Chega-se ao verão e é isto. As pessoas ficam muito surpreendidas por estar muito calor no verão e os telejornais também, ao ponto de abrirem as notícias com: “ Esteve um dia de muito calor em todo o país”. No inverno também é assim, com as reportagens da serra da estrela onde já terá chegado a neve, as brincadeiras da pequenada por detrás do reportér e uma senhora que enquanto esfrega as mãos e debita fumo pela boca vai dizendo “ olhe, está um frio que não se aguenta!”.
De maneiras que é isto, o verão tem um efeito de fim-de-ano em cada um de nós, porque se pensa na vida e sobretudo o que fazer com ela. E não é tanto as férias, mas sim a forma como nos olhamos. Em particular, ao espelho. No fim-de-ano pensamos o que fizemos durante o ano que acaba e o que gostaríamos de ter feito e que apagaríamos e o que prometemos fazer neste que agora começa. No verão, pensamos no que nos fizemos, na forma como nos tratamos, no plano que iniciaremos ainda hoje para inverter esta tendência. O fim-de-ano é uma coisa mais espiritual, o verão é mais físico.
Daí que perceba as pessoas que na praia, mesmo sem espelho, queiram logo ali resolver a sua situação. Imagino uma família tradicional a chegar à areia, a esposa dedicada a distribuir as toalhas por todos, a advertir que a bandeira está amarela e que o mar pode ser perigoso. Enquanto isso, ao mesmo tempo que degusta o que ouve, o seu fiel marido coloca protector por todo o corpo, e quando chega à zona abdominal percebe para seu grande espanto que a sua juventude, a sua pele tonificada, a rigidez que o caracterizava, são já imagens que legitimam a RTP Memória. E posto isto, o que faz ? Nada mais fácil, irrompe pela praia adentro, em frente a tudo e a todos, correndo de um lado para o outro, não se importando que todos o vejam, imaginando-se o Carlos Lopes na maratona de los Angeles, Rocky Balboa subindo as escadas triunfante, de peito feito, arfando como se tivesse a ter sexo , e do bom, imaginando-se a estrela principal , correndo sempre, suando pois, correndo pois, na esperança de fintar o verão, e mais outra finta, de esconder dele o que o inverno não vê e nem se importa, para que chegado à toalha, de regresso à areia, se deixe adormecer com a idade e o peso que sempre perseguira pela costa fora.
( foto de joão planche)
alvim isso é do sono... Heheh amanha de manha vais dar uma corridinha na praia? Aproveita enquanto ainda nao fazes parte da rtp memória. Quer dizer, espero bem que nao...
ReplyDeleteBom dia,
ReplyDeleteLi a sua crónica há cerca de uma hora no jornal METRO.
Dúvida com picuíce :
"arfando como se tivesse a ter sexo "
não terá querido escrever " arfando como se estivesse a ter sexo " ?
:)
Olá Alvim,
ReplyDeleteHoje ouvi a reposição da Prova Oral com o Senhor do Adeus e tive pequena de não ser em directo porque tinha uma pergunta para lhe fazer. Gostaria de perguntar ao Senhor João se sentia inveja quando a Nossa Senhora de Fátima era levada para a Capelinha das Aparições e aquelas multidões diziam adeus a Nossa Senhora.
Visita o meu blogue, o Interjeições.
Abraço
Forma física não sei, mas estiveste em grande forma na expofacic, Alvim!
ReplyDeletePara o ano, contrato-te para o meu aniversário xD