O mundo sempre esteve divido entre bons e maus e desde tenra idade pareceu-me desde logo evidente que existia um lobby a favor dos bons: "Vais ser um bom rapazinho!", "Vais ser uma menina muito bonita, não é?". O simples facto de existir um lobby já não é coisa boa, na verdade, é mais coisa de maus. E, Entre os bons, os que praticam o bem, existe uma subcategoria assinalável. Não os bons-maus (que isso não existe) mas sim os bons samaritanos. Isto é, as pessoas para as quais a bondade não tem limites e que muitas vezes são confundidos com os vulgares "Totós". Ora bem, um bom samaritano pode vir a dar um belíssimo "Tótó", do mesmo modo que quem começa a praticar yoga é quase certo que em breve será vegetariano e mais tarde militante da Quercus.
O problema aqui, é que este conceito de bondade parte de um princípio errado, precisamente o que dá a entender que ela possa eventualmente ter limites. E não tem. Pensem numa característica boa: a paciência, por exemplo. E agora digam-me lá quantas vezes já não terão usado a expressão "Tu estás a esgotar-me a paciência" ou "Eu não tenho mais paciência para ti!". Cá está, eis a prova. A paciência (que foi um exemplo absolutamente aleatório) esgota-se, acaba e mesmo as pessoas que mentem dizendo "Eu não tenho paciência" é óbvio que já a tiveram. Quer isto dizer que a bondade tem limites sim, que acaba, que esgota, que a partir de determinado momento, quando estão a abusar "Estás a abusar da minha boa bondade" amua e aniquila-se como se fizesse um perfeito e honroso hara kiri. Ora, a maldade não usa nada disto e como decerto compreenderão, não tem limites. Aliás, os maus costumam até brincar com isso dizendo uns aos outros "O céu é o limite" mas nem isso é verdade.
A maldade, quando bem-feita, o que pode ter é uma coisa muito bonita que se chama: requinte. Requintes de malvadez. E isso é o que distingue o vulgar criminoso de alguém da alta sociedade dos maus: o requinte. Uma forma aristocrata de fazer o mal, mas de modo a que todos comentem isso no dia a seguir com pormenor. Algo como: Mas então Dona Clara, já sabe aqui a do vizinho do lado? Então não é que apanhou a mulher com o amante e antes de lhe dar um tiro no pé, fez questão de lhe mostrar uma t-shirt que tinha vestida que dizia "Eu sei que tens um amante mas diz lá que está t-shirt não é bem gira?" E olhe, primeiro obrigou-a a ler em voz alta e só depois é que lhe acertou em cheio. Uma pena, uma senhora tão nova e já a coxear".
Aqui está: o requinte. Não houvesse este pormenor e não haveria esta maldade boa, esta instrução, esta elegância e criatividade em praticar o mal. Porque o bem pode ser para todos, mas este mal aveludado e com requinte só está ao alcance de alguns.
eh eh eh eh eh eh eh. Que texto!
ReplyDeleteo exemplo do requinte é fantástico!! lol
ReplyDeletesim,mas tb existe um lobby a favor dos maus. ou pelo menos a favor das marias e zé marias por esse mundo fora:
ReplyDeletemau mau mau maria!!
Muito bom:
ReplyDelete"Ora bem, um bom samaritano pode vir a dar um belíssimo "Tótó", do mesmo modo que quem começa a praticar yoga é quase certo que em breve será vegetariano e mais tarde militante da Quercus."
that´s life
ReplyDeletequem pode pode
ReplyDeleteA verdade é que o mal está entre todos aqueles que simplesmente acreditam em alguma coisa, Quando se tem a certeza , quando aquilo que buscamos é tão somente o que mais acreditamos e em que mais depositamos esperança, crença, fidelidade...whatever! Quando esse momento chega. Ai tornamos-nos maus, mais ou menos, não interessa, tranformamos-nos à custa do que acreditamos e ambicionamos! Não acredito que o Hitler tivesse pensamentos genocidas quando tinha cinco, seis ou sete anos. Existe um momento. Quem sabe alvim quando nos partem o coração pela primeira vez.
ReplyDeleteés quase tao bom como eu, só que em versão mais famoso lol
ReplyDeleteaprecio bastante o teu trabalho. acho que o termo técnico pra cena é "fã"
forte abraço
já agora... Não sacas um i-pod a mais na vobis? dava um jeito do catano.
se nao tiveres mais nada que fazer:
www.queroserdeus.blogspot.com
Muito bem Alvim.
ReplyDeleteNovos horizontes e novas perspectivas de vida se abriram na minha vida...lool!
GRANDE ABRAÇO
???Hà várias maneiras de ver uma coisa e intrepretá-la.
ReplyDeleteAconselho a veres o que vou escrever no meu blogue nos próximos dias.
Fica bem []
Ora Viva!
ReplyDeleteEstá aqui um texto muito bom. Está sim senhor. É mesmo caso para dizer "subscrevo" ou "faço das tuas, as minhas palavras"...
Pensando bem, aqui para nós que ninguém nos ouve (até porque estamos a escrever), a bondade é uma coisa muito bonita e gratificante, mas o requinte que a malvadez nos consede, esse dá um gozo do caraças! Dá ou não dá?
Beijo
Ana R.
P.S.: Um dia destes que não tenhas nada para fazer, continua a não fazer nada de interessante e consulta o meu blog, era uma honra receber-te...
é a primeira vez que cá venho. sou novo nestas andanças... mas gostei. muito.
ReplyDeleteaté já!
http://acordobarro.blogspot.com
e já agora... parabéns pela 365!!!
ReplyDeletesão projectos assim que nos fazem acreditar que ainda vale a pena acreditar na diferença.