Friday, September 04, 2009

Para quê arriscar em fazer diferente, se podemos ser iguais a todos os outros?



Não é só a estrada que é incomodada com os domingueiros. A noite também. Existem domingueiros a saírem à noite e isso nota-se bem pela forma como se apresentam. Sair à noite não é para todos e algumas das pessoas que não estão habituadas a isso, fazem-se notar por uma constrangedora falta de experiência Na verdade, são as primeiras a encontrarem defeitos na música, no espaço onde estão e até das pessoas que as rodeiam. E aqui entre nós: o problema dessas pessoas, são justamente elas.

A noite implica tolerância. Aliás, tudo implica tolerância excepto os golos falhados do cardozo à frente da baliza. O problema de Portugal é muito esse: não ser tão tolerante como deveria ser. E está provado que as cidades mais criativas e as noites mais entusiásticas, são onde a tolerância for maior. Esperem lá, isto não quer dizer que se deva fechar os olhos ao que é medíocre ou que se revele mau, ser tolerante não é ser tolinho, mas sim dar tempo para experimentar o que se nos apresenta como novo.

E não havendo esta tolerância, tudo nos parece mais igual e poucos serão aqueles que ousarão arriscar. Veja-se o caso das playlists na rádio: as pessoas queixam-se muito que a rádio passa sempre a mesma coisa, que as músicas são sempre as mesmas, mas depois não castigam convenientemente quem o pratica . Isto é, há um disco novo de uma banda qualquer, a editora determina qual o tema a passar na rádio e posto isto, como cordeirinhos, todas as rádios passam aquele tema, como se não houvesse mais nenhum outro em todo o disco. Com a noite passa-se o mesmo. Por exemplo, vamos imaginar: Agora o que está a dar é latinadas e caipirinhas a 2 euros e tal qual uma editora que determina qual o único tema a passar, eis que por todo o lado, só se ouvem latinadas e se bebem caipirinhas a 2 euros. Acham isto bem? Eu não. E assim não vamos lá. E devíamos.

Portugal precisa de arriscar e a noite também. E quem o faz devia ser premiado por isso. Mas para que isso aconteça é necessário, todos arriscarmos. Não pode ser uma coisa isolada. Tem que ser uma iniciativa concertada para surtir efeito. Temos que ser todos. Tem que ser o país, a noite, as pessoas que estão a ler isto. Estão ou não a ouvir já uma música épica de fundo? Será Carmina burana? Será a banda sonora que entra sempre nos filmes com discursos inflamados? Pois que o seja e me acompanhe até ao fim que já falta pouco.

Portugal devia ser um país de risco: mas não ao lado, nem ao meio, nem à Paulo Bento. O que aqui defendo - e vejam como falo a sério nesta minha dissertação – é que deveríamos ser conhecidos como um país tolerante e o melhor de todos, para que alguém criativo e com vontade de fazer coisas novas, nos escolhesse a nós e não outros. E para quê? Para arriscar. Pois enquanto cedermos a todas as formatizações e globalizações várias, seremos mais um entre todos. E Portugal não é mais um. E se é, não deveria ser.

13 comments:

  1. Grande capitão Alvim tens toda a razão! Hoje nasceu um projecto entre amigos para a noite de Beja em quem o espírito é mesmo esse!
    E teremos todos o gosto em te acolher (como MD) e as novas bandas do termómetro!
    Quanto ao Cardozo, só espero que não falhe mais, pelo menos antes dos 8-0

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  2. o teu post fez recordar minha adolescencia aqui na cidade do Porto.

    Lembro que na altura tudo que fosse discoteca concorrida só passava latinada e o que chamavamos de "pastilha".

    Passavamos um bom tempo no café a decidir onde ir já que só gostavamos de rock e imaginar passar a noite a ouvir "INTS! INTS! INTS!" era assustador:).

    Os unicos espaços que passavam musica que gostavamos eram o mitico Batô e uma discoteca também em Matosinhos chamada Blá Blá.

    Esta última só iamos na passagem de ano já que durante o resto do ano nem chegavamos a entrar - pelos dois ou tres carros estacionados em frente conseguiamos imaginar a confusão e o jubilo que deveria estar lá dentro.

    E lá está, ir a espaços que não passavam "pastilha" ou principalmente latinadas meninas (que é bom!) nem vê-las...


    Viviam-se tempos dificeis na altura!;)

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  3. Pois é caro Alvim!

    Sou uma meia fã tua isto é gosto de parte da tua carreira visto que andas a enganar os teus fãs com mitos de “50 anos de carreira” LOL Portanto vejo-me obrigada a dizer que sou apenas tua meia fã :)

    E tenho um desafio para te fazer…visto que estamos numa de ser ousadamente tolerantes e que Portugal necessita de sair à noite, que tal fazer uma Mega Saída, “está na moda” entrar para o Guinness portanto juntávamos o útil ao agradável :)

    Bem, caso sejas suficientemente maluco ou até tolerante ou ousado o suficiente para fazeres algo do género conta comigo, pois digamos que não sou uma domingueira da noite pois saio a qualquer dia Lolol

    Fica bem :)

