Foi há dez anos que o dia 11 de Setembro deixou de ser uma data como outra qualquer. A revista Visão assinalou a data com, entre outros trabalhos, a recolha de testemunhos de pessoas dos mais variados quadrantes da sociedade portuguesa. Eu fui uma delas. Aqui ficam as duas perguntas que me fizeram – e as duas respostas que dei.
Onde é que estavas a 11 de Setembro de 2001?
Estava no dia 11 de Setembro desse mesmo ano a fazer rádio na minha estação da altura, a rádio comercial. Lembro-me bem – e nestas coisas as pessoas lembram-se sempre bem - que estava sol nesse dia, estava um dia bom no mundo e que todo aquele fumo pareceu invadir o meu espaço. E talvez por isso, no programa que apresentava entre as 10 e as 13, optei não falar a partir da segunda hora, porque naquele momento não me pareceu ter nada para dizer ao mundo - muito menos divertido - e achei que se continuasse a fazê-lo seria sofrível para todos. Não me lembro de ter visto tantas pessoas à volta de um televisor a olhar quase todas elas para cima, isto porque os televisores na rádio nessa altura estavam todos em posições altas. Só me lembro de ter visto isto quando dava a bola e jogos grandes, mas nem isso conseguia reunir tantas pessoas com o credo na boca como aquelas. Em momentos trágicos como este, as pessoas gostam de estar juntos por se sentirem possivelmente mais protegidas. Eu optei por ir para minha casa, sozinho, e estive toda a tarde a ver o desenvolvimento dos acontecimentos. Para a minha geração, estou em crer que esta foi a nossa segunda guerra mundial.
O que é que os acontecimentos desse dia mudaram na tua vida e na vida do mundo?
No mundo mudaram tudo, na minha mudaram alguma coisa. Passei a olhar de forma diferente o número 11. Aliás, se virmos bem o número 11 é o actual número 13. O número 13 tem manifestamente menos força e maldição e azar e tragédia desde aí. E o mundo nunca recuperou dessa data. Há uma parte do mundo que perdeu a pouco inocência que ainda tinha nesse dia. O 11 de Setembro é um golpe duro que nos obriga a crescer depressa, quando pensávamos que teríamos o tempo necessário para o fazer. O mundo mudou, ficou desconfiado como quando íamos a Espanha quando não havia ainda o euro e saímos da loja a contar as moedas com a suspeição de termos sido enganados com o câmbio. O mundo sentiu a porta a fechar-se com estrondo, sentiu que havia gente dentro da casa e que essa gente não estava lá com boas intenções. o mundo foi arrombado no dia 11 de Setembro.
"no programa que apresentava entre as 10 e as 13, optei não falar a partir da segunda hora"
ReplyDeleteanh?? explica la isso, alvim...
se nao me engano às 11h, hora da radio comercial (6 a.m. em new york) o mundo ainda era perfeito e nada fazia adivinhar o que se ia passar (acho que nem o osama fazia uma pequena ideia..)
Ja agora, sem duvida que o mundo mudou completamente depois do, que eu considero, acontecimento dos anos 00's. Mas, o que mais me atinge directamente, é nao poder trazer pickles feitos pela minha mae na mala de mão, nos voos da easyjet...
Partilho da mesma opinião em relação ao nº 11.
ReplyDeleteA Joana tem razão, ó Alvim. Explica lá essa brincadeira das horas, porque aquela coisada aconteceu DEPOIS da uma da tarde (GMT). E já agora, Joana, também partilho integralmente da irritação de não se poder trazer (sequer) um belo pickle. Já agora a tua Mãe usa vinagre de vinho ou de sidra? É que o de sidra é mais suave, mas fica E-X-C-E-L-E-N-T-E com uns pinguinhos de balsâmico.
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