Monday, April 04, 2011

Maxmen: Entrevista com a Violinista Noa





 
De repente, uma violinista começa a fazer com que vários homens e até algumas mulheres se interessem por música clássica e afirmem com convicção que são ouvintes da Antena 2 desde miúdos. Há uma razão para todo este alvoroço. A razão é esta cidadã. Noa.

Fazes questão de coleccionar aspectos intimidantes para um homem ou foi mera coincidência?

Não quero acreditar nisso, Alvim. Gosto de investir em mim e apostar alto. Gosto de jogar na Champions, nada de "distritais". É isso que intimida?

Citando Marco Paulo, achas que uma mulher não perde nada em ser "uma lady na mesa, uma louca na cama"?

Acho que uma mulher deve concentrar em si mesma o "full package". Se o meu namorado pode ter em mim o melhor dos dois mundos, porque não? Eu por mim faço questão. Mas como diz o prémio Nobel Wole Soyinka : "a tiger does not proclaim his tigritude". É uma espécie de "pacto silencioso" entre mim e o meu namorado apenas declarado em olhares lascivos e pequenas mensagens subliminares.

Gostas muito de ler. Dá-te jeito ler livros grandes, visto que, dessa forma, lês mais e tens uma arma contundente contra homens mais atiradiços?

A segurança que o livro me dá está na força das palavras que ele contém.

"O Discurso do Rei" foi o grande vencedor dos Óscares. Notas que muitos homens gaguejam nas interacções contigo?

Sim, já aconteceu... às vezes não facilito...já fui mazinha.

Tens conseguido encontrar praias desertas ou, mesmo aquelas que te parecem desertas, têm, passados trinta segundos, pelo menos um homem, a olhar?

Se não estavam, pareciam....e para mim, foi o suficiente.

É mais fácil tocar um violino ou um homem?

Sinto que quanto maior o domínio dos instrumentos, maior prazer pessoal conheço. Espero sinceramente que não sejam de alcance finito. Seria uma pena...

Alguma vez foste ver as mensagens no telemóvel de um teu namorado?

Claro! E regra geral, surpreendo-me sempre pela positiva ou pela negativa.

Não achas que fazes muito pelo violino em Portugal ou, pelo menos, levas muitos homens a fingir que gostam do violino em Portugal?

Recebi há pouco tempo uma mensagem que dizia: "um violino é infinitas vezes mais sensual que um varão". Gosto de pensar no tal "full package".

Já tiveste propostas indecentes que te envolvessem a ti e ao teu violino?

Não... deixa ver. Isso é ergonómico sequer??

Achas que todas as mulheres têm um ponto fraco que lhes permite ser conquistadas por qualquer homem? Qual é o teu?

Acho que todas as mulheres têm umas "campaínhas" no cérebro que quando são accionadas, criam uma empatia imediata que dá ao conquistador mais uns minutos de tempo para provar que ela não está ali a perder tempo. e aí a pessoa tem de continuar a "merecer" o tempo dispendido. é uma espécie de conquista de tempo e de "terreno" contínua. sabem que as minhas campaínhas foram accionadas quando me ouvirem dizer:"mas que boa surpresa!" aí, já tiveram de mim mais uns minutos. gosto de ser surpreendida. gosto de quem sai da sua zona de conforto e arrisca e o que não suporto é a falta de coragem e a cobardia. não posso com pessoas fracas.

Fazes muito voluntariado. Tens notado que, mesmo com muita fome e frio, os homens não deixam de lançar olhares lascivos a uma mulher como tu?

Noto que, mesmo com muita fome e frio, o humor não esmorece.

Achas que se houvesse mais violinistas como tu, os espectáculos de música clássica e erudita teriam mais gente que os jogos do Benfica?

Nos meus live act's tenho uma interacção imensa com o meu público. Gosto de estar perto, de fazer parte deles. Gosto de saber que serão "tocados" pela minha música e que sairão diferentes de como entraram, enfim, com a alma cheia. Há um preconceito erradíssimo com a música clássica (para mim, não existe música erudita). Como explicar que uma "casta diva" ( de Bellini) no som máximo, numa viagem de carro a 200km/h pode atingir o mesmo paroxismo que um intenso orgasmo?? e saber que está tão perto e é tão fácil!!!! como então passar definitivamente esta mensagem??

Uma mulher, para ser amada como deve ser, tem de ser tocada como um violino?

Tem de ser fodida com o coração. já o Pedro Paixão dizia: "Fode-me o corpo, não me fodas a alma"

O teu nome verdadeiro é Lia, ou seja, a 1ª pessoa do pretérito imperfeito de ler. Achas que isso marcou o teu destino?

1ª pessoa ou 3ª pessoa do singular! Já aqui havia indícios de alguma heteronímia! Já se adivinhava uma Noa a caminho... (risos) Um nome próprio é provavelmente a responsabilidade mais irresponsável do mundo. Nesta perspectiva, tive sorte...

Acreditas que as pessoas devem escolher um nome artístico com o mesmo número de letras do nome verdadeiro, senão dá azar?

Claro que não. "Noa" seria o nome que eu escolheria caso tivesse um dia uma filha. E tive-a: na forma de um alter-ego artístico.

