Vivemos num tempo em que todos têm uma posição e a verticalidade – não sei porquê – é mais elogiada do que as outras. As pessoas gostam de pessoas verticais e isto já vem de tenra idade quando nos davam um calduço e nos diziam “Põe-te direito pá!”. E nós punhamos, como se estivéssemos numa parada militar nos instantes que antecedem a passagem do comandante das forças armadas.
Na política a verticalidade é igualmente um ponto de honra e não há memória de alguém alguma vez ter dito algo como: “Bem, respeito o senhor deputado, porque teve uma posição de grande horizontalidade!” - da mesma forma, que rareiam as pessoas que admitem optar por uma posição intermédia por dar um ar pouco decidido. A regressar a alguma coisa, que seja à posição inicial, que habitualmente significa que as negociações não resultaram em nada e que há aqui mão do Joe Berardo.
No futebol por exemplo é notória a frequência com que se diz a meio de um relato “Aí está Nuno Gomes em muito boa posição para marcar, vai arrancar, atira e aí está, escandalosamente ao lado! Minha nossa senhora!” Já nas discussões conjugais, é quase certo que no intenso calor de troca de acusações alguém dispara “Desculpa, como é que tu podes dizer que dás mais atenção aos miúdos do que eu, tu não estás em posição de dizer uma coisa dessas “e dito isto, atira-lhe com toda a força com uma terrina da vista alegre ao dorso frontal. Os putos choram.
Um patrão meu, ao mínimo sinal de indecisão por parte de alguém em aceitar os seus desafios dizia sempre isto: - “Ouve meu bom rapaz, tu tens duas posições que podes tomar – a demissionária - que passa por abandonares o que te proponho sem que isso dê lugar a qualquer indemnização - ou a pró-activa - que implica não só aceitares isto com unhas e dentes, mas sobretudo fazeres com que isto obtenha o êxito que ambos sabemos que podemos alcançar”. E posto isto, abraçava o empregado e dizia invariavelmente: Vamos lá, seguido de um sonoro palavrão! – E isto para quê? Precisamente, para afirmar a sua posição. Já repararam que ninguém nega a sua posição e quando confrontados com essa possibilidade respondem sempre do mesmo modo. Alguém acusa: “O senhor está a negar a sua posição!” E do outro lado é direitinho que alguém responda: Pelo contrário, estou precisamente a afirmá-la! Porque eu tenho uma posição a manter.
Ora essa, todos nós temos uma posição a manter, seja na mesa de jantar – a minha é ao centro em frente à televisão – no sofá – do lado direito, encostado à porta e cheguem-me duas travesseiras para eu me esticar – e também na cama, onde há uma tese que defende que o homem dorme sempre do lado da porta para proteger a sua companheira. Sozinho, durmo do lado direito. Acompanhado, reparo agora que também. Sim, que eu sou muito forte. Contudo, há quem não tenha nenhuma, as mesmas que ao não conseguirem dormir desabafam “Não encontro posição” como se para dormir fosse preciso uma. E é.
Há de resto pessoas com posição e outras com exposição, neste último caso, pessoas que já tiveram posição mas que agora não têm, daí o ex-posição. Outras, gostam de dizer “O senhor está a deixar-me numa posição incómoda” enquanto é frequente ouvirmos comentários de ciclismo que dão conta que determinado atleta “está a ganhar posição em relação aos seus mais directos perseguidores”. Para mim, apenas guardo este ensinamento: Quem tem sempre a mesma posição, mais depressa tem uma cãibra. (verdade, é assim que se escreve)
Podias tentar saber a posição do líder do novo partido, o MMS, que eu ainda n percebi
ReplyDeleteDesculpa, Alvinzinho, Alvinzinho, mas tenho que marcar a minha posição. Não é "E nós ponhamos, como se estivéssemos...", mas sim, púnhamos, como se... ;-)
ReplyDeleteDesta vez, trocámos de posição!:-)
Bjs
E também não é "púnhamos". Por favor...aprendam a escrever.
ReplyDeleteQual a necessidade de saber escrever bem e correctamente com fans deste gabarito, e, o modo tão meigo como se dirigem…
ReplyDeleteAprendizes fugazes de português, antes de comentarem recomendo, singelamente, a adequada lavagem à cara ao acordar e pensem! A pressa pode arruinar a vossa tão dedicada e ansiosa observação ao texto.
Cumprimentos
todos souberam criticar o "ponhamos" e "púnhamos", mas acabaram por não escrever a forma correcta. já agora também gostava de saber como é...
ReplyDeletepunhamos
ReplyDeleteFinalmente alguém que se interroga.
ReplyDelete"E nós ponhamo-nos como se...", esta é a forma correcta!
Mais uma vez…os meus cumprimentos
Pretérito Imperfeito do Indicativo
ReplyDeletepunha
punhas
punha
púnhamos
púnheis
punham
Detesto gente teimosa e ignorante!Consulta a gramática antes de dizeres que não é "púnhamos", mas sim "punhamos", ok? Oh, anonymous!!!
Alvim, corrige isso outra vez :-P!
pronto, aqui o escriba já corrigiu e está tudo bem outra vez. A vida volta a ser vonita!
ReplyDeleteOra esta...
ReplyDeleteArrrrre que estava a ficar irritada, com estas tuas leitoras!
É uma questão de posição;-)!A vida já era "vonita" na outra posição, mas se podemos mudar sem ter cãibras, porque não fazê -lo?
Bjs, Alvinzinho!
É assim, querido Fernando, quando se atinge uma determinada posição, ficamos mais expostos às críticas e ao olhar minucioso de quem nos rodeia...
ReplyDeleteBom texto, é esta a minha posição, (além de outras...)
Bjo
"Pequena correcção", para quem ataca os ignorantes, e para alguém que acredita nele...(pior a emenda que o soneto).
ReplyDeleteA questão levantada insere-se num verbo de reflexo (conjugação do verbo pôr-se).
Neste âmbito, e corrigindo o meu comentário anterior, escreve-se correctamente da seguinte forma: "punhamo-nos"
Um Gabiru que não sabe conjugar verbos..."que vonita é a vida assim"... aconselho vivamente a adquirir rapidamente uma gramática actualizada meu caro...
Cumprimentos (versão III)
Falam falam mas...
ReplyDeleteEu estou em posição de afirmar que está aqui um belo texto! :)
beijooooooooooooo
p.s.: "Mais vale a emenda que o cianeto!"
Eu cá prefiro a posição horizontal!!! ;)
ReplyDeleteNo que este homem se lembra de pegar!Admito que nunca me tinha ocorrido esta história das posições...Aliás só mesmo a ti para ocorrer tal coisa!Mas como sempre, tu estás lá!
ReplyDeleteBeijinho
Pormenores... A essência está lá e é do melhor! Inteligência, génio, humor e um grande poder de observação arguto, mordaz e que muito me apraz. (Olha até rimou). Alvim "AO MAIS ALTO NÍVEL!"
ReplyDeleteDe acordo com o "Guia Prático dos Verbos Portugueses", de Deolinda Monteiro e Beatriz Pessoa, o imperativo é "ponhamos". Sendo assim, deverá ficar "ponhamo-nos", como em "conheçamos" - "conheçamo-nos".
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