Não é fácil ser um ex em qualquer parte do mundo. Ser um ex implica passado e ninguém gosta de trabalhar no pretérito perfeito. O que é verdade e tem que ser dito, é que ser um ex é um sarilho universal e não há muito a fazer. Mesmo por vontade própria, é difícil aceitar-se esta condição. Sobretudo do ponto de vista emocional. Com verdade, eu não entendo as pessoas que se dão bem com os seus ex. Acho bonito, confesso, mas não é para mim. As pessoas dizem-me que isto só acontece, quando as coisas acabam bem. Pois eu acho que é exactamente o contrário. Quando um relacionamento acaba bem, aí é que não devemos ver nunca mais essa pessoa. Precisamente para guardarmos dela uma imagem imaculada e pura. Já quando acabamos mal, aí sim, devemos ver várias vezes essa pessoa, seja na barra do tribunal, seja ao valente tabefe na rua, seja a fazer sexo pela última vez e ui ui que bem saboroso é.
Ser um ex implica distinção. E os ex emocionais têm muito a aprender com os ex-combatentes. Olhem um ex combatente a falar e digam-me se não é distinto. Um ex combatente pode ter sofrido muito na guerra, mas não vai para a televisão lavar a roupa suja. Até porque um ex combatente tem a sua normalmente impecavelmente limpa. Um relacionamento tem que ser assim, mesmo depois de acabar. É certo que não é necessário andarem de medalhas ao peito, mas quando questionados sobre o que passou, devem responder “pode ter sido um período difícil, mas estava a defender o meu país!”, mesmo que a moça seja de outro.
Ser um ex é sair da empresa. E não se tratando de um despedimento colectivo em que normalmente os trabalhadores se reúnem à porta nos dias seguintes para aparecer na TVI e não deixar sair as máquinas entretanto vendidas, não faz sentido nenhum que um despedimento individual – que pode ser o nosso caso - faça com que visitemos quem o originou. Ser um bom ex passa por largar a porta. Ser um bom ex passa por aceitar a derrota e dar os parabéns ao adversário. Ser um bom ex passa por ser um ex combatente que não lava a roupa suja.
Decididamente a minha ex cumpre isso à letra, quatro anos depois e continua amuada!
ReplyDeleteEu sou um paz de alma e nem me importo mais.
Bom dia!
ReplyDeleteSim! A postura de um ex deve ser essa... A questão é: deve ser essa quando foi o "derrotado", quando o outro deu o primeiro passo para a relação terminar? Ou sempre?Mesmo que tenha sido ele a terminar?
Alguns diram: "oh se foi ele a terminar vai "largar a porta" não é?", eu digo: "Não, não é". Nem todos reagem assim. Muitos não chegam a lavar a roupa sujam, mas colocam de molho e ficam a ver com fica e só quando veêm a tratar dessa roupa é que se lembram que "era" deles...
Agora quanto ás "pessoas que se dão bem com os seus ex", a esta relação, tudo depende da relação amorosa que tiveram e do tipo de relação de amizade ou efectiva que restou... E não posso esquecer as consequênicas que o afastamento teria... Porque se pertencerem a um grupo de amigos muito unido e a relação amorosa também ela cresceu no e com esse grupo é difícil, para ambos, abdicar essa parte de vida... Provavelmente irão sofrer os dois... Porque se a relaçaão terminou a bem (se isto for sensato dizer) um irá sofrer a perda e o outro por ver o quanto magoou...
Portanto, voltando á primeira ideia, quer termine bem ou menos bem, a decisão foi tomada. E é antes desta decisão que a roupa suja deve ser lavada, entre eles, para não ter que a lavar em casa alheia, mas sim colocar a branca a secar. ;)
sim senhor, mesmo tendo perdido a batalha, há que seguir com a cabeça erguida!:p grande Alvim!
ReplyDeletePalermices!
ReplyDeleteQue comentar?!?!?
ReplyDeleteO Alvim não me conhece. E eu tb não conheço o Alvim. Quer dizer, digamos q o conheço de vista...ou de ouvido.
ReplyDeleteUma altura até nos cruzamos, no comboio urbano Braga-Porto. 7.40h, mais uma manhã como qualquer outra a caminho do trabalho. Sentei-me sem me dar conta de quem dormia no lugar a meu lado. Era o Alvim. O Revisor acordou-o só p lhe picar o bilhete e avisá-lo "tem de mudar em Campanhã".
Escusado será dizer q chegados a Campanhã o Alvim dormia profundamente. É melhor acordá-lo: "Desculpe, chegamos a Campanhã". Levantou o queixo de onde escorria um fio de baba, olhou-me estremunhado e saiu do comboio. "De nada", pensei. Não agradeceu, foi só uma miúda q o acordou, nada de mais.
O Alvim não me conhece. E eu tb não conheço o Alvim. Mas já o vi. Tb já o ouvi. Mas gosto mais qdo ele escreve. Gosto de passar por aqui de vez enquando p o ler. Escreve bem. Da próxima vez q me cruzar c ele no comboio, vou dizer-lhe.
Marta
Todos conhecem a expressão "Make Love Not War" que supõe que o Amor é o contrário da guerra. Não é.
ReplyDeleteQuando muito, o Amor será o oposto da solidão. Já com a guerra, o Amor tem tudo a ver. Claro que não estou a falar da guerra que deriva do capitalismo e da ganância. Estou a falar da guerra em que somos o nosso próprio inimigo. Conhecemo-nos, apaixonamo-nos, amamo-nos e depois estragamos tudo numa guerra interior que nem nós próprios conseguimos perceber. É como se o Amor nos entregasse de vez em quando uma bandeja cheia de felicidade e nós, como resposta, o esmurrássemos continuamente.
É por isso que só amamos a sério quando aceitamos depor as nossas armas e aceitamos o doce sabor da derrota. Nessa altura deixamo-nos conquistar e ocupar pelo Amor que, como qualquer conquistador, impõe sempre novas regras e condutas na nossa vida. Enfim, uma nova cultura que aceitamos ou não. Quando aceitamos, adivinham-se anos de paz e prosperidade amorosa. Quando não aceitamos, partimos de novo para a guerra, às vezes primeiro através da guerrilha.