Desde muito cedo que nos tentam vender a ideia que a vida é uma coisa divertida e, às vezes, pode não ser tanto assim. A vida pode muito bem ser isto, apenas e só. Daí que muitas pessoas, quando questionadas sobre o que é a vida, respondam encolhendo os ombros em tom resignado “A vida é isto!”. Não mais do que isto- digo-vos eu. Daí que se tente disfarçar que a vida é um outra coisa que não esta, como quem está a vender umas férias em Time Sharing no Algarve: “Que é uma vivenda gigantesca, com vista para o mar, piscina exterior, 3 quartos e jacuzi” e chegados lá, vai-se a ver e é um T1 daqueles ranhosos com pouco mais de 20 metros quadrados e vista para o prédio em frente, onde curiosamente, estão outras pessoas a olharem para nós, como se ao fazê-lo, avistassem o mar prometido”. A vida é pois um timesharing daqueles que se vendem ao meio da tarde na Rua Augusta. E quem disser o contrário, não sabe o que é a vida.
E o que eu sei, é que no início de tudo, quando somos bebés/crianças, se há coisa que detestamos fazer é: Comer e Tomar banho. Talvez não se lembrem, talvez agora digam que no vosso caso não era bem assim, mas vos garanto que não terão sido um caso de excepção, porque invariavelmente isto acontece com todos. E quando isto acontece, mentem-nos, dizendo que é muito divertido: “Não gosto de sopa!” e já vão dizendo entre sorrisos “olha o aviãozinho!, “ Não quero peixe!” e “ aqui está para a princezinha, o peixinho todo feito em papa que assim é que é bom”, “ Não quero tomar banho” e mil barquinhos navegam agora em águas mornas, bem como toda a espécie de material flutuante. E quando mais tarde, já com a formação dentária quase completa, chegamos à idade do “quero isto e quero aquilo”, alguém nos avisa franzindo o olho: “tu não tens quereres, rapazinho!”. Essa agora, eu não tenho quereres? Isto é, até à data, bastava espumar da boca para me moerem a sopa que eu não gosto de couves e feijão-frade, e agora, agora que sei falar, agora que sei o que quero e não dou azo a más interpretações dizem-me que não tenho quereres. Pois “Tenho sim senhor!” e saibam que não são poucos. Sendo que um deles, é precisamente divertir-me quando eu quero e não quando todos querem que eu me divirta. Ora bem, eu não faço birrinha, nem bato o pé, mas basta-me ver as pessoas a contarem em sentido descendente e só de pensar que terei que saltar muito e fingir-me muito contente e feliz quando disserem “Bom Ano!” é mais do que suficiente para me sentir desmotivado. Não é que não o faça – uma garrafa de Moet chandon nestas coisas ajuda muito – mas custa-me, sabem? Custa-me o 5, o 4, o 3, o 2, o 1, custa-me chegar a esta gravidade Zero.
E quem fala assim, não é gago.
ReplyDeleteA vida é isto. E isto, é o que fazemos dele.
:)
Bjs!
não costumo vir muito aqui, aliás quase nunca venho, porque hei-de vir? bem, escreves bem e coiso e tal, mas hoje tinha que comentar (se não anulares o comentário claro) mas é que percebo absolutamente o que queres dizer, a gravidade zero que mencionas. AAAAHHHHH como me é dificil a contagem decrescente. Como me é dificil mostrar felicidade só porque é suposto, e não sendo suposto como é absolutamente delicioso festejar a felicidade. porque é que de uma vez por todas não se institui que cada um festeja o que quer, quando quer e porque quer? que raios, bem no fundo até acho que a grande maioria há-de concordar que iriam haver muitos mais dias felizes fazendo a coisa entre os dias à nossa conta e os dias à conta da felicidade contagiante (quando a fosse) dos amigos, isso é que era!
ReplyDeleteDá gosto ler coisas assim ;)
ReplyDeleteSenti as palavras deste post. Incrivelmente revejo-me nelas. E sim, a vida é isto, isto e muito mais do mesmo. E essa gravidade zero a que te referes traz-me inquietação e uma sensação de que o que virá, será apenas mais do mesmo. Mas há quem goste de entrar com o pé direito e uma ilusão optimista. Talvez o "isto" seja isso mesmo para alguns.
ReplyDeleteViva!
