Jazz bacalhau. De todas as definições estranhas que o rock já produziu “jazz bacalhau” deve estar lá no topo. Os criadores da expressão são os Iconoclasts que a usam para definir uma parte do seu som – que tanto pode ir da pop com anfetaminas à Architeture In Helsinki aos psicadelismos de uns dEUS. Quer dizer: não há muito jazz aqui e assim de repente bacalhau também não. Mas há coisas esquisitas e garridas, com guitarras gingonas, percussões aos trambolhões e ritmos saídos de uma cabana em África. Mas jazz e bacalhau, isso não.
Richie Campbell
Richie Campbell é o homem da sedução aos soluços. Isto é: da sedução por reggae, um método altamente sofisticado de captura da fêmea através da hipnose provocada pelo ritmo. Quando não é reggae dá-se a ares dancehall, mas vai dar no mesmo: se pudesse tinha nascido na Jamaica. E se lhe lembram que é branco responde que os outros é que são daltónicos. O importante é que as canções cheguem ao coração das damas. Ou, ao menos, à anca.
Utter
Uma banda com uma página do Myspace escrita em inglês, cujas canções cruzam a electrónica com as guitarras indie, a pop translúcida dos primeiros dias de Primavera e um certo onirismo recuperado aos anos 80, isto só pode ser uma banda londrina ou, vá lá, sueca. E é mesmo isso: os Utter vêm de Braga, e depois da calma os seus refrões arriscam subidas épicas. Se fossem felizes eram os Killers. Se fossem noctívagos eram os New Order. Mas são portugueses, pelo que são os Utter.
SxxS
Xavi, Iniesta, Messi. Vá lá, uma referência mais erudita: Gaudí? O que é, o que é? É Barcelona, claro. A movida que ficou conhecida era madrileña e dos anos 80, mas em Barca também há ancas a rebolar. Que é o efeito que a música dos SxxS, como o nome indicia, pretende provocar. Bolas de espelhos e electroclash, eyeliner e versos sobre sexo, ritmos maquinais e disco-sound reciclado. Para usar à noite, apenas.
Salto
Alto ou baixo este Salto é sempre pop e assenta em tudo: no sofá, no autocarro (com a cabeça encostada à janela, a olhar para os postes de iluminação), na rua (em passo apressado, sem reparar nas garotas), no ginásio (a mirar as garotas de soslaio). O sotaque nortenho não se nota, mas as palavras são em português. Por baixo há caixas de ritmos e electrónica com a devida vénia aos Depeche Mode.
Teme Tan
Bruxelas tem o Parlamento Europeu, batatas fritas e muita, muita cerveja trapista. E tem Teme Tan, coisa rock semi à antiga semi à frente. Estão lá as guitarras e a pandeireta e aquele balanço de quem cresceu a ouvir os vinis dos Rolling Stones da irmã mais velha. Mas também anda ali alguma electrónica. E para equilibrar por vezes há um certo andamento rapalhado na voz. E isto pode mesmo ser coisa vinda de Bruxelas? Pode, pode, que Bruxelas não é só Durões Barrosos.
CONVIDADOS:
Noiserv com Dead Combo
Um dos segredos mais bem guardados da nova música portuguesa é Noiserv. Que, imagine-se, é também um dos segredos mais bem do futebol português – o rapaz tem talento que nunca mais acaba para a bola. Mas ainda tem mais para fazer canções a partir de quase nada. O rapaz pega numa melodia de guitarra, põe-na em loop, adiciona uma harmoniazita de teclas, depois uma melódica, umas percussões, o que mais houver à mão e quando se nota há uma dezena de planetas em órbita ao redor da voz. Tudo muito simples a resultar num todo complexo. Como uma boa equipa a jogar à bola. Outra boa equipa é a dos Dead Combo, exímios produtores de westerns de Alfama. Uma guitarra – que tanto parece saída de uma banda-sonora de Morricone como de um faduncho malandro – e um contra-baixo é tudo o que precisam para criar uma música cinemática, feita de paisagens áridas, repleta de pequenas ameaças. É um som único, indescritível, entre o Chicano e a tasca, é das melhores coisas de Portugal. A seguir a este festival, obviamente.
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