Tuesday, September 29, 2009

Perigo de derrocada




Tenho por hobbie observar pessoas e imaginar quem elas levam lá dentro. Imaginar quantas pessoas há para além daquela e muitas das vezes perceber que não existe lá ninguém . Nada. Há pessoas que vivem sem ninguém lá dentro, ouviram? Porque estão vazias ou por as esvaziaram a dado momento e daí não serem habitáveis. Crê-se que podem ruir a qualquer momento, parecendo trazer à sua volta, uma daquelas fitas amarelas fluorescentes que dizem “ Perigo de derrocada”. As casas só caiem quando já só existe fachada. E as pessoas são casas e nós bem sabemos como está o ramo imobiliário: Não se vende nada. As pessoas não se conseguem vender umas às outras porque há uma grande especulação entre todas. Todas pensam que valem mais do que o valor que lhes é atribuído. E não valem. Daí que algumas estejam tão inflacionadas e que outras passem a vida em promoções. Há pessoas cujos descontos chegam a ir aos 70% e mesmo assim ninguém as quer. Nem mesmo nos dias de ouro do El Corte Inglês.





Ás vezes apetece-me amar todas as pessoas que passam e dizer-lhes o quanto a vida pode ser magnifica enquanto as abraço e as beijo de forma quase cocainómana. Nesses períodos, eu sou de todos e sinto que terei chegado a esse dia vindo de um feito glorioso lá fora, em que todos os que chegam são amados por um povo inteiro, com muita gente à minha espera no aeroporto da portela e com alguém a banhar-se festivamente na fonte luminosa. Outros dias, apetece-me detestar toda a gente que passa, e odiá-los a todos com tremenda visceralidade e com um tiro ou outro. Ter aquele timbre tolhido pela má sorte e pela vida que não nos correu de feição e querer que todos sejam tão infelizes ou mais do que nós naquela altura. E se morrerem, tanto melhor. Hoje, tive dois dias desses. Um da parte da manhã. O outro, acabou exactamente agora.

10 comments:

  1. Uau... às vezes também tenho essa sensação. Sensação de que passo por pessoas vazias. =|

    Uau.


    *

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  2. e algumas chegam mesmo a ruir...

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  3. Existem momentos nas nossas vidas que é mais fácil esvaziarmo-nos de sentimentos, de ficarmos adormecidos sem sentir, mas o caminho mais fácil nem sempre é o melhor e se pensarmos que só conhecemos a dor, o sofrimento e o lado negro coisas porque em dada altura já soubemos o que era a felicidade, a alegria e a luz!E somos uns sortudos!Não há nada melhor do que isto a se chama VIVER, é sinal que estamos vivos e sentimos o BOM e o mau!

    E amanhã será sempre um novo dia!

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  4. :) O segredo está em ter o "sindrome pollyanna" e deixar as pessoas serem o que elas quiserem ser, assim terás dias sempre felizes...as pessoas não estão vázias, esqueceram mas foi o seu "eu" interior, deixaram de lhe dar ouvidos...deixaram de ter hobbies, de fazer coisas que gostam, começaram a ocupar o "Cerebro e a alma" com Chicletes...mas podem reencontrar-se..ajudar-los não passa por odiar-los ou dirigir-lhes tão tremenda energia negativa...credo, nem acredito que tenhas pensado assim..."Happiness is an inside job", independentemente daquilo que os outros fazem ou pensam... Ajudar os outros é ser feliz e erradiar boas energias... não ocupes a mente com pensamentos tão negativos, rapaz, nem pareçe teu! kiss

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  5. Como eu te compreendo caro alvim. Há dias em que uma certa paixão por tudo e todos nos percorre, outros em que não podemos ver ninguém à frente, porque todos nos parecem pior que ridiculos...

    Enfim, é a natureza humana.

    =)

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  6. Palmas!
    Muito bom :)

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  7. Adorei a analogia, estou prestes a pôr uns tapumes ondulados à minha volta com uma placa de "em manutenção, pdeimos desculpa pelo incómodo, prometemos ser o mais breves possível".

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  8. É o que dá andarmos constantemente a fazer equilibrismo. Depois vem o vento, e há dias em que não conseguimos esconder o quanto andamos revoltados com o mundo... Faz parte. Mas não fujas, não andas a partilhar connosco as vozes dos teus outros "eus"...E fazem falta. E eu espero. E...

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  9. o fascinante é a rapidez com que deixamos de amar e passamos a odiar e vice versa... como eu te entendo meu caro alvim, as vezes mais vale mesmo fechar para obras ;)

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