Não tenho memória de uma final do Festival Termómetro que tenha decorrido de forma tão atípica e azarada quanto esta última. Como seu fundador desde 94, a minha intenção e a de todos é fazê-lo evoluir e torná-lo mais forte a cada ano que passa. Mas este ano sejamos claros: tudo o que podia correr mal, correu de facto. A começar pela sala escolhida - a sala 114 - que se revelou demasiado grande e fria para a quantidade de pessoas que esteve presente. De resto, o azar começou desde logo pelas condições climatéricas e pelo frio que se fazia no exterior (uma das noites mais frias do ano como foi devidamente noticiado) bem como no seu interior, onde a dada altura parecia que podia estar ainda mais frio. No meu caso pessoal, não me recordo de uma noite tão gélida e tão desconfortável quanto esta. E isso - o desconforto que agora falei e o demasiado frio - começou desde logo a ser um dos grandes condicionadores da noite e um dos mais fortes motivos para muitas pessoas não resistissem até ao final.
Depois, reconhecer que o som de palco que normalmente soa de forma imaculada e que usualmente - sempre que realizamos a final no Porto - é feito por esta mesma empresa, desta vez, possivelmente pela acústica do espaço e pela dificuldade inerente a fazer o som a tantas bandas - não soou como no passado. E isso foi o segundo e importante condicionador.
E a partir daqui, foi o chamado efeito bola de neve. Um frio horrível, um som uns furos abaixo do que seria previsível e toda uma série de peripécias que num dia em que editemos um livro sobre este festival, faremos incluir um capítulo dedicado a 2012 que se chamará: 2012: o ano em que nos aconteceu tudo!".
E tudo, foi um guitarrista da banda espanhola ter partido literalmente uma guitarra durante a sua actuação, o que fez com que a banda não a conseguisse concluir; depois o atraso e a demora que se verificou no troca de cada uma das bandas, que é sempre inevitável mas que desta vez demorou ainda mais do que em edições anteriores; e finalmente a actuação dos Linda Martini que só se verificou perto das 5 da manhã, quando lhes havíamos comunicado ao inicio da noite que só por volta das 4 isso aconteceria. O atraso de uma hora no alinhamento (fruto do atraso de justamente uma hora para que chegassem mais pessoas, atraso que lhes foi comunicado) fez com que a banda decidisse tocar apenas 2 temas, o que nos pareceu pouco para as pessoas que esperaram até aquela hora e até para organização que tudo fez para que as coisas acontecessem o mais rápido possível.
E com isto não estamos a desculpar-nos nem a culpar ninguém, mas justamente a tornar público aquilo que de facto aconteceu e que gostávamos que ficasse claro e não voltasse obviamente a acontecer. Algumas pessoas dizem-me: Devias ter feito num sítio mais pequeno? e eu respondo " Sim, mas eu esperava ter mais de 1000 pessoas na final a exemplo de anos anteriores e este espaço garantia-nos isso. Mas isso não aconteceu", dizem-me " o som não estava nos seus melhores dias" e eu respondo " mas esta empresa sempre trabalhou connosco (na final do festival no Porto entenda-se) e sempre ouvimos dos músicos, óptimos comentários. Este ano, as coisas não funcionaram tão bem e não temos dúvidas que a amplitude da sala a acústica da mesma foram claramente prejudiciais.
Não foi um bom ano a este nível e não faremos ouvidos moucos às críticas que nos foram chegando, mas contudo, parece-nos que isto pode servir para que que em futuras edições possamos melhorar naquilo que este ano estava mal, excepto as condições climatéricas, que como facilmente adivinham, não poderemos nunca controlar.
Ficam os vencedores - Crisis - que mereceram uma maioria clara por parte do júri e a estoica prestação de toda as bandas que perante um público que tremia de frio e em alguns casos com condições técnicas abaixo do que seria expectável, conseguiram sempre relativizar isso (excepto o já supracitado guitarrista espanhol). É pois a todas elas e também ao público e até ao guitarrista espanhol, que honestamente agradecemos terem ido e participado na final do festival, prometendo que em 2013 faremos que este ano seja justamente o que ele merece, um ano que pertencerá já ao passado.
Parabéns aos vencedores, ao júri, a todas as bandas que foram à final e participaram nas eliminatórias, a todos os outros elementos da organização e staff do festival, a todos os bares que nos acolheram de forma tão calorosa, aos nossos incansáveis patrocinadores, ao público que assistiu a cada uma das eliminatórias e à final, à imprensa que nos foi divulgando e à equipa técnica que sabemos tudo ter feito para que as condições de som fossem as melhores e que tudo corresse da forma mais célere.
A todos o nosso sincero e profundo agradecimento, com o forte desejo de que os nossos críticos de hoje tenham saúde e vida eterna, para que já em 2013 nos possam aplaudir de pé.
O director do festival:
Fernando Alvim
Caso para se dizer Buga com 2012, estamos contigo Alvim mesmo com todos esses altos e baixos quem gosta gosta sempre, o resto, bom mesmo é dizer que a culpa foi da crise.
ReplyDeletePS: Vou ficar há espera do livro, acredito que tenhas alguns e interessantes episodes para com o teu publico partilhar .- fiquem bem