Tuesday, April 17, 2012

PASSATEMPO: Como esquecer alguém?

Amor de língua

Sou a favor dos beijos com língua. Sou contra os chochos. Pronto, podem prender-me. Onde é a esquadra mais próxima? Estão aqui as minhas duas mãos, ficarei na cela que me propuserem. Mas antes disso, deixem que me explique, fazendo de todos os que agora estão a ler isto – e gosto de pensar que são muitos – uma espécie de jurados à americana, como nas séries, como na televisão. De modo que é isto, não gosto de chochos. Para começar, porque nunca sei como é que se escreve (xoxos?!). Depois, porque só a palavra em si é chochinha. Quando os chochos chegam a uma relação, algo vai mal. E tenho reparado que são muitos os casais a despedirem-se com um, quando se separam para o emprego. É o clássico, o carro pára, um deles deixa o outro no local do emprego, diz-se até logo e cá está, como diria Gabriel Alves “ohhhhhh, um xooooxinhhho caro telespectador, aí está uma perfeita leitura de jogo, e aqui o temos, um chocho de grande amplitude técnica! Uma maravilha, um hino aos que beijam por esse Portugal fora!”. Mentira. Gabriel Alves nunca diria uma coisa destas pois, tal como eu, sabe que um chocho nunca pode ter qualquer espécie de amplitude técnica. Quando muito, o chocho é o primeiro passo para o beijo na testa. E isso dava eu à minha avó, que Deus a tenha. Por isso sou tão contra e só admito o chocho em situações de iminente exposição pública. O caso do carro, não é suficiente exposição. Um homem, ao despedir-se da sua mulher, deve – no mínimo – dar um pouco da sua língua. E ela também. O amor não pode ser celebrado com um chocho. O amor tem que ter língua. E esta deve ser usada, que é para isso que ela serve.

O problema do amor é ter deixado a língua cá dentro. De a ter retraído com o passar do tempo. De a ter cativa na sua boca. O amor, esse que nos encosta à parede e nos apressa os compassos cardiovasculares e nos tira a roupa e nos desmancha a cama e nos faz não atender o telefone – porque é que nos ligam sempre a estas horas? –, esse amor de que agora falo, que nos faz sentir vontade de chegarmos a casa mais cedo e mandarmos uma SMS a dizer que estamos inquietos no trabalho só de pensar que daqui a pouco estaremos juntos – e vamos estar juntos – e telefonar só para ouvir a voz do outro, e mandar uma tosta mista para o emprego dela com um papel a dizer “Toma, é para ti!”, esse amor precisa de língua! E, por isso mesmo, nunca se poderá celebrar com um chochinho!


Como esquecer alguém?: Este é o título do passatempo desta semana. Em aproximadamente 500 caracteres, escrevam um texto sobre o amor e onde dissequem esta questão: «como esquecer alguém?». Ora, o que está em jogo é um exemplar do meu livro «Não és tu, sou eu», devidamente autografado - e entregue em mãos na próxima sexta-feira, na Fnac do Norte Shoping, às 21h30 (onde estarei a apresentá-lo). O mail para onde devem enviar as vossas participações é: alvim.passatempos@gmail.com

2 comments:

  1. A melhor maneira de esquecer alguém é deixar de tomar os comprimidos para o Alzheimer.
    Avô, 1937.

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  2. Basta deixarmo-nos cair numa cama elástica gigante, sem medo. Ela ampara-nos a queda ao mesmo tempo que nos catapulta para um pulo novo. E enquanto houver esta actividade, todos os fins serão inícios e a mente, essa puta barulhenta, não tem tempo de antena para nos fazer lembrar.

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