Avancemos sobre ele sem medo!

Ouçam o que vos digo: empunhem esses espadas, ergam esses braços e avancemos sobre ele sem medos! Nada de olhar para trás, não pensemos por uma vez na saudade e tal como há 500 anos ouçam, avancemos sobre ele, avancemos sobre ele, do mesmo modo que 500 anos depois, ele avança sobre nós, todos os dias, pela madrugada, enquanto dormem as nossas crianças.

Ouçam, eu não me importo nada de ser conquistado, acho até bem, mas para se ser conquistado é necessário conquistarmos também. Tal qual um relacionamento entre duas pessoas. Alguém percebe sobre isto? Então digam-me: Que sentido tem, ser apenas uma delas a conquistar a outra? Digam-me, avancem sobre mim se o quiserem, pois se entenderem sobre terapia de casal saberão que falo verdade, mesmo que aqui admita, que sobre isso eu nada entenda. Mas sei no entanto, que quem dorme connosco é o mundo. E Portugal quando este chega à cama cheio de vontade de estar connosco e afagando o corpo em formato conchinha, dá por nós a viramo-nos para o outro lado da cama, dizendo que não que nos apetece, que estamos com sono e com dores de cabeça. E ainda assim, indiferente a isto, o mundo conquista-nos todos os dias: com flores, com postais a dizer o quanto gosta de nós, lembrando-nos a cada instante disso, o quanto somos bonitos, namorando à janela, fazendo serenatas, cantando o " Sole Mio", abrindo empresas só para ficarem mais perto, para nos verem todos os dias, investindo em nós, trazendo a sua família, pretendendo casar, pedindo-nos em casamento por nos querer para toda a vida. E enquanto isto acontece, Portugal limita-se a sorrir e a resignar-se como uma loira sem estudos e ambições.

Daí que esteja na altura de mostrarmos ao mundo que não somos essa loira, que não é só ele que gosta de nós e que nós também gostamos dele caramba. E que chegados a casa, o encostaremos à parede e lhe revelaremos ao ouvido o quanto o desejamos desapertando-lhe a roupa. O mundo vai gostar de ouvir o que temos para lhe dizer. O mundo vai gostar de ser conquistado do mesmo modo que nós gostamos que ele nos conquiste. Daremos beijos, dormiremos juntos, mas não fiquemos mais à espera que ele chegue ao final do dia, com a comida pronta, para que nos conte histórias que terão acontecido lá no emprego.

Isso foi dantes. Portugal tem que ser o homem lá de casa e conquistar o mundo o quanto antes. Sem medo de passar Badajoz, sem que lhe tremam as pernas só por passar a fronteira, sem ser mariquinhas vá. Daí que não basta conquistarmo-nos – aqui vos digo- porque isso é como se tivéssemos a dar beijos no braço. Portugal tem que engatar o mundo o quanto antes, pois se não o fizer, é quase certo que este, mesmo que não nos deixe, se meta na cama com outra.