Não há país no mundo onde tantas pessoas saibam com tamanha certeza o que vai acontecer a seguir. Aposto que neste momento, muitas pessoas que estão a ler este texto já adivinharam como é que ele irá acabar e só se assim se compreende que o abandonem logo aqui. Daí que não seja de estranhar que tantas pessoas abandonem a meio um filme ou uma peça de teatro ou um concerto ou - muito em particular - uma relação. Precisamente, porque já sabem o que vai acontecer a seguir. E normalmente, isso não será coisa boa.
Em Portugal adivinha-se muito quando as coisas correm mal, mas adivinhar - que presupõe acertar com vidente precisão o que vai acontecer - é um notável exercício, que aqui se pratica, precisamente, depois de ter acontecido. E é um fenómeno muitissimo curioso, sobretudo porque quem já sabe o que vai acontecer, muito raramente, faz alguma coisa para impedir que isso aconteça, porque com franqueza, na verdade, o que se queria dizer é que algo pode acontecer e não – com excepção dos pessimistas ferrenhos – vai acontecer mesmo. Até porque em Portugal não há nada que aconteceu mesmo. Há coisas que acontecem e pronto. Tal e qual como um jogo em que o Benfica ganha por um expressivo 4-0 e que não impede a mesmíssima formação, de uma semana depois, levar na pá com indelével firmeza no campo do vilacondense ou coisa assim. Num caso ou noutro, aconteceu e não há muito mais a fazer.
E assim crescemos a ver os nossos pais a dizerem-nos “ olha que tu vais cair, olha que tu vais-te aleijar!” e acontecendo essa inevitabilidade: - “ Eu não te disse! Eu sabia o que isto ia acontecer!, partindo um simples copo de mesa: “ Eu tinha-te dito, eu tinha-te dito!”, o carro assaltado à porta de casa “ Eu tinha avisado!”, as acções que caíram em flecha “ O que é que eu tinha dito? O que é que é que eu tinha dito?”, o clube marca “ eu tinha a certeza, tinha a certeza!- E em situação de acidente, o lendário e imortal “ Eu já sabia que isto ia acontecer! . E então se sabia, porque é que não fez nada para o impedir?
Porque mesmo sabendo antes, o português gosta de fazer depois para tentar impedir o que já foi feito. O português gosta primeiro de fazer e depois logo se vê. Primeiro, faz-se ( isso é que é o mais importante). E agora, agora com tudo pronto, agora sim, vamos lá ver se isto estará bem feito ou não. Daí que se construam primeiro os estádios e só depois se perceba a sua viabilidade, daí que se gastem milhões de promoção ao nosso país, onde? No nosso próprio país, claro está. Possivelmente para dizer ao turista: “ Não, não está enganado” mas sobretudo para lembrar aos portugueses que foi este o país que nos aconteceu. Mesmo. E não há nada a fazer.
Em Portugal adivinha-se muito quando as coisas correm mal, mas adivinhar - que presupõe acertar com vidente precisão o que vai acontecer - é um notável exercício, que aqui se pratica, precisamente, depois de ter acontecido. E é um fenómeno muitissimo curioso, sobretudo porque quem já sabe o que vai acontecer, muito raramente, faz alguma coisa para impedir que isso aconteça, porque com franqueza, na verdade, o que se queria dizer é que algo pode acontecer e não – com excepção dos pessimistas ferrenhos – vai acontecer mesmo. Até porque em Portugal não há nada que aconteceu mesmo. Há coisas que acontecem e pronto. Tal e qual como um jogo em que o Benfica ganha por um expressivo 4-0 e que não impede a mesmíssima formação, de uma semana depois, levar na pá com indelével firmeza no campo do vilacondense ou coisa assim. Num caso ou noutro, aconteceu e não há muito mais a fazer.
E assim crescemos a ver os nossos pais a dizerem-nos “ olha que tu vais cair, olha que tu vais-te aleijar!” e acontecendo essa inevitabilidade: - “ Eu não te disse! Eu sabia o que isto ia acontecer!, partindo um simples copo de mesa: “ Eu tinha-te dito, eu tinha-te dito!”, o carro assaltado à porta de casa “ Eu tinha avisado!”, as acções que caíram em flecha “ O que é que eu tinha dito? O que é que é que eu tinha dito?”, o clube marca “ eu tinha a certeza, tinha a certeza!- E em situação de acidente, o lendário e imortal “ Eu já sabia que isto ia acontecer! . E então se sabia, porque é que não fez nada para o impedir?
Porque mesmo sabendo antes, o português gosta de fazer depois para tentar impedir o que já foi feito. O português gosta primeiro de fazer e depois logo se vê. Primeiro, faz-se ( isso é que é o mais importante). E agora, agora com tudo pronto, agora sim, vamos lá ver se isto estará bem feito ou não. Daí que se construam primeiro os estádios e só depois se perceba a sua viabilidade, daí que se gastem milhões de promoção ao nosso país, onde? No nosso próprio país, claro está. Possivelmente para dizer ao turista: “ Não, não está enganado” mas sobretudo para lembrar aos portugueses que foi este o país que nos aconteceu. Mesmo. E não há nada a fazer.
Tambem gosto muito de :
ReplyDelete"Estou para ver o que é que vai sair daqui"
A questão é... Que tudo tem inevitavelmente um final, ou bom ou mau.
ReplyDeletee se não se arriscar ficamos estácticos a ver a banda passar e não gritamos sequer porque já sabemos que a nossa voz não se vai ouvir... Mas pode acontecer que a banda pare de tocar e a voz se faça ouvir.
Como normalmente acontece quando se está num sítio com muita gente e que quase não te ouves e tens de falar alto para te ouvires e de repente toda a gente se cala e só se ouve a tua voz no meio do silêncio... É fantástico não é?!
Já dizia o outro:
ReplyDelete“Prognósticos, só no fim do jogo!”
Garfield