Festival Termómetro 2011. Eliminatória I
Sábado, 15 de Janeiro
Renhau Nhau – Costa de Caparica
DD Peartree
Nem tudo o que tem acordeão é rancho, nem tudo o que tem violino é música para senhoras de idade terem uma desculpa para usar vison. As canções deste rapaz – que por acaso é madeirense mas nada obsta a imaginar que nasceu numa taberna irlandesa – estão cheias de elementos assim, vindos da folk inglesa, cheias de contradições, de melodias tristes que por milagre também são dançáveis. E se isto não chegar, também há harmónicas que lembram Bob Dylan, órgãos antigos e canções a desconjuntar-se como uma carripana velha. Um velho que faz canções frescas como alface.
King Sigh
Um dia alguém que tinha fumado coisas esquisitas inventou o termo pós-rock. Que é um rock que rocka mas de outra maneira. Em vez de explodir implode, que é uma óptima forma de fazer barulho e poeira sem ninguém levar com estilhaços em cima. E a música dos King Sigh é assim. Há guitarras mas antes de fazerem abanar a cabeça põe-na à roda. Há coisas que se repetem e quando esperamos que se repitam aparece algo novo. Se isto tem alguma coisa a ver com o facto deles virem da Bélgica, isso já é um mistério.
Ninja Kore
Quando alguém escolhe baptizar-se com um nome que inclui Ninja, está a fazer uma declaração de princípios. Está a dizer: agora é para partir tudo. Tudo menos a guitarra, a bateria e a quinquilharia esquisita que eles usam para fazer electrónica agressiva, como aquela cheia de batidas a que os ingleses chamaram drum'n'bass. E se possível espalhar o caos – pelo menos é o que prometem estes cinco rapazes de misteriosos nomes que, segundo alguns, produzem ecstsy num barracão em Xabregas e, segundo outros, são frades enfiados num mosteiro que só saem para tocar. Mas talvez isto não seja verdade.
Richie Campbell
Richie Campbell é o homem da sedução aos soluços. Isto é: da sedução por reggae, um método altamente sofisticado de captura da fêmea através da hipnose provocada pelo ritmo. Quando não é reggae dá-se a ares dancehall, mas vai dar no mesmo: se pudesse tinha nascido na Jamaica. E se lhe lembram que é branco responde que os outros é que são daltónicos. O importante é que as canções cheguem ao coração das damas. Ou, ao menos, à anca.
Zurich Dada
Se há swing na Bobadela porque não dadaísmo em Zurique? Em particular quando os Zurich Dada vêm do Porto. Vêm, também, de uma década ainda mal vista, os anos 80, quando o pá das baterias analógicas deu lugar ao tch das percussões digitais, quando as guitarras foram atiradas para o lixo e os sintetizadores entronizados como novos reis. Os Zurich Dada vêm do lado negro da força, são mais electroclash que Madonna, mais Depeche Mode que Jimmy Summerville. E isso é bom.
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