Existe um síndrome que me enerva e que não é só português. Nem todos os síndromes têm que ser nossos e eu não invejo os países e as cidades que quiseram ter um síndrome só seu, como o de Estocolmo o comprova. Este – do que agora falo – é de todos, e existe em todos os países, mas sobretudo em todos os sorrisos cínicos e acusadores. Refiro-me ao sorriso que invariavelmente dá um jogador de futebol depois de receber um cartão amarelo. E não há nenhum jogador de futebol que não o faça. Pode não fazer de todas as vezes, mas acho que estou em condições de afirmar com a palma da mão estendida em sinal de juramento e verdade desportiva que : 80% dos jogadores de futebol depois de receberem um amarelo, se riem para o árbitro. Isto é: entrada feia por trás do adversário, o árbitro vai ao bolso da camisola e quando exibe – e muito bem - a cartolina ao jogador infractor, em vez de receber uma expressão de desagrado e vil contestação por parte deste, recebe isso sim, um sorriso largo e mil flores. O mesmo sorriso que os políticos dirigem uns aos outros de cada vez que discordam do que o outro terá dito. Os políticos. Os políticos são iguais ou piores a estes jogadores que recebem o amarelo. E porquê? Porque os políticos são o amarelo e na impossibilidade de insultarem o árbitro ou o adversário eleitoral, chamam-lhe nomes cá dentro na esperança de que não ouçam cá fora. Os nomes são esse sorriso. E de cada vez que vejo um sorriso destes na cara de um político, eu ouço os nomes, muito alto, como invariavelmente acontecia ao João Vieira Pinto quando depois de ser ceifado sem misericórdia no relvado, já em pé, pronunciava para êxtase de uma sala cheia, de um café apinhado de gente, em directo para a televisão, olha mamã!, em grande plano, com a boca cheia de raiva e insurgimento , um mais do que perceptível - e senhores como coro agora – um tremendo insulto, esse insulto, com as palavras todas, começa por f sim, à progenitora do jogador faltoso e por cortesia também ao árbitro. E posto isto, o sorriso do cartão amarelo, esse mesmo, que jogadores e políticos fazem a toda a hora, deveria ser sancionado a partir de hoje, com um mais do que merecido, autêntico e sonoro cartão vermelho.
Tuesday, September 08, 2009
O síndrome do cartão amarelo
Existe um síndrome que me enerva e que não é só português. Nem todos os síndromes têm que ser nossos e eu não invejo os países e as cidades que quiseram ter um síndrome só seu, como o de Estocolmo o comprova. Este – do que agora falo – é de todos, e existe em todos os países, mas sobretudo em todos os sorrisos cínicos e acusadores. Refiro-me ao sorriso que invariavelmente dá um jogador de futebol depois de receber um cartão amarelo. E não há nenhum jogador de futebol que não o faça. Pode não fazer de todas as vezes, mas acho que estou em condições de afirmar com a palma da mão estendida em sinal de juramento e verdade desportiva que : 80% dos jogadores de futebol depois de receberem um amarelo, se riem para o árbitro. Isto é: entrada feia por trás do adversário, o árbitro vai ao bolso da camisola e quando exibe – e muito bem - a cartolina ao jogador infractor, em vez de receber uma expressão de desagrado e vil contestação por parte deste, recebe isso sim, um sorriso largo e mil flores. O mesmo sorriso que os políticos dirigem uns aos outros de cada vez que discordam do que o outro terá dito. Os políticos. Os políticos são iguais ou piores a estes jogadores que recebem o amarelo. E porquê? Porque os políticos são o amarelo e na impossibilidade de insultarem o árbitro ou o adversário eleitoral, chamam-lhe nomes cá dentro na esperança de que não ouçam cá fora. Os nomes são esse sorriso. E de cada vez que vejo um sorriso destes na cara de um político, eu ouço os nomes, muito alto, como invariavelmente acontecia ao João Vieira Pinto quando depois de ser ceifado sem misericórdia no relvado, já em pé, pronunciava para êxtase de uma sala cheia, de um café apinhado de gente, em directo para a televisão, olha mamã!, em grande plano, com a boca cheia de raiva e insurgimento , um mais do que perceptível - e senhores como coro agora – um tremendo insulto, esse insulto, com as palavras todas, começa por f sim, à progenitora do jogador faltoso e por cortesia também ao árbitro. E posto isto, o sorriso do cartão amarelo, esse mesmo, que jogadores e políticos fazem a toda a hora, deveria ser sancionado a partir de hoje, com um mais do que merecido, autêntico e sonoro cartão vermelho.
