Se há coisas de que as pessoas gostam – e eu gosto – é de elogios. Que és o maior! – Pois sou – Que és lindo! – Confirma – Que és muito simpático! – De facto! – Que não há ninguém igual a ti! – Evidentemente que não! Daí que ultimamente tenha percebido que os elogios, de preferência à frente de uma multidão de pessoas, são a forma mais fácil de conseguir uma calorosa salva de palmas por parte do público ou simplesmente de quem está presente.
Elogiar é óptimo, porque faz de nós seres humanos bons e sensíveis que sabem reconhecer a tempo o valor de alguém, e ser elogiado também, porque no fundo nos presta o reconhecimento que andávamos a perseguir há tanto tempo. Contudo, se queremos mesmo elogiar como deve ser, é bom que se perceba que a colocação de voz e a repetição de uma mesma palavra mais de 5 a 6 vezes se revela imperativo. Querem um exemplo? Pois aqui vai: O Senhor Meireles foi um excelente profissional. O senhor Meireles nunca falhou um compromisso. O senhor Meireles é o filho que eu sempre quis ter! Viva O Meireles! Iavé Meireles! – Já perceberam, não é? Ora, se a isto juntarmos uma voz cada vez mais grave, mais sentida, como se fosse crescendo e ficando de olhos grandes – a voz – as duas mãos agora levantadas, o público a crescer nas cadeiras, a voz a falhar que a emoção é muita e é certinho que acabamos todos a bater palmas de pé e a gritar Meireles. Viva o senhor Meireles! Viva!
E se é certo que este tipo de elogio e discurso é vocacionado para grandes multidões – em televisão não se faz outra coisa ultimamente - outros há que se caracterizam pelo laço afectivo que a pessoa que elogia tem para com o elogiado, mas que invariavelmente começa com uma quase espécie de pedido de desculpas que a meu ver lhe retira desde logo alguma intensidade: "Não é por ser meu filho, mas é de uma inteligência como eu nunca vi! Sou sincera, não foi por serem meus pais, mas Deus nosso senhor não me podia ter dado melhor sorte! Ou então algo como: Como sabe não tenho necessidade de mentir, mas devo dizer-lhe que eu nunca vi um bebé tão bonito como o filho da minha Catarina, é que não há coisa mais linda". E vendo bem, se calhar foi ser por ser filho, por serem os seus pais, por ser o seu neto e não o de nenhum outro que o disse e isso não é vergonha nenhuma assumir. Pelo contrário, o orgulho que temos por alguém pode e deve ser demonstrado, de preferência sem o uso da expressão "Não é por ser meu qualquer coisa seguida do elogio". Digam-me lá se não vos soa melhor assim: O meu filho é muito inteligente! Os meus pais são os maiores! O meu neto é isto e aquilo! Pois é claro que soa e esse senhor que eu estou a ver daqui a abanar a cabeça no autocarro, se pensar bem vai concordar comigo daqui a alguns dias, a ver se não vai!
E assim, entre elogios de conveniência muito usados na infância quando queremos pedir alguma coisa: Mãezinha, gosto muito de ti sabias? E gostava também muito que me desses aquele carrito que está na montra. Pelo meio, dos elogios da praxe: Foi uma boa praxe! A praxe está com saúde! Existe o elogio fúnebre que só de pensar me arrebita as unhas dos pés e que com frequência é usado por toda a espécie de patronato: Meireles, você é um excelente funcionário, sei que tem dado tudo por esta empresa – Meireles já se contorce na cadeira – Meireles você é um ser humano extraordinário, nunca duvide disto – a transpiração a correr-lhe pela testa – mas Meireles vou quer que o dispensar porque a conjuntura actual não me permite que o mantenha nesta empresa.
pois, esse... :/
ReplyDeleteE quantas vezes ouvimos nós desses fúnebres, quais eufemismos esticados, para adiar uma valente "tampa"?
ReplyDeleteAo quinto elogio, uma pessoa esquece que a pessoa sabe elogiar e só se lembra que é um chato comó catano. Giro giro são os elogios aos tiros, a mesma coisa para toda a gente. Tira a exclusividade toda (e é uma seca)
ReplyDeleteAo último parágrafo, só acrescentava a palmadinha nas costas (podia ser, por exemplo, logo depois de "Meireles, você é um ser humano extrordinário"). De resto, fica o elogio ao Elogio Fúnebre, sem palmadinha nas costas.
ReplyDeleteA realidade dos elogios... quando é bom demais... há que desconfiar!
ReplyDeleteTb gosto do "És uma mulher espectacular, linda, compreensiva, mas eu não te mereço..."
ReplyDeleteUm dia alguém disse:
ReplyDelete"Guarda só os elogios e as críticas que sintas que têm fundamento com aquilo que te constitui e com aquilo que és."
Há frases e crónicas que as pessoas lêm ou ouvem e que de alguma maneira, chegam 'cá dentro'. É claro que só chega cá dentro, coisas com afinidade... E tendemos a gastar 90% de energia com aquilo em que nos identificá-mos, gostámos...
ps- A frase é da minha autoria. Feita mesmo agora! :)
pps- 90% de energia gasta com coisas que gostámos é um valor meramente do meu âmbito pessoal.
ppps- 'Nando Alvim. :)
ELOGIOS VIVOS PRA TI!!!!!!!
e espécies de cumprimentos também.
BOM ANO.
Uma Anónima Para Ti
Relativamente ao elogio fúnebre já o meu cão dizia: "Quando a esmola é grande o pobre desconfia"
ReplyDeleteUm abraço
Sim eu conheço esse tipo de elogios, todos eles falados já passei por eles, de 2007 até a escassos dias do primeiro mês.
ReplyDeleteE quando te elogiam e por trás é só escárnio e mal dizer e se for preciso até voodoo te fazem?
ReplyDeleteEu não ligo a elogios gratuitos.
Se os disserem numa conversa privada, numa despedida, valem o que valem, mas em público, em frente de todos?
DETESTO!
Depois só chama invejas e "bota-abaixos"...
Um exemplo é o blog do Nuno Markl... nunca vi tanto "ódio" descarregado em cima de uma pessoa, por tanta gente ao ponto de se darem ao trabalho de verem o que o Sr. Markl faz e depois descarregam críticas maldosas. Eu quando não gosto não vejo. Não ouço!
No teu caso Alvim pareces mais imune a estes casos, embora também conheça quem te "odeie" na blogosfera.
Eu tenho a minha opinião e é esta:
Sigo-te (leia-se o teu trabalho), desde o CC e tornei-me fã das tuas anedotas secas, secas, secas, que nem com um copo de água aquilo passava. O pior é que eu sempre achei que deveria ser a única parva que ria LOL.
Para quando um novo livro???
Porque não te baseares nas tuas opiniões que expressas aqui no blog?
Cumps.
Uma Fã.