O gang das mulheres

As pessoas falam numa máfia que existe na noite liderada por poderosos gangs e ainda não perceberam de quem é a noite. Fala-se muito que existem os dealers nocturnos e que é este e é aquele, mas ninguém aponta com toda a certeza. Que comprou um carro, que tem duas estupendas mansões na foz, em cascais, na quinta da lago, que pagou por um jantar mais de 1500 euros só em champagne, que deve andar metido na droga ou no tráfico de armas, que se diz por aí que já teve preso, que já não é a primeira vez que a policia lhe vai ao estabelecimento, que a mulher actual era uma prostituta de estrada e que ele é que a tirou da má vida para a meter numa outra pior, que ela só gosta dele porque ele tem dinheiro, porque ele tem um carro grande vindo da América, que se duvida que o filho seja dele, que ainda ontem o viram em sítios de má fama. E com esta conversa , a pergunta: De quem é a noite?

A noite é delas, não tenham dúvidas. E a haver um gang poderoso na noite, esse gang é das mulheres. Fala-se muito no gang da ribeira ou de Miragaia, mas qualquer um destes gangs metidos ao lado do gang das mulheres para efeitos comparativos, são – aqui vos digo - exactamente iguais ao meninos do coro de Santo Amaro de oreiras. A cantar as janeiras. Com risquinha ao meio e tudo.

As mulheres são o diabo. E quanto juntas, são capazes de fazer uma casa, ou duas, desde que isso não implique acartar cimento. Basta-lhes dançar e estarem juntas para uma casa se fazer com elas. Experimentem fazer isto com os homens e ouvirão logo comentários a dizer que a noite parece a festa da mangueira. Eu já vi noites a serem salvas pela entrada em cena de uma despedida de solteira. Mas nunca pela entrada em cena, dos pauliteiros de Miranda. Por isso é que acho que uma casa se deva construir em função delas. Desde as paredes à decoração, ao dj e à música que passa, as mulheres mandam em tudo. E os homens na noite têm que estar caladinhos e com as mãos quietas. Olhem só para o exemplo das casas de strip masculinos e reparem na colossal diferença para as delas: isto é, para nós, a striper põe-se para ali a ferver, chega-se perto, mexe no botão das calças e ai de quem toque na rapariga – Deus credo, virgem santíssima - que é de imediato expulso e coberto de alcatrão e penas. Enquanto se forem elas numa sessão de strip masculino, aí tudo muda: podem tocar, tirar fotos, ir para o quarto e até se quiserem em cima da mesa, que não há qualquer problema. É isto justo? Não é. Há alguma coisa a fazer? Não há, não senhor.

Daí que eu compreenda que alguém que esteja decidido em fazer vida à noite, mude de sexo. Eu se tivesse disposto, mudaria. E Sem qualquer hesitação. Reparem, partindo do principio que um homem sai duas vezes por semana – que é mentira, um homem que faz vida à noite sai mais vezes - e que em cada uma delas gasta 20 euros em bebidas, isto multiplicado por 54 semanas e fazendo as contas aqui num instantinho, dá para pagarmos a operação em pouco mais de um ano. Mas duvidam disto? façam lá as contas que eu espero. 54 vezes 40 ( 2 noites)= 2160. Pronto,se calhar demora mais um bocadinho. Mas é mais um ano, menos um ano. O Gang das mulheres que se cuide.