Domingos ( Parte I)

Não gosto de Domingos e não é de agora. Foi desde sempre, desde que me conheço, desde que passava o “Dear John” ao início da noite quando já estava de Pijama. Os Domingos para mim são sempre Inverno, são sempre chuva e nunca sol, não há maneira destes me enganarem – juro-vos. Têm uma forma de andar que vejo ao longe “ Olha, olha, vem ali um Domingo!”, há um olhar distante, indiferente até, muito parecido com aquele olhar que nos oferece o revisor do autocarro. Os Domingos deveriam acabar, erguidos esses punhos “Morte aos Domingos! Morte aos Domingos!” e uma semana ficaria assim com apenas 6 dias. E Reparem nas vantagens: Deixaríamos de ver os Domingueiros em trânsito, fatos de treino de côr violeta nos centros comerciais, milho aos pombos no Rossio ou no Palácio de Cristal, excursões a Alcobaça com direito a um serviço de mesa completa e uma salgada perna de porco. Como odeio os Domingos. Seria tão mais fácil acabar com eles e ao mesmo tempo poupar que difundissem os filmes de sempre nesses dias à tarde. Já vimos tudo do Burt Reynolds, mais de mil vezes o “Dr. Jivago” e uma boa quantidade de Tom Cruises em idade clearasil . Chega. Basta. Acabem-se com eles agora. A mim não me enganam, sei perfeitamente perceber quando é um Domingo e não raras vezes quando estamos num feriado. Já reparam como os Domingos são tão parecidos com os feriados? E com o Natal? Será que ainda ninguém percebeu que o Natal não é mais do que reunião anual de Domingos e feriados. ( continua)