ReplyDeleteRevejo-me completamente nas tuas palavras. Para mim não há nada mais desmotivante e deprimente, do que dizerem-me que não tenho quereres. Concerteza que tenho quereres. Os meus quereres. Aqueles que só o facto de os desejar me deixam feliz e me fazem lutar todos os dias por eles e não só.
Tal como tu, custa-me a aguentar aqueles infimos segundos que assinalam o final de um ano. Custa-me fingir que está tudo óptimo e que estamos muito contentes por iniciar uma nova fase das nossas vidas, quando, se calhar, está tudo longe de estar bem e o medo começa a instalar-se em nós!
Porém, acredito que tudo passa, precisamos é de tempo para que passe e só aí conseguimos recuperar e ganhar força para enfrentar tudo e todos. (E, quem sabe, mudar o mundo!) Só aí conseguimos divertir-nos.
Mas é sempre bom saber, que há mais alguém no mundo com pensamentos semelhantes aos meus... =)
Saudações.
Ana Raposo
Alvim, Alvim, continua assim...até rimei!
ReplyDeleteIdentifico-me muito com o que dizes, e fica sabendo que adoptei e adaptei aquela do Gato Fedorento "faço o que eu quiser, não mandas em mim".
Resumindo, estou aqui neste planeta para me divertir, para ser feliz, e vou fazê-lo mesmo a trabalhar, algo que o comum dos mortais portugueses não fazem! Que se lixe, sou portuguesa mas faço parte duma excepção, "dum nicho de mercado", é pá sou uma ave rara!!!
bjinhos
Gina
O meu aniversario este ano,um dia de sol fantastico,passado junto á praia com a pessoa que eu queria a pessoa por quem eu estava completamente apaixonada o meu "caso" que acho que nao passou disso,infelizmente ainda sou daquelas inocentes que acredita nas pessoas e em relacionamentos!mas este nao passou de um caso de 2 anos em que ele voltou para a ex...!adiante,dia lindo,inicio de primavera,cheirinho a praia como so ha nas praias do norte,prometia ser um belo dia de aniversario porque a semana anterior tinha sido simplesmente horrivel,tinha perdido o meu melhor amigo,de uma forma inaceitavel!!ele dizia "eu nao nasci para ser feliz" e resolveu deixar de ser infeliz!!mas o meu dia acabou por revelar-se uma dresgraça,a imagem do meu amigo nao me saia da cabeça,eu tinha estado exactamente com ele naquele sitio a semana anterior a almoçar,a pessoa com quem eu tinha uma relaçao nao sabia que era o meu aniversario e demonstrou uma frieza impressionante!!eu pensei..."a vida é isto?!perder pessoas,nao ter sucesso profissionalmente,ter uma pseudo-relaçao e ser tratada com desprezo e indiferença?" como boa nortenha disse meia,uma duzia de palavroes (pois esta claro que antes disso chorei como nao houvesse amanha)mas disse e passei mereço mais e melhor!!hoje,passado 3 meses e meio estou com sucesso profissionalmente,sino-me optima,ha dias de verao fantasticos,ja me ri muitas vezes com os meus amigos!!e digo,ISTO SIM,É A VIDA!!!cada tem de fazer por si!!so nos proprios conseguimos o melhor para nos!!
ReplyDeleteP.S-eu gostava muito de assinar mas confesso que sou muito lorpa nisto das tecnologias e nao sei...de qualquer forma,sou a eva...
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida e a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela va a falencia. Ser feliz e reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensoes e períodos de crise. Ser feliz e deixar de ser vitima dos problemas e se tornar um autor da propria historia.(...) E agradecer a Deus a cada manha pelo milagre da vida. Ser feliz E nao ter medo dos proprios sentimentos. E saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um nao. E ter seguranca para receber uma critica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
ReplyDelete(Fernando Pessoa)
Pois eu abano a cabeça em sinal de aprovação e assino por baixo!
ReplyDeleteCusta-me quando às vezes somos olhados de lado quando tentamos impõr as nossas vontades só porque a maioria acha que não é a altura correcta para o fazer.
Entendo essa gravidade zero à qual não queres chegar. Mas eu que sou um dos sortudos que já teve o prazer de sentir na pele o que é a verdadeira gravidade zero, digo-te para não teres problemas que ela venha mas sim faz-lhe um brinde porque te vais divertir à grande!