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  4. na minha modesta opinião o problema do nosso pais é uma questão de mentalidades, e todos os nosso problemas tem como base isto mesmo. a noite não é excepção.
    em Portugal a noite não é símbolo de rebeldia e originalidade e muitas vezes quem tenta remar contra a maré é olhado de lado.
    eu mt sinceramente acho que portugal deveria ir ao psicologo, pois é todo um pais cheio de complexos.
    **

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  5. Caro Alvim,
    Partilho a 100% desta tua opinião pois não sou daqueles que costuma baixar os braços perante diversas situações que penso que poderiam ser melhor. Mas há uns anos que venho a constatar que neste país é difícil haver concertação entre as pessoas. Veja-se por exemplo um caso crasso, os preços dos comburtíveis e que apesar de mexer numa coisa que os tugas presam (o dinheiro que têm na carteira) não fomos capazes de nos mobilizar e mostrar indignação e fazer pressão sobre algo que TODOS sabem que está errada. Como diz a música dos Deolinda, "vão sem mim que eu vou lá ter" e assim se vai procrastinando o protesto. Tipicamente resignamo-nos à nossa existência e não questionamos as escolhas que tomam por nós. Entendo-te perfeitamente no que diz respeito às rádios e isso sempre foi algo que me irritou. Tanto que neste momento posso dizer que ouço programas (ex a prova oral) e de resto ouço a música que gosto em CD. Há sempre quem tem mais poder (os chamados líderes de opinião) que sempre conseguem ditar o que está in e há sempre as ovelhas do rebanho que adoram tudo o que esteja in, sem sequer formarem uma opinião.

    Bem, a um post longo saiu-me este comentário loooonngggooo =)

    Tiro-te o chapéu (embora não use nenhum) pela tua iniciativa em teres colocados este post aqui (deverias colocá-lo em mais locais) pois usas da tua posição de comunicador com alguma fama (a suficiente) e tens mais influência e chegas a muito mais gente.

    Apoio-te nesta tua iniciativa.

    Bjs,
    FilipaMBG

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  6. Bonito!!!
    depois de ler isto tudo só me apetece perguntar, de onde vem essa inspiração toda?!
    porque pensando bem, tens razão!!
    como seguidor do teu trabalho durante muitos anos, continuo a tentar perceber esse enigma que existe em torno da tua personalidade.
    aquele abraço.

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  7. ver o alvim ter este tipo de discurso da-me algum alento. Ao mesmo tempo sinto que ele é cada vez mais enigmatico.
    Se ha pessoas que fazem tudo por arriscar o minimo possivel sao os politicos, governos e autarquias.
    Acho que é tempo de os artistas se juntarem e virem para a rua ao encontro das pessoas, a noite deveria ser mais livre e mais experimentalista dando às pessoas mais opçoes. da mesma forma que na internet toda a gente tem acesso a toda a informaçao , toda a cultura e todos temos uma oportunidade, tb fora dela isso deveria acontecer.

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  8. Mai nada!!
    Mas não contes comigo que dá muito trabalho.

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  9. Fosga-se Alvim, tanta coisa para dizer "abaixo os tonhós". Formação profissional para os domingueiros da noite já! Vão aos treinos com assiduidade, embebedem-se qb e aprendam a estar sem incomodar.

    Já pensei tantas vezes sobre qual será o problema de Portugal, que às tantas desisti. Ou tenho razão e são mais do que se conseguem contar, ou não tem nenhum e o problema sou eu.

    A malta até por vezes tem vontade de arriscar, mas creio que uma dificuldade é saber em que direcção remar. Estamos no meio do oceano, sem terra à vista, cheios de potencial, com água potável limitada (apesar de pensarmos que vai durar sempre), e não nos mexemos porque não sabemos para que lado fica terra firme.

    Estranho isto num país de navegadores, não é? Esquecemos como orientar pelas estrelas, perdemos o astrolábio e temos GPS mas não há dinheiro para as baterias.

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  10. Olá Alvim!!!
    Tens toda a razão!
    Adorei o teu blog.:)
    Beijos tudo de bom.

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  11. ENTAO GRANDA ALVIM ta td bem... 5 para a meia noite é de mais muito bom mesmo ja faltava um programa destes...
    gostava que visitasses o meu blog serio e um comment nao era pedir muito lol
    www.istupidez.blogspot.com serio visita
    granda abraço

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  12. Olha, 'tava aqui em casa sem nada p'ra fazer, e só por essa boca dos "domingueiros" já nem fui beber um café com a minha amiga...

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  13. Boas Grande Alvim!Concordo plenamente com o que foi dito no post!Eu infelizmente vivo numa zona em que a noite não passa de latinada e caipirinhas a 3euros ou mais!!!(roubalheira)Aliás o ponto alto deste ano aconteceu nas grandiosas Sebastianas de que muito nos orgulhamos em que tu lá foste para mais um grandioso set do MD Alvim!:)
    A minha sorte é que vivo relativamente perto do Porto e aí sim a noite está em grande...
    Atenção a que te segue no twitter de certeza faziam gosto em ser seguidos de volta!Um pouco mais de atenção a quem te admira não custa nada.Passa a palavra ao resto da malta do 5!Grande programa!
    Cumprimentos

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