Depois de receber uma série de opiniões sobre este artigo que escrevi para o jornal Metro com o título “ E o resto são bananas!” parece-me justo explicar a algumas pessoas, em muito particular, às pessoas ligadas ao Marco de Canavezes, que este meu texto não é uma crítica isolada à cidade - de nenhuma forma - mas sim a todas as cidades, a todas as pessoas que entram neste jogo, que me parece, no mínimo, injusto. Mais do que uma cidade ou uma pessoa, o que aqui condeno, é este tipo de atitude e comportamento, mesmo que sejam muitos os que advogam que é de toda a justiça. O exemplo de Carmen Miranda é só um entre muitos outros, embora com franqueza, seja um dos mais flagrantes.
Eu acho que as pessoas só devem ser homenageadas quando existe uma forte razão para isso e ter nascido nessa cidade pode ser uma delas, se depois disso, a pessoa que aí nasceu, tiver feito alguma coisa pela cidade, que tenha crescido com ela, que a tinha alimentado de algum modo. E o que me inquieta é que por vezes basta ter nascido ali e pronto, não importa o resto. Vamos cá ver, um filho da terra para mim é alguém que a terra viu nascer e acompanhou fisicamente o seu crescimento: nas ruas, nas casas, no cumprimento de todos os dias. E depois de lá ter permanecido o tempo suficiente para ser reconhecido como da cidade, da vila, da aldeia, da terra, aí sim, pode partir para outra, porque será sempre desta. Agora, alguém que nasce aí apenas, e depois em toda a sua vida – podem ir investigar que o poderão confirmar – não faz uma única coisa pela cidade onde nasceu, não a visita, não a homenageia, não lhe diz nada. Com franqueza, acham que é merecedor de uma homenagem? Eu acho que não. E parece-me que as homenagens ou eventos comemorativos do nascimento de alguém, se não partirem deste princípio poderão tornar-se de certo modo, gratuitas. E quando falo de Carmen Miranda, podia falar também de mim. Eu nasci em Mafamude, mas nunca morei lá nem nunca fiz nada por Mafamude, excepto ter nascido. E imaginem que agora eu me tornava uma estrela mundial e a junta de freguesia decidia homenagear-me por isso. Seria isto justo? Eu acho sinceramente que não, porque estaria possivelmente a retirar uma medalha a alguém que teria feito muito mais pela freguesia do que eu, mas só, porque não aparecia na televisão nem era conhecido em todo o mundo, não era disso merecedor. Eu não me parece que isto seja justo e parece-me que antes de se homenagear alguém deveria ser feita uma pergunta por todos que é esta: O que é que esta pessoa fez por esta cidade, por esta aldeia, por esta freguesia?
Eu acho que as pessoas só devem ser homenageadas quando existe uma forte razão para isso e ter nascido nessa cidade pode ser uma delas, se depois disso, a pessoa que aí nasceu, tiver feito alguma coisa pela cidade, que tenha crescido com ela, que a tinha alimentado de algum modo. E o que me inquieta é que por vezes basta ter nascido ali e pronto, não importa o resto. Vamos cá ver, um filho da terra para mim é alguém que a terra viu nascer e acompanhou fisicamente o seu crescimento: nas ruas, nas casas, no cumprimento de todos os dias. E depois de lá ter permanecido o tempo suficiente para ser reconhecido como da cidade, da vila, da aldeia, da terra, aí sim, pode partir para outra, porque será sempre desta. Agora, alguém que nasce aí apenas, e depois em toda a sua vida – podem ir investigar que o poderão confirmar – não faz uma única coisa pela cidade onde nasceu, não a visita, não a homenageia, não lhe diz nada. Com franqueza, acham que é merecedor de uma homenagem? Eu acho que não. E parece-me que as homenagens ou eventos comemorativos do nascimento de alguém, se não partirem deste princípio poderão tornar-se de certo modo, gratuitas. E quando falo de Carmen Miranda, podia falar também de mim. Eu nasci em Mafamude, mas nunca morei lá nem nunca fiz nada por Mafamude, excepto ter nascido. E imaginem que agora eu me tornava uma estrela mundial e a junta de freguesia decidia homenagear-me por isso. Seria isto justo? Eu acho sinceramente que não, porque estaria possivelmente a retirar uma medalha a alguém que teria feito muito mais pela freguesia do que eu, mas só, porque não aparecia na televisão nem era conhecido em todo o mundo, não era disso merecedor. Eu não me parece que isto seja justo e parece-me que antes de se homenagear alguém deveria ser feita uma pergunta por todos que é esta: O que é que esta pessoa fez por esta cidade, por esta aldeia, por esta freguesia?
