Friday, March 12, 2010

O mundo não é chato!


Ninguém gosta de pessoas chatas e a sociedade sem querer organizou-se de certo modo para as evitar. Uma pessoa chata é aborrecida e é muito raro encontrarmos alguém com estas características, que saiba que as tem. O grande problema das pessoas chatas é precisamente não saberem que são chatas. Se o soubessem, possivelmente seriam menos um bocadinho, mas duvido que o deixassem de ser em absoluto. A chatice é uma coisa que se herda, é uma herança vá, uma questão genética à qual não há muito a fazer. Da deles entenda-se, porque da nossa há. E o que há a fazer, é fugir. Não tenham dúvidas. Ou fingir que se está a dormir. Ou inventar uma surdez social que só se revela quando estamos ao lado pessoas muito faladoras. E convencer o chato disso, enquanto vamos andando e até um dia destes.




E se até agora, a coisa era mais ou menos simples de conseguir, com a avanço das novas tecnologias e as múltiplas plataformas de interactividade social, a coisa complicou-se. E assim, no mundo actual, não é fácil alguém se livrar de um chato. De tal modo, que se criou uma figura para o representar. Obviamente, o provedor.



O provedor da rádio ou da televisão ou dos jornais ou do detergente Skip é, aqui entre nós, o representante oficial dos chatos. E os chatos adoram-no. A tal ponto, que estou convencido que o Paquete de oliveira por exemplo, é mais adorado que o Papa Bento XVI. E só não se fazem romarias, porque não sabem onde eles vivem, pois se o soubessem vos garanto que o fariam.



E assim, acabou essa história do “ diga-lhe que eu estou em reunião!”, do “ Já saiu!”, do “ Não atende”, o chato hoje em dia – o moderno portanto - já não aceita ser evitado como os bons chatos de outrora. E possivelmente, já nem sequer lhe serve uma resposta. O chato dos dias de hoje procura incómodo, embaraço, televisões, fóruns, irritações várias e de preferência ouvir a sua voz, a sua cara, a sua carta. Como se isso fosse no fundo, a única resposta que procurava.

2 comments:

  1. O grande Paquete Oliveira, que desde os tempos da faculdade tratava os alunos por tu criando uma proximidade e disponibilidade! Um beijinho Provedor

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