Maldita Modernidade

As pessoas nestas alturas escrevem sempre sobre o verão como se não tivessem mais nada para falar.O problema, é que lamentavelmente, eu faço parte dessas pessoas . E não me custa falar sobre o verão, porque ele está à minha frente. Agora. Literalmente. De tal modo, que terei que colocar de novo bronzeador antes que arda, como toda esta areia que me circunda. Há aqui um incêndio. Embora não existam chamas, há aqui um incêndio. E todos sabemos como se combate uma coisas destas na praia: simplesmente virando-nos de um lado para o outro, à espera que alguém nos salve sem nunca abandonar a toalha, ou atirando-nos à agua já com os pés em chamas. Eu, por prezar tanto a minha vida, tento salvar-me de todas as formas.



Gosto muito da praia, porque sempre gostei de ver pessoas em roupa interior. E a praia juntamente com algumas revistas e algum carnaval, permite isso. O carnaval deveria ser sempre no verão. O verão deveria ser todo o ano. As pessoas deveriam andar sempre assim. Não só na praia, mas também na rua, no emprego, em todo o lado, com esta sinceridade que aqui se vê. Os complexos só começam com a chegada da roupa. Se não existisse roupa, as pessoas não eram tão complexadas. Adão e Eva, eram um casal perfeito e chegaram mesmo a ser capa da “Time” durante anos sucessivos, até ao dia, em que um deles usou uma folha, que viria mais tarde dar origem às vulgaríssimas cuecas, aos distantes boxers, à muito exótica tanga brasileira e também ao bikini, ao fato de banho, ao berbequim com pilhas, ao barco a remos e à luz da camping gaz. Foi por causa de uma folha que o mundo ficou deste modo, é nela que penso , quando vejo aquela mulher ali.