E se fez de facto alguma coisa válida e reconhecida por todos, então que se comemore, que se festeje o nome dessa pessoa e se atirem foguetes. Agora, se a resposta for: “ Nada”. Eu acho que não tem sentido algum, estarmos a dar importância a alguém que, em vida, não nos deu importância alguma a nós. E isto serve para a Carmen Miranda, como para todos os outros, porque era só o que nos faltava que até aqui, no domínio do reconhecimento, das homenagens, das festividades, as coisas fossem decididas deste modo.
Daí que não queira que o meu texto seja visto como uma crítica à cidade do Marco de Canavezes – não é , não é ! – mas sim a todas as pessoas que entram neste jogo das homenagens e que não percebem que determinada pessoa não fez nada para o merecer. E quando digo nada, neste caso, é mesmo nada.
Concordo! Concordo mesmo! Mais um grande reflexo sobre a sociedade.
ReplyDeleteSou um grande fã da 365, embora só a consiga de tempos a tempo quando vou ao Porto, é pena não se vender nos AÇores. Comprei a alguns dias o "No dia em que fugimos tu não estavas em casa" e num único dia bebi todo o seu conteúdo, adorei cada linha! Reparei agora nas datas de actuação DJ Alvim, e a que me saltou a vista foi 9 de Maio - Discoteca Later/Pico- Açores, sou residente nessa mesma ilha, e frequento essa mesma discoteca, portanto estarei presente! *.* mas a 30 de Março - Lloret de Mar by Sporjovem estarei também presente por estar em Lloret na viagem de finalistas.
Continuação de um bom trabalho.
Não podia concordar mais contigo!!
ReplyDeleteEste país tem a mania de dar medalhas de mérito e ramos de flores a tudo o que mexe...
O Alvim escreve ainda melhor quando tá sério!! Para quando um policial? Ou um livro de sociologia aplicada ás relações de poder e compradio! lol
Abraços!
Alvim,
ReplyDeleteSe com o outro texto concordava com essa tua ideia, agora ainda mais concordo! Eu também penso assim. Eu nasci no Barreiro porque nesse tempo era onde toda a gente ou quase toda nascia, e no entanto não me sinto ligado a essa cidade por motivo algum. Fui criado no Seixal, e é daí que sou!
Porque raio terei eu ( e mais pessoas) de estar ligado a uma terra que só me viu nascer? E que direito teria eu de ser homenageado ou lembrado, por uma terra que não me diz nada e que eu não fiz nada por ela??
Um abraço,
Hugo Carmo
muito bem Alvim,
ReplyDeleteeu sou agarrado à minha terra.
eu é que devia ser homenageado.
e para isso não preciso de usar um cesto de frutas na cabeça.
Faro rules.
agora vejam este blog:
http://rosaxokk.blogspot.com/
cumps
Pois Alvim tudo correcto mas quem quer tirar proveito da homenagem è a cidade do Marco. È o Marco que quer ter publicidade á custa da Carmen...
ReplyDeletePaulo
Eu já tinha percebido o teu ponto de vista e continuo a concordar contigo, mas repara que não se trata de uma questão de oportunismo como foi escrito por alguém, até porque já existe um museu com o nome da senhora da fruta no Marco de Canavezes! Penso que as pessoas que criaram esta homenagem tinham que apresentar trabalho na área da cultura e, como a falta de ideias para a criação de novas e interessantes actividades é tanta, que foi mais fácil e cómodo agarrarem-se a algo já instituído neste meio.
ReplyDeleteNão se esqueçam que estamos em pleno ano de eleições!!!
Quanto à Joana que diz ser a miúda mais gira do Marco, tenho que ver para crer...será que és mesmo?
Concordo plenamente contigo e assino por baixo.
ReplyDeleteO que mais entristece neste tipo de homenagem é o facto de serem feitas por simples publicidade, porque se vai associar ao nome de alguém que é internacionalmente conhecida, e não importa quem é ou o que fez pela cidade em questão - porque no fundo não fez rigorosamente nada - mas simplesmente importa o facto de ser alguém que as pessoas identifiquem como importante. A "celebridade" não fez nada pela terra natal e as pessoas nem sequer querem saber disso... só lhes importa que uma famosa chegou ao mundo naquele local e se fez grande, mesmo vivendo bem longe dali. Não percebem é que o nascer ali foi completamente insignificante para a vida dessa pessoa.
Prestem-se homenagens a quem realmente contribui para melhorar a sua cidade-mãe, mesmo que seja o "Zé da Tasca" ou a "Maria do Tremoço". Podem não ter aparecido a cantar, com fruta na cabeça, nas televisões de todo o mundo, mas pelo menos são pessoas que lutam pela sua cidade, e que dela merecem um agradecimento.
