Sunday, February 22, 2009


Antes que saia a reportagem que fiz no decorrer da edição deste ano do Salão Erótico do Porto, eis que aqui vos deixo a que dei à estampa aquando da edição de Lisboa. Foi aí que vi, pela primeira vez, a extraordinária Natali. obviamente, ambas as reportagens são para a Maxmen. A próxima sai já com a edição de Março. Eis o artigo:

Não era a primeira vez que estava no Salão Erótico de Lisboa, na verdade, desde que se iniciou este pecaminoso certame no nosso pais, terá sido a quinta ou sexta vez que o visitei. E das edições anteriores recordo o mesmo de sempre: cheira a sexo.

E isso é bom. As pessoas que vão ao Salão Erótico de Lisboa gostam assumidamente de sexo e quase que aposto que se houvesse ali alguém, com um daqueles megafones enormes, com credibilidade suficiente para dizer "Podem começar a fazer sexo uns com uns outros!" e era certinho, que tudo aquilo, imediatamente, se transformava numa orgia muito grande e saborosa.

A ideia que eu tenho é esta. Que estamos perante um barril de pólvora e que ao mínimo deslize tudo aquilo explode. E os olhares das pessoas são denunciadores disso mesmo. E se ninguém estivesse a ver, não tenho dúvidas, que mais de metade dos que ali estavam, teriam uma postura muito mais participativa e muito menos reservada. Mas estão todos a ver e é uma chatice. Se bem que há quem não se importe e aceite o desafio de ali mesmo, à frente de toda a gente, ser presenteado com uma exótica performance. A mim não me apanham. Já passei a fase do roço – que era assim que se chamava - há muito tempo. Metia-se a miúda lá em casa quando os pais estavam no trabalho e quando finalmente a convencíamos a ir para o sofá com a garantia de que eles só chegariam muito mais tarde, começávamos no roço. Lembro-me tão bem: de ouvir o silvo do cinto das calças, o rugir da ganga, o arfar de ambos, o sofá a estremecer como se fosse os amortecedores do carro e a campainha a tocar entretanto. Os dois a saltarmos, os dois vermelhos de espanto, os dois a abrimos a porta, os dois a percebermos que afinal tinham chegado mais cedo.

E dirão vocês, o que terá isso a ver com o Salão Erótico? E eu respondo: tudo. O salão erótico faz-me lembrar esse tempo em que ficávamos inquietos com a descoberta de coisas como as que agora aqui estão representadas. Mas vamos por partes:

O local: o local não está mau mas podia ser melhor. Eu gosto deste pavilhão da Expo mas um evento como este devia ter um outro chão, devia ter mais veludo, mais velas, mais escuridão - que não havendo - as pessoas não dançam e toda a gente sabe isso. A porta. A porta, deveria ser algo semelhante à porta de entrada do lux no dia do seu 10ª aniversário. Isto é – e perdoem-me a expressão – uma vulva gigante. Antes que digam "credo!" e "ai Jesus!" vamos cá ver, isto não é o museu do brinquedo, é a festa do sexo, caramba!

Os filmes: Devia haver sessões de cinema com títulos sugestivos e com boas condições para quem os vê. Devia haver uma sala pequenina, só para 20 pessoas, com cadeiras confortáveis e um whisky com duas pedras de gelo se me fizer a fineza. Muito obrigado. Mas em vez disso, há uma sala onde toda a gente está em pé – hei não comecem a disparatar - e muita luz de novo. Lá, no filme que era projectado, vi uma senhora que foi surpreendida pelo seu marido, que ao chegar a casa mais cedo do que estaria previsto a encontra na cama com o seu melhor amigo. O curioso é que em vez de dar uma sova a ambos, este cidadão não só perdoa a mais do que evidente traição, como se junta a ambos para um pequeníssimo mas muito agradável bacanal.