Há alguma grande diferença entre a Noa e a Lia?

O tamanho do decote (risos).

Estudas Línguas e Literaturas Modernas. Não és demasiado intimidante para um homem, tocando violino e especialista em literatura?

Não, são gostos e estados pessoais que em nada podem fazer parte de um processo de julgamento. Não é justo nem para mim nem para a outra pessoa, nem para as outras pessoas. Eu não sou "a" música nem sou "a" literatura. gosto e estudo-as. apenas fazem parte de um todo que constitui a Lia. Mas há muitas Lias dentro da Lia.

Um teu ex-namorado roubou-te as passwords dum teu blog. Que conselho tens para os casais que sabem as passwords uns dos outros?

Não roubou. Ingenuamente, eu cedi-lhas para ele me fazer um favor e, mais tarde, ele utilizou-as contra mim, ressabiado, para me afectar. Na verdade, eu é que me enganei na pessoa. Mas a esta distância, não me parece completamente salutar, o companheiro saber TUDO de nós. E nem nós queremos saber tudo.

Fazes muito voluntariado junto dos desfavorecidos. Já ajudaste o Sporting?

O Sporting é amigo.

Planeias dar aulas. Achas, portanto, que os alunos merecem fantasiar com a professora?

Já dou aulas há 10 anos e a todos os tipos de alunos: desde os 3 anos aos 70, de música e de dança, a crianças ditas normais, a crianças de um APPACDM, a crianças de etnia cigana... como deves imaginar já ouvi de tudo. O caso mais extremo aconteceu quando uma adolescente com Síndrome de Dawn me disse que eu era maluca, rodando o seu dedo junto à testa. (risos) Espero ter incutido neles, bem fundo e para sempre, a sensibilidade artística e o gosto pela Arte. Quando vires alguém que a primeira coisa que faz mal pegue num livro é cheirar o interior das suas páginas, é porque foi meu aluno...

Adoras ler. Que tipo de livro serias?

Um livro de bolso para se ir consultando durante a vida e não consumido sofregamente. Um livro com o conhecimento condensado. Um livro para se degustar. Um livro de poesia de certeza.

Aprecias um homem letrado ou não queres partilhar os livros?

Aprecio um homem que seja o melhor naquilo que faz, não me interessa em quê.

Os pianistas são os grandes rivais dos violinistas?

Não, acrescentam.

Dás mais música a homens do que eles a ti?

Em proporção, sim. Sou suficientemente egoísta para não me conter quando quero alguma coisa: seja conhecer alguém, alcançar algum objectivo ou provar o meu ponto de vista. Tenho muito presente a Máxima da Economia e do Grau Zero de Consumição: comigo é "dois toques na bola e remate à baliza". São reminiscências das minhas gentes do Norte, acho.


Toda a entrevista na Maxmen de Abril.

Fotografias de Carlos Ramos.


7 comments:

  1. http://www.youtube.com/watch?v=KETGoa5Rn9M

    Esta é dedicada a TI ALVIM XD

    AHAHAHAHA GRANDE PORTO!!!!

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  2. Gaja! Muito mais interessante que o violino, tu é-lo. Passaste a ser o meu livro de bolso, transporto-o na cabeça. Ganhei avidez para ter a liberdade de dizer que não és boa como o milho, tu és bonita apenas. Uma mulher com coisas vivaças.
    És fudida quando a mostarda te sobe ao nariz, nessas alturas é agradável sê-lo. "Eu quero é ser feliz porra, ser feliz agora" José Mário Branco.
    Eu muitas vezes sou o cobarde de que falas, pois muitas vezes não tenho coragem de dizer determinados pensamentos, o risco é desconfortável, mas quando bem executado sabe bem lá estar.

    Forte abraço
    André Reis

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  3. A primeira vez que vi a Noa foi no programa "5 para a meia-noite" e pensei para mim "esta gaja é tão inteligente, linda, dotada, quase perfeita. Como é que ainda não apareceu na capa duma revista masculina". E até que enfim, lá apareceu :-)

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  4. Grande Alvim!
    Uma verdadeira maravilha revelada.
    Muito mais que a musica, foi o saber da artista.
    Deve ser do norte. Que musical e que afinação..!!!

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  5. ... Sinceramne, sempre me fizeram impressão muitas das as entrevistas do Heman José. Não porque não lhe assista o direito de fazer as entrevistas que entenda, do modo que entenda, mas por não perceber haver entrevistas que não deveria fazer, pelo simples facto de não ter estrutura para entrevistados e matérias que exigem outro folgo.

    Quero eu dizer, com isto, que o lado cómico ou pseudocómico não deve ser o subterfúgio, o esconderijo insuficiente da incapacidade de moderação, em determinados momentos e perante matérias e figuras que, mesmo à revela das mesmas, exigem alguma profundidade.

    A mim, que conheci a Noa -enquanto arista, no decurso de uma das suas recetes actuações-, a quem reconheci e reconheço algum virtuosismo, interessar-me-ia, fundamentalmene, conhecer o seu pensamento, a sua filosofia; o porquê da sua música, do seu discurso, enquanto violinista... É isso que eu espero, quando estou ou julgo estar diante de figuras cujo desempenho vai para além do chamado nível médio.

