Todos querem uma novidade e eu também quero uma. Quero uma novidade que saiba a peixinho fresco apanhado logo pela manhã. Não quero uma novidade que já todos saibam ou suspeitem. Não isso não. Quero uma novidade que me faça dizer “Essa agora!” e pôr as mãos à cabeça em sinal de espanto.
Por isso os jornais são mais lidos que os livros, porque nos trazem novidades todos os dias. Porque mudam todos os dias. Um livro não. Peguem lá num livro e digam-me que novidades traz ele, na manhã a seguir? Não traz, porque não pode coitado. Se bem que era giro, um livro mudar com o tempo. Bastava chover lá fora e lá dentro, as letras humedeciam e tornavam a história mais escorregadia. Mudava tudo e os livros tornavam-se mais populares que os jornais. Mal via uma boa aberta depois de um dilúvio, abriamos o “Crime e Castigo” e diríamos: deixa cá ver o que me diz isto agora!
Mas não, os jornais serão sempre mais actuais e por isso mesmo são deitados fora. Tenho muita pena de ver um jornal deitado fora e não queria que deitassem este. Faz-me pena ver os jornais no chão ou a servir de cortina para locais que foram fechados. Ainda outro dia vi um senhor a pisar este meu espaço e disse-lhe em tom indignado “ Hei, tire o pé de cima da minha cara! As pessoas pisam os jornais, porque as novidades que lhes chegaram, são agora velharias.
Daí a emergência de tratarmos aquilo que não é novo como uma boa novidade. Os nossos pais serão sempre uma boa novidade, a nossa casa será sempre uma boa novidade, a nossa noite de natal será uma novidade incrível a cada ano que passa. Porque se assim não for, as pessoas, as instituições, os comportamentos vários, serão tratados como este jornal, quando perceberem que não há mais novidade alguma, depois da última página.
P.s - Hoje,Terça-feira, no 5 para a meia noite, na RTP2, os convidados são Judite de Sousa e Pedro Queiroga Carilho, autor do livro " O primeiro milhão para casais". Se quiserem assistir ao vivo ao participar via skype enviem os vosso nome e contacto para: alvim.producao@gmail.com. Até logo.
esta sede de noticias e o desprezo pl que não é novo, são meramente o reflexo da nossa sociedade actual, é tudo mt rápido...
ReplyDeleteé o corre corre em que não damos valor a certas coisas, mas que deviamos deviamos
bem, tendo ouvido a judite de sousa na prova oral, hoje Alvim, nem vou sair a noite para ver o programa, mentira é mesmo pk estou doente, mas assim ja tenho companhia :)
o 5 para a meia noite não devia acabar, vai deixar saudades :)
Um bom livro pode estar repleto de novidades. Trás-nos outras realidades, fantasias, estórias...
ReplyDeleteA diferença é que não tem letras grandes, nem, como é esperada numa noticia bem redigida, um resumo de tudo no primeiro paragrafo. Só por isso é que os jornais são mais populares.
Ah! e ainda, um livro depois de lido, não serve de cortina nos locais fechados...
Chover no livro? Humm...nunca vi. Mas vi-te há pouco a dar uma chuveirada no livro da Judite Sousa com a tua caneca de água. Com sorte, minha Oprah confessa (vês como tinha razão há umas semanas atrás!!!!), todas as letrinhas ficarão mais humídas e a história escorregadia.
ReplyDeleteboas alvim!
ReplyDeleteé engraçado este post, sendo ele produzido horas antes de em pleno directo entornares uma caneca de agua em cima do livro da Judite Sousa. quando falas em letras humedecidas, já era um pronuncio para o que te iria acontecer.
grande programa!!
Aquele abraço..
É por estas e por outras que me custa tanto desistir de coisas e pessoas que me parecem ser, por mais que o tempo passe, uma constante novidade.
ReplyDeleteAlvim..
ReplyDeleteSegundo a própria é JUDITE SOUSA :))
Quanto ao livros e jornais. Prefiro um livro e mesmo que o leia mais que uma vez há sempre um pormenorzito que me tinha escapado.
Os jornais de facto acabam por ter fins menos dignos, ou vão isolar chão e/ou janelas ou acabam num contentor de reciclagem (bastante melhor)
Um livro trará sempre novidade em qualquer releitura que se faça com distância da 1ª, pois mesmo que o seu corpo de texto físico não se altere, o leitor transforma-se e vai-se transformando e com ele a percepção do que está escrito :)
ReplyDeleteQuando Judite (sem de) Sousa disse "et voilà" em relação ao sangue azul "de Alvim" , confesso que esperava em francês..."noblesse oblige" mas isto sou eu com o meu mau feitio.
Parabéns pelo vosso trabalho, confessem lá, divertimento!
Alvim, é impressão minha ou esta foto é do grande João que, graças a ela, ganhou uma fantástica, inesquecível e estonteante viagem aos Açores... a bordo do 'meu' Creoula!?!
ReplyDeleteQue saudades!!!
E obrigada à Antena3 por nos terem enviado esse grande maluco!
(ok, este comentário não tem nada a ver com o post, mas não podia deixar de o fazer)
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Os livros oferecem-nos conforto. Volta e meia acontece-me ir á página cento e tal de um livro qualquer, buscar colinho. Imagine-se que ás páginas tantas encontrava Dostoiévski a indagar a maldade que eu tivera feito, em vez de me dar o perdão que eu esperava? Era uma treta!
ReplyDeleteAmbos têm direito a uma estante.
Quando quero ar fresco, rogo para que chovam 365. Caso aconteça, um dia destes, apanhá-las-ei todinhas.