Porquê ler um texto que foi escrito para ser interpretado por actores?
Ora, basicamente, por questões orçamentais. Quer dizer, embora o Frederico Pombares e o Henrique Dias (nos episódios televisivos) e o Bruno Nogueira e o Miguel Guilherme (na adaptação teatral) tenham estado à altura, ao lermos este texto em silêncio e na solidão do nosso T0+1, podemos imaginar nestes papeis os actores que nos apetecer sem ter que passar semanas a negociar honorários com os respectivos agentes e sem ter que lhes aturar os caprichos de vedeta. Melhor: podemos imaginar-nos a contracenar com o nosso actor ou actriz preferida e inclusive apontar-lhes falhas - «Jolie, hoje não estás concentrada, porra» -, rectificar imprecisões do realizador - «Ethan, tiraste o curso na Moderna, foi?, aposto que o teu irmão fazia isto melhor» -, e ser megalómano nos cenários sem entrar na fila para um subsídio.
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