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Olha la oh alvim... será que alguns dos jogadores não gostarão de o receber para no fim ui se vangloriarem que levaram muitos amarelos? :O... sim pk não eram os primeiros a gabar se do mal que fazem...
ReplyDeleteAbraço
há, ainda, aqueles jogadores que tentam beijar o árbitro (na boca) depois do amarelo:
ReplyDeletehttp://www.maisfutebol.iol.pt/2009-videos/serge-die-iraklis-beijo-arbitro-nuno-piloto-maisfutebol/1085550-4775.html
como dizia ontem a Judite de Sousa ontem na prova oral os políticos são profissionais da politica, e jogam e mt, é um jogo psicológico fortissimo.
ReplyDeletee numa coisa tens razão, esta na hora de lhes dar o cartão vermelho.
**
O que é que isso interessa, ó Sr. Alvim?
ReplyDeletehttp://www.meninalusa.com/bujao-do-verao-2009/
Isto sim, "bujões"! Eheh!
quem me dera Alvim! O cartão vermelho empregue também é porreiro porque aí já nem sorriso há, aliás ... ao invés dos amarelos, nos c. vermelhos deviam ser os árbitro a rir-se. Pelo menos a mim, ia-me dar um tremendo gozo fazer isso :D
ReplyDeletegrande JVP!
ReplyDelete"entradas feias, por tras do adversario" é o q se quer!
é mais o sindrome de nao saber perder..
ReplyDeleteEmbora a imagem seja infeliz, saúda-se o post!
ReplyDeletehttp://aguia-de-ouro.blogspot.com/
Desculpem lá ser desmancha-prazeres, mas "síndrome" é um substantivo feminino.
ReplyDeleteE pronto. Agora podem bater-me à vontade.
A mim irrita-me quem tem medo dos amarelos... Arbitros por exemplo.
ReplyDeleteLá de vez em quando é com cada alergia e pegar neles nada!
AGaja
durexaltdelete.blogs.sapo.pt
O mesmo se aplica aos treinadores. Todos os que não dizem asneiradas no banco estão invariavelmente condenados ao fracasso. O Quique, o Queiroz, o Peseiro entre outros. Se não mandam caralhadas volta não volta, não há sucesso.
ReplyDeleteJá tinha reparado nesses sorrisos, por acaso.
ReplyDeletee sai-me do bolso um cartão amarelo, e este é para ti.... porquê? estava eu muito bem na quarta feira a ouvir a prova oral, quando do tema piolhos, passam para a musica do avante (brutal a pssagem lolol).....e pego no meu telemovel angustiada por conseguir ligar (tentativa frustada)para te mostrar o cartão amarelo seguido de vermelho.....ja que aprendeste isso tudo sobre o avante também podias ter aprendido que essa musica se chama "carvalhesa"...
ReplyDeleteok cartão amrelo por não saberes o nome da musica e cartão vermelho por nunca a teres dançado no avante....
Desconsiderando o facto de normalmente escreveres sobre coisas com pouca importância, tenho a dizer, que a cada novo post nota-se mais que tens excelentes capacidades como escritor.
ReplyDeleteDevias investir nisso.
...principalmente quando escreve sobre síndromes.
ReplyDeleteMais do que os amarelos e os vermelhos, lamentei mais a falta de parágrafos neste texto. ?)
ReplyDeleteE agora vou ali para um cantinho morrer de vergonha pelo comentário que deixei no blog do grande Alvim.