Que me perdoem os jovens do Restelo, mas os velhos são o futuro de Portugal. E falo a sério. Não há país no mundo que trate pior os nossos velhos do que o nosso e basta viajarmos, atravessar o atlântico, para ainda da janela do avião, perceber como estes são tratados. Nas mãozinhas . Pelas mãozinhas que é assim que deve ser. Os jovens deviam ouvir melhor os nossos velhos, porque eventualmente quando chegarem à sua idade, já não os poderão ouvir. Porque a maioria terá morrido, porque agora são eles que não ouvem. E digo isto sem ironia. Muitos dos velhos, dos nossos velhos repito, não ouvem, não porque não possam – podem pois - mas sobretudo porque não precisam. Quem tem uma vida não precisa de ouvir, mas merece justamente que a ouçam. Só isso. E nós devíamos ouvir os nossos. Em respeito pela vida toda que viveram e nós não temos, em sinal de absoluto reconhecimento pelo caminho que nos abriram sem que mexessemos uma palha, por terem ido à frente, dando corpo às balas como se fossem os filhos mais velhos. Os nossos velhos, são os nossos irmãos de maior idade. E devemos-lhes isso. Se for preciso, baixando as orelhas.
E contudo, há jovens que se armam em velhos, fingindo não os ouvir. Que triste é. A surdez dos jovens é mil vezes pior do que a dos velhos, por isto mesmo. Porque podem ouvir, mas não querem. Os velhos – os nossos velhos caramba – são o futuro deste país porque o conhecem ora bolas. Os jovens só conhecem o passado e o presente, porque o futuro ainda não lhes está reservado e pode até ser que nem chegue a eles, porque o futuro não chega a todos, mas apenas a quem tem uma vida.
Daí que queira aqui dizer que os ouço e os respeito e acredito que este país não é para novos. Este país é deles, é dos novos velhos e é para eles que deveríamos criar um programa de novas oportunidades. Ouçam, não me parece mau se o Pedro Abrunhosa acabar como arrumador de cinema . Mau é perceber que estão a arrumar os nossos velhos, sem que haja nenhum filme para ver. E no dia em que percebermos isto e aproveitarmos os nossos velhos, fazendo que não se demitam tão cedo, que nos ajudem, que não vão para casa porque precisamos deles, nesse dia ou amanhã se quiserem, o futuro já não será só deles, mas justamente de todos os que os souberam ouvir.
Palavras sábias, meu caro. Estou contigo. A minha avó está sempre a dizer: "Aprende comigo, que não duro sempre." Penso que é tendo presente esta mensagem que ouço os mais velhos... embora não tenha sido sempre assim. Coisas da adolescência! Mas, agora que adulta e com alguns palmos de testa... há que saber viver!
ReplyDeletea verdade é q me impressionas sempre q falas a sério.
ReplyDeleteGostei de ler. Transcreves e escreves muito bem a triste realidade. :)
ReplyDeleteEm plena Juventude reconheço a sua importância, pois conhecem a vida como ninguém, e daí têm grandes lições a dar aos menos experientes desta vida.
ReplyDeleteE é por esta falta de audição, que tantas histórias ficam por contar, que tanta sabedoria dá espaço ao silêncio.
ReplyDeleteÉ o espelho da arrogância de quem acha que tudo sabe, e que ninguém mais nos pode ensinar, muito menos aqueles que andam de bengala e que passaram a vida a semear batatas em vez de estudarem o que vem nos livros.
Concordo com tudo e isto gerou uma auto reflexão.
Aplausos. De um jovem que quer ser velho.
ReplyDeleteboss
ReplyDeleteboss
ReplyDeleteO país vive numa dormência doentia e é incrivel como as camadas jovens se desinteressam tão facilmente pelo país e inerentes problemas. -.-
ReplyDeletePois é... Ando de transportes públicos diariamente e infelizmente assisto a essa incapacidade de as pessoas se ouvirem umas às outras e, sobretudo, de respeitarem o livre arbítrio do outro, daquele que hoje em dia não tem oportunidade de se exprimir sem ser apedrejado porque rotulado de invalidado, como um bilhete não obliterado.
ReplyDeleteSaudações :).
ha bom...!
ReplyDeleteestá genial Fernando Alvim. Cumprimentos e muito muito sucesso :))
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