É quase como se estar constantemente a reclamar a Nelly Furtado como portuguesa, quando ela nem sequer nasceu cá, e apenas tem meia dúzia de peças do seu ADN com a nossa assinatura. A sua avozinha realmente é dos Açores, e que bom que era se a Nelly andasse a passear aqui bem perto de minha casa, mas a verdade é que não faz sentido tentar convencer toda a gente que ela é nossa só porque todo o mundo a conhece!
Hoje ela aparece cá e todos lhe querem dar beijos e abraços e "olhe que gostamos muito de si", mas caso ela tivesse rasgado o papel onde escreveu o "I'm like a bird" e fosse trabalhar para um escritório, quando viesse cá a Portugal e pedisse fiado, em vez de um beijinho levava era uma vassourada. Mas como ela aparece na televisão, "venha cá jantar que é por nossa conta"! Disgusting...
Alvim, não poderia estar mais de acordo contigo! À partida sabemos que nunca podemos colocar em causa a fama e o talento da Carmen Miranda, contudo ela também nunca deu provas de ter orgulho no local onde tinha nascido, nem sequer ter alguma vez proferido publicamente o sentimento que nutria pela sua terra natal! podia ao menos ter enviado um cabaz de fruta para os mais necessitados de Marco de Canavezes!
ReplyDeleteprecisamente!!! ;)
ReplyDeleteOra ai está, Caro Alvim, é muito bonito falar, mas é sem saber realmente o que se diz, não tinha conhecimento deste post, sou grande fã teu, aprecio imenso os teus textos, mas deixa-me dizer-te, quer dizer nem é propriamente a ti, mas a todos que dizem que Carmen Miranda nunca se interessou pelo Marco, falo nisto porque estou dentro do assunto, a baiana, tanto gostava do Marco que sempre que perguntavam por ela, ela respondia assim "Eu sou uma garotinha do Marco de Canaveses" sempre teve em mente o seu pais e a terra dos seus pais em mente, e também mandava para cá roupas, saltos altos e objectos dela, para os seus familiares, algumas dessas peças, podem ser vistas no museu municipal com o seu nome na exposição permanente!
ReplyDeletecarmen Miranda, como muitos dos nossos emigrantes, foi a procura de uma vida melhor noutro país mas levou consigo e no rosto dos seus pais a terra que a viu nascer, e o resto são bananas!!
Cumprimentos Daniel
nao concordo nem discordo
ReplyDeleteapenas acho que as bananas nao têm culpa nenhuma, e elas tem todo o direito de nao gostar de ver o seu nome ligado a marco de canavezes.
lá porque o Avelino Ferreira Torres gostava de andar para lá a distribuir fruta, as bananas nao têm de pagar por isso. elas sao vitimas das circunstancias, tal como as peras, as maças, e principalmente o Kiwi...
APOIADOOOOOOOO!
ReplyDeletebjo
para criar um momento de reflexion deixo aqui uma situação, vá, um pouco semelhante - pelo menos para mim: e o caso do cristiano ronaldo?
ReplyDelete...
o que podemos reflectir deste grande debate que existe em volta do caso Carmen Miranda em Marco de Canaveses city é simples e resume-se a dois pontos:
ReplyDelete1º como já foi aqui referido estamos em ano de eleições e é necessário demonstrar algum trabalho de modo a promover a cidade... e qual a melhor forma de fazer isso..??!! utilizando nomes de pessoas célebres que estão associadas à cidade... Para uns pode ser uma espécie de oportunismo, para outros sem dúvida que é uma boa estratégia de marketing... o problema não é só do marco, inúmeras cidades e países usam os seus grandes nomes de referência para se auto-promoverem... e não podemos ir mais longe: Portugal, por exemplo, tem um prémio nobel: José Saramago.. contudo o homenzinho passa a vida a dizer que o seu sonho era ser espanhol.. e continuamos a tratá-lo como um legítimo filho da terra só porque Portugal está associado a uma obra que ganhou um prémio nobel e que por acaso foi feita em Espanha...
2º Não sei se a mulherzinha falava do marco lá fora ou não... (até porque ainda não era nascida e ainda não morava cá no marco) mas uma coisa é verdade... apesar do sr Alvim dizer que ela não fez nada pelo Marco, isso não é verdade, porque se ela não tivesse nascido cá e os senhores do marco não tivessem inventado esta homenagem de não sei quantas semanas (que isso sim é que é um exagero)... não estávamos aqui a falar dela.. ou seja fez muito pelo marco.. promoveu a cidade e pôs não sei quantas pessoas a pensarem na cidade e a debaterem esta questão absurda no teu blog...
Por tudo isto meus amigos só tenho mais uma coisa a dizer: venham é conhecer a famosa terrinha marcolina que serão muito bem recebidos... uma vez que as pessoas daqui são muito porreirinhas.. (e o Alvim sabe disso...)
Cumprimentos, de uma marcolina...