlias com um leque alargado de convidados que utilizam a língua portuguesa não só como instrumento de comunicação como também de vida. Tentando valorizar o esforço de falar bem, completando o reforço da identidade lusa, as tertúlias são o meio de fazer participar com o sentido de liberdade, os cidadãos que fazem da língua o seu local/ instrumento de trabalho. E, “como o meu país é a língua portuguesa”, é nela que crescemos e nos movemos suprindo as necessidades e trabalhando-a para que, em todas as combinações possíveis, possamos encontrar a fantástica riqueza que lhe é intrínseca. E porque a língua é um património de todos, para que a cuidemos conservando-a, tornando-a cada vez mais um símbolo da nossa identidade, “fala-me em português”.


21 SET | DIZ-ME POR MÚSICA

Carlos Nobre (Pacman)

A língua portuguesa como veículo de sentimentos e histórias da vida quotidiana, trabalhada numa forma repentista, num sentido estético-humanitário, chamando a atenção para as gentes e para as ações da atualidade. O estilo moderno de rap torna o manejo hábil da língua como um veículo fácil e simples para contar acontecimentos e afetos do dia-a-dia, histórias completas das gentes. Com música de fundo cadenciando o ritmo, a fala volve-se em melodia, em mensagem entendível por todos: a música torna-se a chave para o exercício da fala e o ritmo apresenta-se como a resolução apetecível para “contar a história”. A composição constante da palavra acompanha a música e vice-versa permitindo um interesse constante, e muitas vezes em redobrada intensidade, pelo resultado.


5 OUT | O JOGO DA ESCRITA E DA FALA

Margarida Oliveira e Mariana Alvim

O português escrito e falado para ser escutado e o português escrito e lido para ser entendido. Ninguém melhor que o escritor para nos contar da difícil tarefa da produção literária: de como as ideias se amontoam ao acaso na mente e se recusam a sair fluídas e entendíveis, sem passarem pelo crivo do sofrimento da criação. Histórias, romances, novelas conduzem o português a paragens desconhecidas, em caminhos fantásticos entretecidos de vidas e sentimentos. A palavra é, na comunicação, a peça fundamental do jogo: joga-se em todas as direções, arremessa-se, complica-se, facilita-se no resultado único da mensagem perfeita – aquela que chega onde deve, pelos trilhos, muitas vezes, do impossível.


19 OUT | DA GALIZA À MOURA ENCANTADA 

Isilda Leitão, Cândida Cadavez e Maria José Pires

Trata-se da geografia territorial da língua lusa. Contando sempre com a dimensão do tempo, uma língua caracteriza-se por ser um organismo em mutação capaz de influenciar e de se deixar influenciar, de dar e de se enriquecer com as contribuições várias que lhe outorgam. Desde os primórdios é uma língua que, apesar dos séculos, subsiste na cultura, é falada nas fantasias populares, num território bem demarcado, capaz de assegurar uma classificação patrimonial,- o galaico-português – e alarga-se ao quente do sul, onde moiras vêm sussurrar nas fontes e nos poços, histórias maravilhosas. A língua portuguesa constitui-se de línguas autóctones, utiliza as línguas dos cruzados, das trocas com outras civilizações e da evolução natural do latim. Quantos vocábulos árabes existem na língua lusa e que pronunciamos todos os dias sem nos darmos conta. Que fazem os anglicanismos e os francesismos bem no meio da nossa fala? Que evolução sofreu o latim que nos faz diferentes dos outros povos. Existe realmente uma geografia para a língua? Qual a sinergia da escrita e da fala com o território? 

Que tipo de liberdade exercemos sobre estes sinais de pertença?


2 NOV | SENTIMENTOS DIFERENTES EM TERRITÓRIOS DIFERENTES

Lourenço Almada, Isabella Barreto e John Rosa Baker

Será a língua uma primeira forma de identidade? Seguramente que é na comunicação que a comunidade entende o que lhe é comum. É na palavra expressa que se mostram e interpretam as raízes de uma coletividade. A língua portuguesa assume-se como uma língua intercontinental e pluriétnica espalhada por diferentes territórios, povos e histórias. As influências geográficas tornam-se, assim, fundamentais no desenvolvimento e na riqueza do português. As contribuições com vocábulos novos, deturpados de sentido são o garante da expressão de sentimentos geográficos diferentes e dos significados simbólicos da língua. A unificação de língua é, por conseguinte falsa porque destruiria o singular e o peculiar de cada fala, de cada escrita, e ao atribuir-lhe um significado único destruiria a simbólica de cada povo. Quatro territórios, quatro expressões de língua portuguesa, como entendê-las?


16 NOV | O MAR E A TERRA NA PALAVRA 

Graça Joaquim

A paremiologia é a ciência que estuda os provérbios. Para além da língua, a sociologia e a 
psicologia do provérbio merecem um especial interesse.O provérbio ou aforismo são formas de expressão concisa dum pensamento moral, quer as sentenças de origem culta, generalizadas ou não, quer as máximas de cunho popular, resultado de uma sabedoria popular ancestral. Adágios, provérbios ou rifões são para o povo a forma concisa de explicar o tempo, as colheitas, o estado do mar, as relações pessoais, os retratos sociais, as relações económicas: numa só frase concentram anos de experiência e de sabedoria 
antiga, preveem para o futuro aquilo que o passado experienciou e revelam-se como um património ímpar na contribuição para a riqueza da língua.


30 NOV | O HUMOR DA PALAVRA 

Nilton

Se o Humor deve ser, em psicologia, considerado como uma atitude benevolente que realça o grotesco sem a frivolidade do cómico ou a crueldade da sátira, na palavra deve considerar-se como o seu uso inteligente. A palavra usada com humor permite uma crítica benévola e expressa uma visão aguda dos factos que vai para lá do senso comum. Com humor a descrição dos factos põe em evidência o absurdo, o inaceitável, o ridículo e até os factos aceitáveis por força do costume são postos em causa. O humor permite o sorriso disfarçado, o riso ou a gargalhada conforme a palavra se expressa em intensidades diferentes. O Humor utiliza a palavra como uma peça de jogo, intensificando a tensão da crítica do nonsense dos acontecimentos rotineiros do dia-a-dia. O uso da palavra certa na altura certa são característicos do prazer íntimo do “não deixar nada por dizer” que a atitude inteligente de olhar a vida com humor permite.

Saiba mais em www.castelodesaojorge.pt ou Facebook. 





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