Thursday, September 01, 2011

A construção de Rita Lino

A minha amiga Rita Lino que é das pessoas mais desprendidas e doidas e anormais que eu conheço,  tem uma nova exposição. É esta e devem ir vê-la. Mas no entanto, fujam se a virem.


"Construction" - fotografias de Rita Lino (Sala Preta)

Pickpocket Gallery
1 a 13 de Setembro
Inauguração 1 de Setembro 18h-21h

...
" I am what you want to see, I show what I am not." - Rita Lino encena-se nesta série fotográfica "in progress" em formato Polaroid.

"Na maioria das minhas tardes, a única maneira que tenho de manter a minha armadura é tirando a roupa. Estou de coração partido mas tenho umas mamas perfeitas, não chega?

Quando é que a nudez não é despida? Talvez quando o corpo aparece como uma máscara, uma máscara que se recusa a sair, mas que ainda assim vai lentamente mudando de forma, morrendo lentamente. Estou a ver, ou a tentar ver, a série construction da Rita Lino, mas há algo entre nós, entre o observador que eu anseio ser e a máscara da sua aparência. Acho que devem ser as suas mamas perfeitas. Perdoem a expressão. Elas olham fixamente para o lugar de observador que eu não consigo ocupar, como um par de olhos alienígena que me proíbem de continuar. Elas congelam-me de alguma maneira, impedindo qualquer pensamento de continuar. São olhos alienígenas que cresceram no peito da artista, de maneira a olhar para as quatro direcções.De maneira a olhar através da minha nuca. Em quase todas as imagens elas olham para mim numa acusação muda, enquadradas por um barrete que a transforma numa artista, ou numa prisioneira Latino americana, ou então envolta em lençóis como uma muçulmana devota, ou então usando esse mesmo lençol mas deixando-o cair num ponto de interrogação pós-coital sem fôlego. Ainda não acabámos, pois não?

Ela não é diferente de nada que a rodeia. O seu corpo é como uma camuflagem, ela não passa de mais um produto manufacturado, na prateleira á espera de que reparem nela, para levantar a excitação da antecipação ou do reconhecimento, antes de ser trocada por outro objecto...."

Mike Hoolboom

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