    ... Bem!, a abordagem do Alvim,sendo legítima, é redutora, porque, neste caso ou neste conexto, é-me indiferente se a Noa é boa, sexi,se tem boas "trancas"; se fode à tarde ou de manhã; se gosta de morenos ou loiros, ou se, mesmo, tem qualquer preferência ou tendência homossexual -se a minha ideia é ver automóveis, não quero ver gajas em cima do capot... e vice-versa. Cada coisa no seu lugar.

    Portanto, quem pensa em termos de Champions e rejeita os distritais, deve procurar inteirar-se, antecipadamente, sobre a natureza das entrevistas; não no sentido de saber ou de querer saber quais as peguntas, mas, como refiro, para ter a noção da atmosfera que o/a aguarda.

    O que eu presenciei foi uma entrevista -chamemos-lhe assim-feita a alguém que, tendo atributos substanciais, se viu esvaziada, reduzida a mero objecto sexual.

    Ora, penso que, em função do seu valor artístico -como executante, pelo menos-,e mesmo que a convesa contemplasse episódica comicidade, importante era ter sido salientada a faceta mais relevante da Noa, o seu nível, enqanto violinista. A sua sexualidade, o seu corpo e as suas tendências seriam abordados em espaço e momento em que o violino nãoivesse interferência -até porque,convenhamos, independenemente da sua capacidade artística, Noa não é, propriamente, uma figura sobejamente conhecida.

    Repescando a analogia utilizada, não podemos dizer que a Noa já tenha chegado à "Champions". Antes de falarmos e ouvirmos sobre o seu corpo e o seu aspecto e as suas tendências sexuais, é prioritário falarmos sobe os atributos técnicos e filosóficos da violinista. E, embora todo o artista tenha tendências e tenha sexo e foda -devendo fazê-lo com o coração e com a alma-, a questão propõe outro momento e outro enquadramento.

    Rodrigo Costa - www.rodrigo-costa.net

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  6. Pensando bem a Noa não é só
    boa violinista! É também muito boa...

    O senhor dos pinçeis...

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  7. ... Sinceramne, sempre me fizeram impressão muitas das as entrevistas do Heman José. Não porque não lhe assista o direito de fazer as entrevistas que entenda, do modo que entenda, mas por não perceber haver entrevistas que não deveria fazer, pelo simples facto de não ter estrutura para entrevistados e matérias que exigem outro folgo.

    Quero eu dizer, com isto, que o lado cómico ou pseudocómico não deve ser o subterfúgio, o esconderijo insuficiente da incapacidade de moderação, em determinados momentos e perante matérias e figuras que, mesmo à revela das mesmas, exigem alguma profundidade.

    A mim, que conheci a Noa -enquanto arista, no decurso de uma das suas recetes actuações-, a quem reconheci e reconheço algum virtuosismo, interessar-me-ia, fundamentalmene, conhecer o seu pensamento, a sua filosofia; o porquê da sua música, do seu discurso, enquanto violinista... É isso que eu espero, quando estou ou julgo estar diante de figuras cujo desempenho vai para além do chamado nível médio.

    ... Bem!, a abordagem do Alvim,sendo legítima, é redutora, porque, neste caso ou neste conexto, é-me indiferente se a Noa é boa, sexi,se tem boas "trancas"; se fode à tarde ou de manhã; se gosta de morenos ou loiros, ou se, mesmo, tem qualquer preferência ou tendência homossexual -se a minha ideia é ver automóveis, não quero ver gajas em cima do capot... e vice-versa. Cada coisa no seu lugar.

    Portanto, quem pensa em termos de Champions e rejeita os distritais, deve procurar inteirar-se, antecipadamente, sobre a natureza das entrevistas; não no sentido de saber ou de querer saber quais as peguntas, mas, como refiro, para ter a noção da atmosfera que o/a aguarda.

    O que eu presenciei foi uma entrevista -chamemos-lhe assim-feita a alguém que, tendo atributos substanciais, se viu esvaziada, reduzida a mero objecto sexual.

    Ora, penso que, em função do seu valor artístico -como executante, pelo menos-,e mesmo que a convesa contemplasse episódica comicidade, importante era ter sido salientada a faceta mais relevante da Noa, o seu nível, enqanto violinista. A sua sexualidade, o seu corpo e as suas tendências seriam abordados em espaço e momento em que o violino nãoivesse interferência -até porque,convenhamos, independenemente da sua capacidade artística, Noa não é, propriamente, uma figura sobejamente conhecida.

    Repescando a analogia utilizada, não podemos dizer que a Noa já tenha chegado à "Champions". Antes de falarmos e ouvirmos sobre o seu corpo e o seu aspecto e as suas tendências sexuais, é prioritário falarmos sobe os atributos técnicos e filosóficos da violinista. E, embora todo o artista tenha tendências e tenha sexo e foda -devendo fazê-lo com o coração e com a alma-, a questão propõe outro momento e outro enquadramento.

    Rodrigo Costa - www.rodrigo-costa.net

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