Poucos países se poderão orgulhar de se terem descoberto e Portugal pode. Portugal descobriu-se sem precisar da ajuda de ninguém e desde muito cedo se percebeu que só poderia ser Portugal a descobrir Portugal. E foi. Portugal é uma daquelas situações em que ninguém arrisca mexer porque a única pessoa que o sabe fazer, é o senhor Joaquim que já trata da coisa há muito tempo e sabe o jeito a dar-lhe em caso de avaria. Portugal tem um jeito certo e só nos o sabemos, como se tivéssemos um código exacto para meter na ranhura. Daí que em caso de acidente, ainda mal o acidentado conseguiu sair do carro para se estender ao comprido no chão e já alguém vai dizendo “Ninguém mexe antes de chegar a ambulância!”. E é assim também connosco, porque quem olhar para Portugal percebe logo que é melhor não mexer: com medo de deslocar qualquer coisa ou fazer algo que não deveria. Daí que as únicas pessoas que podem mexer em Portugal são os Portugueses e aqui entre nós, ainda bem.
Mais do que um jeito, Portugal tem uma maneira de fazer as coisas e essa maneira é a portuguesa. Que é nossa e nenhum outro país tem igual. Daí que ao brindarmos seja costume dizer-se “À nossa!”e muitos não saibam bem porquê. À nossa o quê?- Perguntarão os menos avisados. “À nossa vida?”, “À nossa saúde?” “À nossa mulher?”. Mas é claro que não. Brindamos isso sim, “À nossa” maneira, como é óbvio. Querem ver que vou ter que arregaçar as mangas para explicar isto? Querem ver que sim? Pois vamos a isto. Portugal tem uma maneira de fazer as coisas e quando não é à nossa maneira é como se a comida lá de casa não tivesse sido feita pela mãe, percebem? De resto, que o outro país tem o cozido à portuguesa? Experimentem ir lá fora a um restaurante qualquer e à chegada do empregado de mesa, digam-lhe isto “ Please, I Want to eat cozido à Portuguesa? e é quase certo que balbuciam algo como “ What? I gave or pardon please!?” ou apenas “ Eh pá, isto aqui não tem cozido à portuguesa. O senhor é de onde? É que eu já trabalho aqui vai para uns 3 anos e isto não é à nossa maneira, entende?”
Mais do que um jeito, Portugal tem uma maneira de fazer as coisas e essa maneira é a portuguesa. Que é nossa e nenhum outro país tem igual. Daí que ao brindarmos seja costume dizer-se “À nossa!”e muitos não saibam bem porquê. À nossa o quê?- Perguntarão os menos avisados. “À nossa vida?”, “À nossa saúde?” “À nossa mulher?”. Mas é claro que não. Brindamos isso sim, “À nossa” maneira, como é óbvio. Querem ver que vou ter que arregaçar as mangas para explicar isto? Querem ver que sim? Pois vamos a isto. Portugal tem uma maneira de fazer as coisas e quando não é à nossa maneira é como se a comida lá de casa não tivesse sido feita pela mãe, percebem? De resto, que o outro país tem o cozido à portuguesa? Experimentem ir lá fora a um restaurante qualquer e à chegada do empregado de mesa, digam-lhe isto “ Please, I Want to eat cozido à Portuguesa? e é quase certo que balbuciam algo como “ What? I gave or pardon please!?” ou apenas “ Eh pá, isto aqui não tem cozido à portuguesa. O senhor é de onde? É que eu já trabalho aqui vai para uns 3 anos e isto não é à nossa maneira, entende?”
Então não haveríamos de entender, ora essa. Reparem bem, qual o aviso que nos terá sido repetido mais vezes pelos nossos pais antes de nos agarrarem com força no braço? Digam-me, vamos, foi ou não foi: “Tu tem maneiras!” ? Isso são maneiras de falares com as pessoas? isso são maneiras de te vestir? isso é maneira de estares sentado à mesa? e sobretudo, o clássico dos clássicos: Isso é maneira de comer?. E porquê? Porque somos educados a falar, a vestir, a sentar, a comer, à nossa maneira. Ou pensam que nos outros países também é assim? Os miúdos lá fora não ouvem nada disto e fazem basicamente o que querem porque não têm maneira alguma. Ainda outro dia num restaurante, estavam dois miúdos franceses muito franzinos a fazerem um remake muito fiel do que terá sido a Tomada da Bastilha em plena mesa de jantar e quem estava ao meu lado foi dizendo: “ Aqueles putos não têm maneiras nenhumas!” ao que lhe respondi com acervo: Pois não coitaditos, eles não são portugueses!
Daí que esta maneira de ser português seja nossa e ninguém como nós a saiba distinguir tão bem. Podemos estar num estádio cheio com 70.000 pessoas ou no meio de Las Vegas Boulevard, que nós, só com um dedo, sem precisar que falem, sabemos exactamente dizer quem é dos nossos, quem sabe ser à nossa maneira. E é curioso, porque o sabemos, precisamente pela maneira - a nossa - como apontamos o dedo uns aos outros.
:)
ReplyDeleteApesar de vir aqui regularmente e nunca me manifestar,hoje decidi dizer olá porque gostei especialmente do post.
Fizeste-me lembrar de muita coisa boa (os brindes em especial e o belo do cozido à portuguesa! que saudades!).
Nunca mais é natal!
Beijinhos.
Tu és à nossa maneira!
ReplyDeleteum brinde a nós....portugueses.
