Quando António Revez me fez o convite para escrever um prefácio para o seu novo livro, estaria longe de perceber que ao aceitá-lo o iria escrever em plena cama do hospital São José em Lisboa aquando de uma segunda operação, a que aqui o rapaz teve que ser submetido depois de um desafortunado acidente de mota.
No momento em que o escrevi lembro-me de que estava com um pijama que me havia sido dado pelo hospital - lindo de morrer! - e uns confortáveis chinelos de papel. Sem ler o livro, ainda sob o efeito da anestesia, foi uma sorte o ter conseguido.
Eis o prefácio:
De cada vez que vejo um livro cheio de palavras – como este que irão ler a seguir – fico muito feliz. Digo: "olha um livro!" e, posto isto, arremesso-me da primeira janela que tiver pela frente.
Quando vi este livro do António Revez estava felizmente num segundo andar, e é por isso que já com a clavícula fracturada e com duas ou três escoriações faciais sem importância, que escrevo este prefácio.
Quando vi este livro do António Revez estava felizmente num segundo andar, e é por isso que já com a clavícula fracturada e com duas ou três escoriações faciais sem importância, que escrevo este prefácio.
E para que serve? Para que serve um prefácio? Pergunto.
A ideia que muitos têm sobre um prefácio é que é algo que serve como uma espécie de recomendação gastronómica, tipo: "Tens que ir ao restaurante Casa do Adro que é muito bom", ou algo como, "Acho que devias ir ao Dr. Giestas. O Dr. Giestas é o melhor cirurgião do país".
Nota: É ou não é verdade, que só existem duas coisas em que as pessoas estabeleceram usar o epíteto "melhor" sempre que a elas se referem? Falamos de médicos: "É o melhor disto, é o melhor daquilo, “es lo mejor cariño", ou então quando nos referimos aos restaurantes da Mealhada:"O Pedro é o melhor!", "Não senhor, o Virgílio é que é!","Vocês endoideceram, a Meta, a Meta é que é o melhor!".
Onde íamos? Adiante. Falávamos sobre prefácios e o pior dos erros que podemos cometer ao fazer um, é precisamente ler o livro para o qual estamos a escrever. Quer isto dizer que eu não li uma única linha do que aí vem a seguir, e sabem que mais, não preciso. É nestas alturas que temos de nos lembrar de uma boa frase que uma qualquer celebridade tenha dito a propósito do que quer que seja numa revista do social.
Por exemplo, o Luís Represas gosta muito de dizer que os seus discos são discos de afectos, o que, com verdade, dápara tudo ("o meu restaurante é um restaurante de afectos";"o meu programa é um programa de afectos"; "o meu clube é um clube de afectos") pelo que não é difíciladivinharem que assenta como uma luva dizer já a seguir "O livro do Revez é um livro de afectos" e adeuzinho, vou indo que já se faz tarde.
Mas não, Revez merece mais um parágrafo, ou dois, ou três, os que forem precisos, mais que não seja para vos contar a forma como o conheci (se não quiserem saber desta história, podem muito bem ir comer qualquer coisa ao frigorífico ou beber algo fresco e voltarem mais daqui a pouco, que entretanto já terei isto concluído). Dizia.
Lembro-me bem da primeira vez que estive com ele, foi numa esplanada de Beja – a sua terra – e pressentindo conhecê-lo, com um brilho esfusiante no olhar, disse-lhe num fôlego: "Podia trazer-me um ice-T e uma salada mista aqui para esta mesa?". Foi aí que Revez me explicou que não, que não trabalhava ali mas que se eu quisesse, podia muito bem levantar-me e ir ao balcão fazer o pedido. E desde aí brincamos com isto. Chego a telefonar-lhe e a dizer "Sai uma tosta mista", e o sacana manda-me logo um SMS a ordenar, "Duas imperiais aqui para a mesa do fundo". De maneiras que foi isto que aconteceu e um destes dias, na brincadeira – lembro-me que já era tarde e estava para o frescote – enviei-lhe um SMS a dizer, "Sai um prego no prato ó faxavór", ao que o malandro me responde, "Sai um prefácio aqui para o Revez!". E pronto, aqui está ele. E agora que está feito, agora sim, vou começar a ler este livro.
Estou sem sono, ando a ter uns sonhos, digamos, diferentes do habitual, venho até à net ver os mails acumulados pela falta de tempo, uns sérios, de trabalho, uns com piada, outros a rogar uma praga de sei lá quantos anos de azar se não os enviar a não sei quantos amigos, venho cuscar os blogs do costume e vejo uma imagem familiar, olho para a prateleira que está ao meu lado e a imagem repete-se, espera, eu tenho este livro. Comprei-o numa livraria perto de casa e o funcionário disse-me quando o comprei: "Acabou de salvar uma vida" (piada dele ao titulo) e eu respondi " cá por mim ela podia matar-se é menos uma concorrente" ( não sei se repararam mas a gaja da capa é boa e eu, enfim, adiante.)Voltando ao que interessa, o livro. Gostei imenso. Ri-me imenso, li-o de uma assentada, recomendo. Só não é recomendável a pessoas sensiveis pois pode ferir certas susceptibilidades, ou talvez não.
ReplyDeleteQue riso esse livro....Tá demais!!!...Acho interessante a tua posição qto a ler o livro antes de se escrever um prefácio, lá tá!,- Axas precisamente o contrário do q o comum dos mortais acha....é isso que te torna peculiar....tb axo mais intimista, e de melhor qualidade, o q escreveste no teu...Se editar um livro convido-te, p escreveres o meu, podes ter a certeza!!!
ReplyDeleteSai outro prefácio, ó faxavór....
Bjão
Se eu fosse homem usava bigode.
ReplyDeleteÉ tudo.
Boa noite e adeus.
Também comprei e já li o livro. É o máximo!! Delicioso, bem escrito, inteligente e muito, muito, muito divertido. O prefácio é mesmo à... ALVIM!!! LOL
ReplyDeleteRute G.S.
Onde é q se compra essa cena? pelo prefacio, promete! Passei por uma livraria esta manhã e n encontrei. está esgotado? EU kero!!! Mete gajas nuas? eheh
ReplyDeleteAhahahaaahahahhahahahahahahahhahah AHA!
ReplyDeleteAinda bem que há pessoas que marcam a diferença!! Muito bem...
Esse Revez é um grande maluco... conheço cenas dele desde o "DNJOvem", essa que foi a rampa de lançamento de muitos dos bons escritores e escrevinhadores que por aí andam. as crónicas são muito fixes, mas o pessoal está à espera de um romance. vamos nessa???
ReplyDeleteBem,bem, muito bem!...
ReplyDeleteRevez tem armadura e porte de armas..que poderia mais dizer?!...
Parabéns e frente!...
Edera