Festival Termómetro 2011. Eliminatória I
13 Janeiro, MusicBox, Lisboa.
Os Cochaise dizem que são indie-pop mas é mentira. Bem, mais ou menos mentira: aqui ninguém canta em inglês nem há só guitarras eléctricas a embalar depressões por causa de borbulhas. Fazem canções ora tristes ora sonhadoras ora gingonas, e não se admirem se ouvirem cavaquinhos a brincar com xilofones – aliás, eles gostam muito de xilofones. E têm uma menina tão bonita de voz quanto de rosto. E isso é bom.
Como toda a gente, os Cosie Cherie têm um amigo chamado Tom no MySpace. Mas ao contrário da maior parte das pessoas, têm canções com princípio, meio e fim, o que prova que o que é bom chega sempre ao fim. Um duo composto por um rapaz inglês e uma moça portuguesa com sotaque de quem nasceu em Nashville fazem canções à guitarra com ocasionais aparições de um piano que lembra dias de chuva. Digamos que são a resposta europeia aos Mazzy Star. Ou digamos que a folk deles é eterna e bela.
A certidão de nascimento dos Dan Riverman deve ser falsificada. Eles dizem que vêm de Santo Tirso, mas nas suas canções à guitarra acústica e ao piano, preciosamente arranjadas, estoicamente tristes, nada lembra a terra do saudoso Tirsense. Na verdade os Dan Riverman vêm da São Francisco dos American Music Club ou da Glasgow dos Blue Nile, de algum sítio pluvioso onde se fala inglês, os amores correm mal, os homens têm voz grossa e quando perdem a garota mantêm a dignidade.
Jazz bacalhau. De todas as definições estranhas que o rock já produziu “jazz bacalhau” deve estar lá no topo. Os criadores da expressão são os Iconoclasts que a usam para definir uma parte do seu som – que tanto pode ir da pop com anfetaminas à Architeture In Helsinki aos psicadelismos de uns dEUS. Quer dizer: não há muito jazz aqui e assim de repente bacalhau também não. Mas há coisas esquisitas e garridas, com guitarras gingonas, percussões aos trambolhões e ritmos saídos de uma cabana em África. Mas jazz e bacalhau, isso não.
Qual é a melhor coisa que se pode encontrar em Madrid? Mourinho? Ronaldo? Sara Carbonero? Não, são os The Parrots. Ok, se calhar a melhor é exagero. Mas é coisa boa: pop de guitarrada com melodias saltitonas que provocam abanicos na zona da anca. Obviamente, este quarteto de rapazes caiu num caldeirão de anfetaminas quando eram pequeninos (isto pode ser mentira) e procuram chegar ao refrão o mais depressa que podem. Quando o refrão chega, vem com um convite para dançar. Em inglês. Inglês perfeito, não aquele das hospedeiras da Iberia.
As biografias destas bandas são pura ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
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