As mulheres: A mim ninguém tira a ideia de que estas mulheres que aqui vemos a rodopiar no varão são dedicadas esposas que se entregam à bricolage e ao crochet quando chegam a casa. O olhar destas fotos é denunciador disso mesmo. Em cada uma delas eu vejo uma outra mulher com uma camisola de lã muito quentinha, estendida em toda a plenitude do sofá, a fazer-nos cafuné. Para além disso, não é aconselhável que uma mulher venha para uma coisa destas com uma saia muito curtinha porque pode ter dissabores ao ser confundida com uma profissional. Ou então pode ser sempre iniciar-se numa nova actividade.

Os homens: Eu não sei se os homens gostam mais de sexo do que as mulheres mas a verdade é que há muitas indicações nesse sentido. Um homem olha para outro homem numa coisa destas e vai dizendo "Este é cá dos meus!" enquanto que duas mulheres se se encontram em algo semelhante, mesmo que o não digam frontalmente, lá dentro, aposto que estarão a pensar "Esta aqui, saiu-me uma boa galdéria!"

As caipirinhas: Nunca percebi a ligação das caipirinhas com o salão erótico mas a verdade é que há sempre,e já não é a primeira vez que saio dali como o aço. As caipirinhas parecem inofensivas mas à terceira já começamos a pronunciar muitíssimo mal palavras que tenham a letra "R." pelo meio.

Pornografia Nacional: Praticamente não existe e o que existe é tão mau que mais valia estarem quietos. Precisamos já de bons argumentistas e sobretudo boas actrizes e actores que lhes possam deitar uma mão. De preferências, as duas. Com títulos como " Fim-de-semana lusitano" não vamos lá. Tem que haver imaginação com nomes como: "Malucas no convento de Mafra", "Sexo no cabo Espichel". Assim, ainda pode haver alguma esperança. De contrário, não.

A figura do salão: Para mim e peço já desculpa a todos, não há dúvidas que foi o senhor que estava a representar a cidade das Caldas da Rainha. Eu não sei como poderei explicar isto de forma a que me entendam, mas esperando que saibam qual é um dos símbolos maiores deste concelho, saibam pois que havia de tudo. Desde pequenos a grandes, havendo de todos os formatos e feitios. Disse-me o senhor que num daqueles dias uma distinta senhora lhe terá levado um daqueles objectos convencida de que levava ali vibrador. E se pensarmos bem, se calhar também pode dar, mas poderá ser difícil explicar isso no hospital se partir.

As fotos: As fotos são como sempre do Carlos Ramos e quem andou a buscá-las por todo o salão fui exactamente eu. A ideia era esta: Deitá-las no sofá e dar-lhes uma dignidade que possivelmente não estariam à espera. Queríamos que olhassem para estas fotos e dissessem "Com esta casava-me!" e em algumas delas, isso pode bem acontecer

Notas à Marcelo rebelo de Sousa mas sem rodriguinhos nem trejeitos de classe alta:

Positivo: As mulheres que começam a ter vergonha na cara e não se deixam ficar em casa quando há uma coisa destas a acontecer. A homenagem ao Brasil que tanto tem feito por isto. O espaço para o swing.

Negativo: A homenagem ao Brasil que se esqueceu de trazer a Maitê Proença e outras do género. O local que podia ser mais quente e mais escuro. O facto de ter saído dali de mãos a abanar.








3 comments:

  1. a minha teoria para quem vai ao Salão Eróticos é esta:

    - 1/3 vai lá para ver como é que é uma mulher nua;
    - 1/3 vai lá para ver se aprende alguma coisa ou ganha ideias
    - 1/3 vai lá porque têm os bilhetes anuais da FIL ("já estão pagos! não vamos desperdiçar!!

    ah ah ah ah

    ReplyDelete
  2. Entre Fim de semana lusitano e malucos no convento de mafra não vai uma grande diferença, ò Alvim - mantém-se um certo pudor e as desnecessárias referências nacionais que duvido que te dêem tesão. E que tal, Elas gostam muito de mayonese? ou, O Godzilla anal? ou ainda, Sábados de Deboche (por causa da aliteração)

    ReplyDelete