Friday, February 05, 2010

Efectivamente escuto as conversas














Não existe no mundo país algum que diga mais vezes efectivamente do que o nosso e só não se compreende como é que o próprio hino nacional não faz incluir tão referencial palavra. É uma pena. Efectivamente está para Portugal como “ Good Morning Papa!” para os ingleses. Ou pimentos padron para os espanhóis. Ou o João Kléber para a Elsa Raposo.



O problema é que desconfio das pessoas que usam a palavra efectivamente. E a culpa nem é delas, mas das várias classes que a popularizaram, e que de tanto a usar, me provocaram este deplorável estigma. Como se “efectivamente” fosse um livro do Dan Brown, da Susana Tamaro, do Paulo Coelho. Como se efectivamente fosse uma mulher fácil, das que acendem fogueiras na berma das estradas, das que escolhem como pousio matas de densa florestação. Efectivamente merecia a dignidade que lhe foi dada pelo tema dos GNR, quando escutava as conversas, quando gostava de aparências – é o que diz a letra – quando importantes ou ambíguas, quando imponentes ou equívocas, efectivamente o fazia sem moralizar.



A culpa disto é do Mário Crespo. Mário crespo diz “efectivamente” que eu sei, e Sócrates tem razão quando revela que temos que ter cuidado. Não com Mário Crespo – também - mas com todas as pessoas que dizem efectivamente. E é só ligar a televisão. Onde houver indicio de asneira, alguém vai dizer efectivamente. E isso - que triste é - é só para ganhar tempo, só para pensar no que vai dizer a seguir, só para disfarçar que não se faz ideia do que quer dizer efectivamente: “ efectivamente, eu não me apercebi que estava a praticar um acto ílicito e só por isso o cometi, que eu sou pessoa de bem.” “ efectivamente eu estava aqui muito quieto e chegou a policia a começou a bater em nós. Eu não fiz nada, efectivamente senhor”



Daí que efectivamente tenha caído em desgraça. E obviamente todos aqueles que se meterem com Sócrates. E com Mário crespo. E com Manuela Moura Guedes. E com o ranger do Texas. E com Rui Gomes da Silva. E com o Macgyver. E comigo isto só ainda não aconteceu, porque cada uma destas crónicas é atempadamente revista por J.S, esse mesmo que estão a pensar, o que fala alto - à Sousa Franco - sobre Mário Crespo .

7 comments:

  1. "Efectivamente" uma grande verdade!

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  2. Olá Alvim :),

    Efectivamente tens toda a razão :P devo dizer que países como o nosso vivem de palavras como essas...

    Senão o que seria das aparências?? É necessário pensar no que se diz mais que não seja para "ficar bem na foto"...

    É como "pertinente" ou "interessante" dito na hora certa cai sempre bem, "Essa questão é deveras interessante..." (enquanto se pondera o que se diz) :P

    É impressão minha ou o Sr. José Socrates efectivamente já usou esta frase inumeras vezes??

    Abraço

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  3. E não é que isto é a crónica do Metro? Recordo-me de já ter lido isto.

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  4. Hum... entendo perfeitamente Alvim. Atrevo-me até dizer que, efectivamente, tem razão.

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  5. para quando novos episódios do BNALVIM e a série IMPROVAVEL na speaky?

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  6. O Crespo está com cara de quem sofre de uma efectiva obstrução intestinal.

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