ReplyDelete"A"
tu és o maior! bjs,
ReplyDeleteO primeiro paragrafo espelha totalmente o 'Movimento Prepetuo Associativo' dos Deolinda...e o texto em sim espelha.nos a nos pois claro...Eu tambem aponto o dedo a 'nossa' maneira ;)
ReplyDeleteQue texto brilhante, conseguiste fazer com que tivesse orgulho em ser português, o que já vinha a ser difícil à uns bons tempos. Parabéns!
ReplyDeleteBom Dia Alvim,
ReplyDeleteHoje reencaminhar-me o seguinte e-mail..achei que ficaria bem aqui na sequência do teu texto :)
Ser PORTUGUÊS é…
Levar arroz de frango para a praia.
Guardar aquelas cuecas velhas, para polir o carro.
Ter o colete reflector no banco do passageiro.
Lavar o carro na rua, ao domingo.
Ter pelo menos duas camisas traficadas da Lacoste e uma da Tommy (de
cor amarelo-canário e azul-cueca).
Passar o domingo no shopping.
No restaurante, largar o puto de 4 anos aos berros e a correr como um
louco, a incomodar os restantes Tugas.
Tirar a cera dos ouvidos com a chave do carro ou com a tampa da esferográfica.
Receber visitas e ir logo mostrar a casa toda.
Enfeitar as estantes da sala com as prendas do casamento.
Exigir que lhe chamem 'Doutor'.
Exigir que o tratem por Sr. Engenheiro.
Axaxinar o Portuguex ao eskrever.
Gastar 50 mil euros no Mercedes C220 cdi, mas não comprar o kit
mãos-livres, porque 'é caro'.
Já ter 'ido à bruxa'.
Filhos baptizados e de catecismo na mão, mas nunca pôr os pés na igreja.
Não ser racista, mas abrir uma excepção com os ciganos.
Ir de carro para todo o lado, aconteça o que acontecer, e, pelo menos,
a 500 metros de casa.
Dar os máximos durante 10 km, para avisar os outros condutores da
polícia adiante.
Conduzir sempre pela faixa da esquerda da auto-estrada (a da direita é
para os camiões).
Cometer 3 infracções ao código da estrada, por quilómetro percorrido!!!
Ter três telemóveis.
Gastar uma fortuna no telemóvel mas pensar duas vezes antes de ir ao dentista.
Ir à bola, comprar 'prá geral' e saltar 'prá central'.
Gravar os 'donos da bola'.
Ter diariamente, pelo menos 8 telenovelas brasileiras e 2 imitações
rascas da TVI na televisão.
Ser mal atendido num serviço, ficar lixado da vida, mas não reclamar
por escrito 'porque não se quer aborrecer'.
Criticar o governo local, mas jamais se queixar oficialmente.
Falar mal do Governo eleito e esquecer-se que votou nele.
Se queixar de um cêntimo no preço da gasolina, mas dar 599€ por um
telemóvel de merda que não vale cú só porque tem uma maçã impressa.
Totalmente de acordo!!!!
ReplyDeleteEu também ía achar piada a ser portuguesa se estivesse em Las Vegas...!
ReplyDeleteGosto, em especial, da forma como escreves sobre Portugal.
ReplyDeleteMuito bem visto! Ou melhor, "apontado"! À maneira, diria até!
ReplyDeleteEu gosto de apontar o dedo quando me pisam os calos... mesmo que por vezes perca as maneiras! É uma maneira de ser português, não é? Posso então apontar o dedo e manifestar-me à vontade, não posso?...
Bem visto!
ReplyDeleteIsso são saudades?
ReplyDeleteFernando Alvim,
ReplyDeleteVinha dizer-te que estás lindo nas fotografias, ou que tens uns textos interessantes, mas parece que já houve quem o fizesse.
Parece que a tua pessoa vai ter sempre alguém a apoiá-la, sempre alguém a alegrá-la e tudo mais.
Talvez seja a maneira de ser português: "Pão pão, queijo queijo." ou "Amor com amor se paga", ou ainda "Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti". Não sei se algum destes dizeres é genuinamente português, mas tu, como o teu BI testemunhará, és. És?
Gostei do teu blog,continua assim...
ReplyDeleteOi Fernando, constatei, há tempos, que o que temos de mais genuíno que o futebol, a loiça das Caldas ou a unharra do dedo-mindinho é esta tão peculiar maneira de nos auto-criticarmos... o tal apontar de dedo de que falas. Convido-te a ler um dos posts que escrevi, há tempos, onde, qual português que se preze, faço precisamente isso: http://brunokalil.blogspot.com/2006/11/maravilhoso-portugal-maravilhoso.html
ReplyDeleteObs: Estás à vontade para deambular pelas minhas cismas... o endereço é esse mesmo: Olhos Perdidos na Cisma... Abraço e até já...
Porreiro pá!
ReplyDeleteTanto palavriado pra dizeres k fostes a las vegas!!!lol
ReplyDeleteTexto interessante, sim senhor. Lembrei-me to livro !Quem mexeu no meu queijo?" porque este post poderia dar facilmente um livro intitulado "Quem (não) mexeu no meu Portugal?". Desculpa lá o que vou fazer (que é mexer no teu texto) mas fiquei com uma certa urticária com uma coisa que li. Valha-me o facto de o comentário ser sobre o texto em inglês... Aquele "I gave or pardon" não seria um "I beg your pardon"? Talvez seja uma forma arcaica ou muito "à frente" ou simplesmente "made by Alvim", mas ainda deixou-me perplexa.
ReplyDeleteOra então parabens ao Nuno Markl que se vai juntar ao excelente mundo do papás.
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