Sunday, September 06, 2015

José António Fundo, professor, responde ao Inquérito do Fernando Alvim.



1. Umas férias
A viagem a Paris que fiz com a Susana (a minha mulher) poderia durar para sempre...

2. uma ideia
Eu gostava que fôssemos visitados por extraterrestres e assistir à mudança de consciência de si próprios que todos os humanos iriam sentir.

3. uma asneira
O euro. Não percebi bem ao início mas agora não tenho dúvidas.

4. uma paixão

A minha paixão para este verão chama-se Magenta. Nasceu há pouco mais de um mês e vai marcar a minha vida para sempre.

5. uma curiosidade
O meu pai ensinou-me uma vez, ainda era eu muito jovem, que a América (EUA) ou a economia americana era tão diversa e tão grande que uma fábrica de pregos com duas cabeças em cada uma das extremidades faria ainda assim negócio. Como ele estava certo e como isso significa a nossa miséria...

6. Uma pergunta

Gostava de saber se os Papas acreditam verdadeiramente em Deus. Dito por eles em confissão... Se calhar tínhamos uma surpresa.

7. Uma resposta
"Às onze, no farol... de Leça" ensinaram-ma e uso-a muitas vezes.

8. Uma lição
Um professor como eu dá muitas lições. Portanto a maior lição é estar sempre pronto para aprender mesmo quando somos nós a ensinar. Os outros, mesmo os mais novos, ou sobretudo os mais novos, sabem muito que nos interessa aprender.

9. Uma aventura

Foi uma aventura aceitar participar na direção de uma escola pública. Foi a maior aventura assumir essa responsabilidade. Uma aventura que já dura há 10 anos. Curiosamente começou num mês de Junho e foi um verão de aventura a aprender um milhão de coisas novas para preparar um ano letivo.

10. Um segredo
Vejo as novelas da TVI, odeio-as e imagino críticas escritas infindáveis que tenho vergonha de escrever... Ups...

11. Uma invenção

Eu vi o filme "A Mosca" de 1958 e a versão moderna de 1986 e percebo os perigos, mas continuo a sonhar com o teletransporte. "Beam me up Scottie!"

12. Um desabafo
Não percebo como é que tanta gente ainda acredita que a história da austeridade teve qualquer tipo de efeito positivo no nosso país. Ou é burrice ou desonestidade intelectual.

13. Um problema
Tenho dúvidas:
Em Portugal, a vontade de tanta gente em acabar com a escola pública. Vai dar muita asneira e atrasar imenso o país.
Ao nível global é importante estar atento à propriedade intelectual sobre inventos médicos e de medicamentos. A investigação científica, sobretudo nestas áreas, deve ter regras muito rígidas na exploração comercial dos frutos da investigação. E fundamental investir mais na investigação pública a nível global de modo a que esta lidere e liberte o máximo de conhecimento.

14. Finalmente um item ou dois que o convidado deste inquérito deve acrescentar
14.1 O que acho mais importante numas férias?
Parar de trabalhar. Parar mesmo. Em Portugal um diretor ou subdiretor de uma escola pública perde praticamente o direito a férias por inteiro. Há demasiadas tolices administrativas a cumprir durante o mês de Agosto que os nossos burocratas da educação não resistem em impôr.

14.2 Qual é o maior pecado da nação?
A falsa meritocracia e a mania de que somos sempre melhores do que os nossos jovens, ou que os jovens são sempre piores. Em Portugal há o vício de nos gabarmos das dificuldades da escola do nosso tempo (na verdade mais facilitista do que a actual) e de insultarmos a inteligência e as capacidades dos jovens. Temos uma juventude espetacular e que merece o nosso melhor esforço. Por outro lado insistimos na teoria da meritocracia quando se implementam todo o tipo de sistemas que beneficiam os que têm mais recursos materiais. O sistema escolar está hoje montado para beneficiar os mais ricos e pouco temos feito para romper com essa lógica e apoiar todos os alunos como cada um precisa.

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